Nesta quarta-feira, a última escola do dia, em uma fantasia simples mas que passava o recado que queria. A décima quarta ala que veio à Sapucaí pela escola foi a das baianas, com o título de “Jurema tem a Cura”. Maria Madalena, desfilante da Sossego há mais de 10 anos, relatou, em entrevista para o CARNAVALESCO, o que achou do resultado final da fantasia.
“A fantasia veio leve, e ótima para um desfile perfeito. Com cores vibrantes e dando destaque ao verde que é para os espectadores poderem remeter à Jurema. O figurinista pensou bastante no lado de quem desfila e pôde planejar uma fantasia em que fosse rica mas que não nos impediria de fazer a merecida festa no desfile. Concluindo, no quesito fantasia, as baianas estão nota 10”, cravou.
O figurino assinado por André Rodrigues, trouxe para o desfile a árvore sagrada, Jurema. A planta da família das leguminosas é comum no Nordeste brasileiro e têm princípios psicoativos. Esta planta tem muita importância no culto espiritual dos caboclos e, também é usada na Região Norte do Brasil, tanto que dá nome a um culto chamado de “Culto à Jurema”. No desfile da azul e branco, as baianas representaram a cura do mundo, em que Jurema tem a cura e o axé. É importante trazer a representação desta árvore para nosso desfile, pois em suas folhas estão os segredos para a cura das doenças que tanto nos deixam aflitos e depois dos últimos anos que enfrentamos, é importante trazer o assunto cura para a Sapucaí, mostrar que sempre existe uma luz no fim do túnel, comentou Rosângela Salvador baiana da Sossego.
A ala da Escola niteroiense, conta hoje com Lúcia Maria Rêgo, a baiana mais antiga com seus 75 anos. Nos primeiros anos das escolas, só homens saíam neste setor da escola. Porém, hoje em dia, sua evolução e a riqueza de seus trajes sempre emocionam o público. A composição da fantasia conta com uma saia rodada, bata, torso e pano de costa. Ao longo desses anos foi cada vez mais se adaptando ao enredo, virando noivas, estátuas, animais e até mesmo seres espaciais. Lecy Vicente, que desfila na Sapucaí há 15 anos, discursou em entrevista para o site sobre como é desfilar em uma das alas de maior destaque da escola.
“A sensação é diferente de qualquer outra. Parece que nós tiramos força de nem onde sabíamos que tínhamos para dar nosso melhor no desfile. Nós desfilamos nessa ala para sempre deixar a memória latente das tias que lutaram e ajudaram o samba a ser o que é hoje. A ala das baianas, é a única ala que é atemporal, podem falar o que quiser mas sempre lembrarão de como as baianas vem, em qualquer desfile”, disse.