A Viradouro, atual campeã do carnaval carioca, levou um baque após o título em 2020. Em abril, o barracão sofreu um incêndio. No início da pandemia, a vermelho e branco não pode comemorar sua conquista com a comunidade e ainda teve que reformar todo o espaço de produção do seu desfile. Mantendo sempre o bilho no olhar, como diz seu lema, a agremiação de Niterói não baixou a cabeça, pelo contrário, ele segue com muita vontade e quer ser novamente campeã. Um bicampeonato consecutivo no Grupo Especial do Rio de Janeiro não acontece desde 2008, quando a Beija-Flor conquistou em 2007 e 2008. Para isso, a fênix foi adotada oficialmente como mascote, o barracão foi totalmente recuperado e com diversas mudanças e os ensaios começaram na última terça-feira e dia 14 de novembro está programado o primeiro treino na Avenida Amaral Peixoto, no Centro de Niterói.
“Foi um grande susto (incêndio). Ficamos ao mesmo tempo extremamente desesperados e aliviados porque ninguém se machucou. Durante muitos dias, viemos para cá, limpar o barracão e aprendendo sobre incêndio. Tinha uma particularidade que não sabia. O que o fogo não destrói, a água destrói. Tivemos que usar uma quantidade significativa do prêmio do título do Carnaval 2020. Conseguimos refazer o barracão. A obra durou quase oito meses, teve que ser feita, dentro do que era possível, devido aos cuidados com a pandemia. Tivemos que refazer toda parte elétrica. Foi uma tristeza entrar e ver tudo queimado. Perdemos todos os documentos que estavam aqui. O andar inteiro do administrativo foi perdido. Toda parte de RH. A taça de 2020 não estava, mas a de 2019 sim. Ela ficou toda queimada, mas decidi não mexer. A escola adotou a fênix como símbolo. Ela representa tudo que vivemos. Traduz bastante nossos últimos anos”, disse o presidente Marcelinho Calil, que revelou uma situação intrigante vivida após o incêndio.
“Tudo em volta pegou fogo, mas é inacreditável que a imagem da santa ficou intacta. Não tem como explicar”, contou Calil
Na reforma do barracão foram feitas mudanças importantes para o processo de produção do desfile. Uma das novidades é um espaço no quarto andar que simula o local de apresentação para um jurado. Ali, o casal de mestre-sala e porta-bandeira, Julinho e Rute, vão poder ensaiar, além dos integrantes da comissão de frente da escola.
“A sala dos carnavalescos passou do primeiro para o terceiro andar. O segundo andar foi pouco afetado. No primeiro andar, em uma das alegorias e um tripé, tivemos que fazer uma reestruturação completa. Todo o terceiro andar nasceu do zero. Colocamos uma parte de serviço, uma sala para TV Viradouro, os banheiros e uma copa para agregar, um espaço também para trocarmos ideias, tomar um café. Temos a sala de reuniões, a gente sentia falta de uma sala maior para isso. Os carnavalesco vão ter acesso direto visualmente para pátio, como os diretores de carnaval”, explicou o presidente da Viradouro.
Os carnavalescos campeões de 2020, Marcus Ferreira e Tarcísio Zanon, aprovaram todas alterações no barracão. “A nossa sala tinha problema de ruído e também pela questão de privacidade. Determinados assuntos precisamos conversar com o presidente. Agora, está bem melhor. Podemos ver nosso carnaval de cima. Nossa antiga sala será uma parte de ateliê de adereços para nossas alegorias”, disse Marcus. “A sala de criação mantém o projeto resguardado”, completou Zanon.
Reencontro mexe com a comunidade
Na última terça-feira, a Viradouro abriu sua temporada de ensaios de quadra. Nos preparativos para o desfile de 2020, a vermelho e branco foi a agremiação que mais ensaiou e o resultado foi visto na Avenida, em uma apresentação muito bem feita nos quesitos Evolução e Harmonia. Fora quase 40 treinos, entre atividades na quadra e na rua. Agora, o reencontro com os componentes, após quase dois anos de afastamento, mexeu com a comunidade.
“A gente estava entalado. Não conseguimos comemorar nosso título. Tivemos muitas perdas com a pandemia e ficamos tristes demais. Agora, tivemos o reencontro. Foi um grito de alegria. As coisas estão cada vez melhores, estamos nos cuidando, e o tempo requer que a gente reinicie os ensaios. Queremos ensaiar e gritar muito para botar para fora todo esse tempo. O nosso samba é uma carta de amor. A comunidade vai cantar com sentimento. Seremos muito cobrados na Sapucaí por sermos campeões”, afirmou Marcelo Calil, presidente de honra, em entrevista para TV Viradouro.
“É nosso primeiro ensaio. Temos um caminho não tão longo até o desfile. Temos trabalho pela frente. Tenho certeza que a comunidade vai corresponder. A escola vai fazer um grande desfile. Gostei bastante de hoje. Foi o melhor primeiro ensaio desde quando chegamos na escola”, finalizou Marcelinho Calil.