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Anderson Morango, porta-bandeira: ‘Fora do carnaval, ninguém procura saber como está o pobre, a vida dele’

Personagem da série 'Carnaval de Todos', o porta-bandeira do Sossego fala da quebra de barreira no posto, preconceito e de posicionamento político dos sambistas

Anderson Morango fez história no carnaval. Conduziu como porta-bandeira o pavilhão do Acadêmicos do Sossego nos dois últimos carnavais. Personagem da série “Carnaval de Todos”, ele contou o que representa a folia em sua vida.

“O carnaval na minha vida é um momento mágico, onde as pessoas extravasam aquilo tudo que está dentro de cada um, onde são libertas, são o que querem ser. O carnaval na minha vida representa liberdade, amor e paixão”.

Morango explicou que dentro da escola de samba, através do carnaval, ele consegue ter voz, ou seja, é o seu lugar de fala.

“É o maior espetáculo a céu aberto do mundo. Onde todos param para escutar o pobre e o periférico. Onde conhecem as histórias das comunidades e dos seus representantes. Porque fora do carnaval, ninguém procura saber como está o pobre, a vida dele. Só no carnaval viramos reis e rainhas desse grande reino encantado”.

Dentro do carnaval, Morango acha que pode mudar muita coisa, pois acredita que não é preciso seguir padrões e nem ter rótulos.

“O carnaval nunca teve um padrão, desde quando começou é assim. Dizem que rainha de bateria só pode ser gostosa, porta bandeira tem que ter cara de boneca. Muitas escolas não se preocupam com o talento, só com a imagem e o corpo para vender para a mídia. Precisamos acabar com os rótulos”, pontuou.

O porta-bandeira, destaca que já sofreu inúmeros preconceitos por ser quem é e por exercer a função que exerce na Sossego.

“Quando fui anunciado porta bandeira da Acadêmicos do Sossego, fui apedrejado de diversas formas. Mas, levantei a cabeça e segui firme. Sou negro, gay, pobre e não sou famoso. Um ataque de volta, era tudo o que as pessoas queriam, para poder me alvejar mais ainda. Não me tornei porta-bandeira para aparecer, eu realizei um sonho de vida. Hoje em dia, tenho muito mais cautela para retribuir os ataques, de forma elegante e sempre com muita alegria”, confessou.

Sobre as questões políticas e sociais do Brasil, Anderson diz que os sambistas precisam se posicionar e estarem na política.

“Precisamos tirar a imagem do sambista burro, sem instrução. Porque muitos acham que o sambista, por sua maioria morar em comunidade, não são formados, não tem diploma. Nós temos grandes sambistas que levantam a bandeira da igualdade e do respeito. Militamos diariamente com isso. Eu mesmo, estou vendo alguns caminhos futuros, quem sabe na área da política, para militar pelo que defendo, pelas pessoas que acredito. Não levanto somente a bandeira LGBTQ+, mas levanto a bandeira do ser humano. Por isso, é de extrema importância, o sambista ser envolvido com a política e entendê-la”, disse ele.

Morango afirma que o caminho é feito por cada um e deve ser realizado sem medo.

“Não devemos ter medo de nada. Tenha voz, somos cidadãos e temos direitos de se expressar, sem afetar a vida do próximo. Se tiver vontade, faça. Não temos que ser o que a sociedade quer que sejamos, devemos ser o que queremos, pois isso nos faz felizes, nos da paz no coração e identidade”, garantiu.

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