O desfile das Escolas de Samba do Grupo de Acesso B chegava quase ao final. Ainda faltavam quatro ou cinco agremiações a se apresentar. As arquibancadas do Sambódromo estavam completamente vazias, já naquela melancólica manhã de Quarta-Feira de Cinzas. O sol chapado, derretendo o concreto.

Consternado com o público que permanecia de pé no Viaduto São Sebastião acompanhando o desfile, o então locutor da Avenida, Jorge Perlingeiro, resolveu mexer com a sensibilidade do secretário de Turismo, Trajano Ribeiro:

– Secretário, libera a entrada dos “Unidos da Ponte” – apelido que se usava para rotular o povão do viaduto.

O secretário ainda levou um bom tempo para decidir se liberava ou não. Como o Carnaval já estava se despedindo e a Prefeitura não pretendia mais vender ingressos, acabou se decidindo. Disse ao locutor:

– Tá legal. Pode deixar o pessoal entrar.

Radiante com a decisão, Perlingeiro abriu o som do microfone e avisou aos “Unidos da Ponte”:

– Atenção, pessoal! A Riotur decidiu abrir os portões da Passarela e está convidando vocês a ocuparem os setores de arquibancadas.

Perlingeiro lembra que ninguém deu bola. Apenas um magricela se limitou a levantar o polegar, agradecendo em nome de todos:

“Valeu, mas aqui está melhor.”

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