Os compositores Martinho da Vila e Manu da Cuíca participaram do programa “Gerações do Samba”, que estreou na segunda-feira e é comandado pelo jornalista Leonardo Bruno. O presidente de honra da Vila Isabel e enredo da escola para o Carnaval de 2022 falou sobre o modelo antigo das disputas de sambas-enredo e o que vem acontecendo nos dias atuais.

“Hoje, o compositor faz o samba para ganhar. Ele já pensa logo no refrão. Isso virou um padrão. Quase todos os sambas-enredo das escolas são feitos pelos mesmos compositores. Quando alguém tem coragem de fugir da fórmula ele se dá bem. Pensam muito em empolgar a plateia. O samba-enredo, principalmente, ele tem que emocionar. Antigamente, era muito saudável. Sempre gostei de disputar samba-enredo. Já disputei muitos, ganhei muitos e perdi muitos, tudo na boa. Perder samba-enredo é um negócio muito terrível. Se você cai na primeira ou segunda rodada, senão você vai se entusiasmando. Se perder na final, você quer morrer. Não há quem não diga que teve injustiça ou roubo. É sempre muito tenso. Fazer samba-enredo é muito difícil. Ele é para ser cantado coletivamente”, explicou.

Martinho lembrou dos sambas que perdeu e que gravou mesmo não passando pela Passarela do Samba.

“Quando você perder a disputa, você pensa que não pode mostrar uma ideia nova. Por exemplo, fiz um samba-enredo sobre Iemanjá (Vila 1978 – “Dique, um mar de amor”) e imaginei a Vila fazendo uma romaria pela Avenida. Fiz uma coisa leve. Quando o samba caiu toda aquela fantasia imaginada se desfez”, afirmou Martinho.

Manu da Cuíca enalteceu inovações levadas por Martinho da Vila para os concursos de sambas-enredo.

“Acho isso incrível. Não é só seguir a receita de bolo. O samba tem que funcionar na quadra, por 4 mil coristas, tem que dar certo de tanto jeito que achar espaço é bem-vindo e aí vemos a ousadia muito grande que é inovar”, disse a compositora que vem se destacando nas disputas da Estação Primeira de Mangueira.

Veja abaixo o programa completo:

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