Apesar da pandemia da Covid-19 não cessar no Rio e nem no Brasil como um todo, a vida começa a ganhar ares de normalidade, com a retomada das atividades e o retorno de muitos trabalhos ao modelo presencial. No universo do carnaval não é diferente. Nesta semana, a Liesa decidiu que, caso haja vacina até lá, os desfiles de 2021 irão ocorrer entre os dias 08 e 11 de julho. Casais de mestre-sala e porta-bandeira já voltaram aos ensaios. Anteriormente, o site CARNAVALESCO conversou com Diogo Jesus e Bruna Santos, da Mocidade Independente, além de Daniel Werneck e Taciana Couto, da Grande Rio, para falar sobre o retorno destes casais aos ensaios presenciais. Desta vez, o bate-papo é com outra dupla que também já voltou aos treinos juntos: Marcinho Siqueira e Cristiane Caldas, responsáveis por defenderem o pavilhão principal da Unidos de Vila Isabel.

“O que levou a gente a tomar essa decisão de retomar os ensaios foi a saudade, primeiramente, e a necessidade. A gente já estava há muito tempo parado. O martelo foi batido agora, mas a princípio eles (a Liesa e os dirigentes das escolas) tinham colocado como janeiro para isso acontecer, para a gente saber se teria carnaval ou não, e estava chegando o prazo. Já estamos em novembro e a Vila começou a se movimentar também. Até então, nossa escola estava parada, a gente não via muita necessidade de estar trabalhando, de fazer algo sem a perspectiva de uma volta definitiva. Com a retomada do processo todo do carnaval na escola, de uma forma em geral, a gente viu a necessidade de voltar, de começar devagarzinho, esperando que o carnaval realmente aconteça. E, logo no nosso primeiro dia de ensaio, a Liesa já bateu o martelo! Oremos, começamos bem, e vamos que vamos”, afirmou Marcinho.

“Muitos foram os fatores que nos motivaram. A escola já esta aos poucos retomando algumas atividades, por exemplo. Mas o principal motivo desta volta aos ensaios é a falta que o corpo sente de dançar, de se movimentar. Estávamos acostumados com essa rotina durante o ano”, completou Cristiane Caldas.

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Por conta da pandemia da Covid-19, a volta aos ensaios presenciais exigem uma série de cuidados. Para evitar o contágio pelo novo Coronavírus, medidas como o uso da máscara de proteção se tornaram fundamentais. “Estamos tomando todos os cuidados necessários, como álcool em gel a todo o momento, além da limpeza necessária de todo local e material utilizado”, destacou Cristiane.

Marcinho citou a mudança de ter de lidar com as medidas de prevenção na prática da dança. “A academia em que ensaiamos está bem focada na proteção dos alunos. A gente ali está seguindo os protocolos deles”.

Devido aos meses parados, por conta da quarentena, a falta de ritmo é outro obstáculo para dupla.

“Mesmo com toda sintonia que existe entre nós, ficamos bastante tempo parados, então é começar devagar pra retomar o ritmo. Voltar aos treinos juntos é ótimo, porque um dá apoio e suporte ao outro. No início da quarentena até a metade, confesso que não fiz nenhum tipo de atividade, me dei um descanso dessa cobrança, mas logo eu consegui alugar uns aparelhos que eu pudesse estar fazendo exercícios em casa mesmo e fui retomando aos poucos”, relatou Cristiane.

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“Assim como a maioria das pessoas, eu achei que a pandemia iria durar duas semanas. Então, acabei relaxando e engordei. Fiquei de um jeito que eu nunca tinha ficado antes, em toda a minha vida, em relação ao corpo. E a partir de um momento percebi que tinha de me segurar, porque na hora que as coisas voltassem a funcionar, como é que eu iria estar? Foi aí que comecei a fazer algumas atividades em casa”, contou Marcinho.

Devido a estes desafios, a ausência de um samba oficial para o próximo carnaval não é algo que afeta aos ensaios da dupla. “Nesse início, o samba em si não é de grande relevância, porque a gente precisa voltar a forma primeiro. Para isso, não precisa de samba definido, não tem coreografia, nem nada disso. A ideia é a gente dançar solto, buscar o improviso, fazer realmente o nosso cérebro e o nosso corpo voltar a essa realidade da dança. E eu acho que essa volta vai ser ainda mais trabalhosa, porque a gente nunca ficou tanto tempo sem dançar. A gente geralmente fica, no máximo, dois meses parados. Vamos trabalhar bastante a questão do corpo, a parte física. E apesar de já estarmos fazendo outras atividades, a dança realmente, os movimentos específicos, são o nosso foco agora”, assegurou o mestre-sala.

“Nosso ensaio não é baseado somente no samba campeão do ano, ensaiamos o samba do último carnaval e outros que nós possamos vir a dançar na quadra ou em uma apresentação. Depois que o samba é escolhido, nós focamos em trabalhar só nele e sempre montamos nossa coreografia de desfile e quadra. E isso serve para todos os anos”, disse a porta-bandeira também.

Questionados pela reportagem do site CARNAVALESCO sobre a definição da data para os desfiles do ano que vem, que ocorreu nesta semana, Marcinho Siqueira e Cristiane Caldas encararam como algo positivo.

“A notícia é maravilhosa. A gente sabe que há a necessidade de uma vacina ainda, mas é torcer para que ela saia logo e que todo o processo da realização do carnaval aconteça normalmente. A gente espera que isso ocorra o mais rápido possível”, declarou Marcinho.

“Estávamos nervosos para essa decisão, isso é um fato, mas desejo que essa vacina possa aparecer o quanto antes para que tudo possa acontecer da melhor forma. Ainda não sabemos como vai funcionar esse desfile no meio do ano, como vai ser o desenvolvimento de tudo isso, ainda tem muita coisa pra ser pensada. Quanto a previsão de data, temos um tempo pra pensar, nos adaptar a esse novo que está por vir, e acredito que será lindo, feito com todo amor de todos nós sambistas”, garantiu Cristiane.

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