Por Milton Cunha, Victor Raposo, Thiago Acácio, Reinaldo Alves, Tiago Freitas e João Gustavo Melo
“TRAVA NA BELEZA: Imaginários sobre o destaque de luxo de escola de samba”, que será publicado no Dossiê da Revista Policromias do LABEDIS, Museu Nacional da UFRJ, com Editoria de Tania Clemente.
Para chegar aos núcleos temáticos, fizemos uma série de entrevistas que passamos a publicar no site CARNAVALESCO, duas vezes por semana. Este material acabou não entrando no corpo do texto, por limitação de espaço, e não queríamos deixar de mostrar. É uma homenagem aos esforços destes luxuosos personagens que habitam nossos sonhos de folia! Viva os Destaques de Luxo, mensageiros do glamour.
Robson Garrido – Vila Isabel
O que você imagina que a plateia imagina quando te vê passando na avenida durante o desfile?
Robson Garrido: No primeiro momento, a beleza da fantasia que impacta o olhar da plateia, somada a representatividade do personagem ao enredo.
Gostaria de saber como surgiu o seu interesse em ser destaque de luxo? Quando e como foi o seu primeiro desfile nesse posto? Como e quando foi a sua chegada na Vila Isabel? Já desfilou em outras agremiações nesse posto? Se sim, quais?
Robson Garrido: Me considero um destaque luxo performático. Retornei aos desfiles após alguns anos fora do desfile mais sempre na folia. Cheguei na Vila Isabel em 2019. Quando a escola vinha falando da minha cidade Petrópolis e recebi o convite para vir representando D. Pedro. Desfilo no meu império da tijuca como primeiro destaque e já desfilei na Estação Primeira de Mangueira e Unidos da Tijuca.
Como é o seu planejamento para desfilar? Qual o seu papel na concepção e elaboração da fantasia? E como é a relação do carnavalesco nesse processo?
Robson Garrido: Meu planejamento não é muito complicado, pois tenho apoios, bons profissionais que me cercam e local dentro da Sapucaí para me arrumar. Meu papel na concepção é apenas acompanhar a execução para que fique como eu gosto. Já que eu mando confeccionar em um ateliê em Macaé.
E em relação ao personagem/papel que você vai interpretar no desfile. Você faz alguma preparação corporal, nos aspectos de gestual e de semblante? Como que você “encarna” aquilo que está vestindo? Como interioriza a personagem que está representando?
Robson Garrido: Preparação de uma boa maquiagem com um dos melhores profissionais em maquiagem artística. E, na hora do desfile, sai o Garrido entra o personagem. O grande respeito ao que me foi confiado.
Você tem apego com as fantasias? Como lida com a ideia de que ela será vista em pouco tempo pelo público?
Robson Garrido: Apego nenhum. Faço para aquele momento. Entra o meu prazer com o melhor a apresentar ao público, principalmente ao que fica na arquibancada e que chega cedo sem conforto aguardando a sua agremiação de coração.
Pra você, o que faz uma fantasia de destaque se eternizar na mente de quem assiste os desfiles? E o que faz um destaque se distinguir dos demais destaques de luxo do carnaval?
Robson Garrido: A proposta do personagem, a execução da roupa, faz que marque quem está assistindo. Acho que cada destaque tem a sua representatividade e sua importância sua luz própria.
Tem alguma fantasia ou fantasias por qual você sempre é lembrado (a) ou que tenha se tornado inesquecível para as pessoas? Se sim, por qual motivo isso aconteceu?
Robson Garrido: Sim. Foi no ano de 2017. Mangueira abre alas. São Lázaro, todo caracterizado. Foi um impacto.
Você considera o luxo essencial para a festa? Se sim, por qual motivo?
Robson Garrido: Considero o luxo sempre essencial não só no carnaval. Mais também faço uso de materiais alternativos.
Antigamente, cada destaque vinha em uma alegoria. Hoje, com a diminuição do número de carros, isso tem sido menos frequente. Como você enxerga essa mudança? É um problema pra você dividir a atenção do público?
Robson Garrido: Problema algum. É uma festa democrática, o brilho será para todos sempre.
Pra você o que a figura do destaque simboliza para os demais componentes da escola? E como é a relação deles com você?
Robson Garrido: Simboliza o luxo, o complemento de uma alegoria. Ótimo relacionamento com o pavilhão.
O carnaval vem passando por uma crise financeira e muito se fala que as escolas precisam voltar às suas raízes. Você acha que a comunidade se sente representada quando vê vocês nos dias de hoje? Sentiu alguma mudança na relação entre você e a comunidade nos últimos anos?
Robson Garrido: Nunca senti mudança alguma. Pelo contrário, sempre todos muito solícitos.
Você falou, na resposta ao Milton, sobre os olhares de impacto com a beleza da fantasia pelo público. Conte mais um pouco sobre esse momento de troca entre você e quem está te contemplando?
Robson Garrido: Quando toca a sirene e nos preparamos para entrar ali, eu deixo incorporar o personagem e levo a quem está assistindo todo respeito que tenho ao pavilhão que estou representando, agregado a beleza pois bom gosto é fundamental.
Com quanto tempo de antecedência você chega no sambódromo? Em qual tipo de carro você chega? Quantas bolsas você carrega? Como são feitas essas bolsas? Tem pessoas para dar apoio? Na hora que chega e vê as alegorias desmontadas, de tarde, muito antes de qualquer pessoa, o que você sente? O que você pode contar desse processo de montagem e depois de desmontagem da alegoria? Sente tristeza de jogar lá de cima os plumeiros? Como é essa sensação?
Robson Garrido: A minha chegada geralmente é quando está começando a primeira Agremiação a desfilar. Lógico dependendo da colocação de desfile que a Escola que eu vou sair. Tenho local na Sapucaí para deixar todo meu material e fazer a produção. Vou para a Sapucaí de metrô, já que fico na Tijuca. Tenho 02 apoios. A tarde vou fazer a vistoria do carro do queijo do santo Antônio. Estando tudo ok volto para casa. Caso tenha algo diferente procuro algum diretor responsável no local. O processo de montagem a sensação do nascimento de um filho, a desmontagem a sensação do dever cumprido. A desmontagem da arte plumaria quando tem deixo os apoios responsáveis e já me retiro de toda correria na dispersão.