O enredo “O Santo e o Rei: Encantarias de Sebastião” tinha a proposta de apresentar os entrelaços místicos que cruzam a vida do Rei Dom Sebastião com o santo São Sebastião. Os julgadores do quesito despontuaram a escola (foram cinco notas 9.9) pela falta da presença do segundo personagem da história, o Santo, que para eles ficou esquecido e não teve o mesmo destaque que o outro. Esse foi o problema de concepção que os jurados pontuaram porém elogiaram o trabalho do carnavalesco João Vítor.
Johnny Soares tirou um décimo por conta do problema de divisão do enredo, o Santo fica esquecido entre o segundo e quarto setor, aparecendo novamente no último, quando o Rei fica em segundo plano.
“Concepção: Enredo de densidade cultural ao contar a história do rei Dom Sebastião em associação ao Santo São Sebastião, apontando coincidências entres os dois personagens. Embora o título do enredo seja “O Santo e o Rei: Encantarias de Sebastião”, nota-se um certo desequilíbrio na importância da figura do Santo ao longo da roteirização, sobretudo nos setores 2, 3 e 4, como se este fosse apenas um coadjuvante para o protagonismo do Rei Dom Sebastião. Outrossim, no último setor é a figura do monarca que é praticamente esquecida, passando a ter destaque o Santo. Essa divisão fragmentada dos dois personagens enfraquece a narrativa e o seu encadeamento”.
Para Artur Nunes Gomes, a proposta não se realizou plenamente.
“A proposta de “cruzar as vidas e trajetórias de São Sebastião e Dom Sebastião, ligados por uma série de coincidências místicas”, não se realizou plenamente. A existência de cinco setores dedicados ao Rei, inclusive com a inserção de um setor sobre movimentos messiânicos que atualizaram o sebastianismo no Nordeste brasileiro resultou em nítida desproporção no tratamento dos dois personagens que dividem o protagonismo do enredo, tendo sido reservado à representação do Santo Padroeiro de cidade apenas o último setor do enredo”.
“O argumento não é assertivo em relação a São Sebastião (“santo”) Quando reserva pequeno espaço a ele no desenvolvimento do enredo em contraste com o espaço dado a Dom Sebastião (“Rei”). A história do santo não é consistentemente contada, resumindo-se à ala 26. Faltou um elo de referência, que ligasse de forma clara os cinco setores anteriores ao setor 6. Concepção (-0,1). Em relação a história e ao misticismo do rei, o enredo demonstrou-se preciso, com contundente pesquisa histórica é muito bela realização plástica-visual. Parabéns”, justificou Marcelo Figueira.
Marcelo Antonio Masô apontou a desproporção da abordagem que, para ele, prejudicou a compreensão do enredo.
“A aguerrida agremiação do bairro de São Cristóvão escolheu como objeto de seu enredo o “Santo e o Rei: Encantarias de Sebastião”. Neste sentido, a justificativa apresentada para o enredo, vide página 186, do livro “abre-alas” é clara ao mencionar que o enredo “fala de intercruzamentos destacando o cruzamento da vida de Dom Sebastião com a mística que gravita em torno de São Sebastião. Nesta linha de raciocínio, na própria narrativa, digo, descrição do setor 1, página 187 do livro “abre-alas”, se realça o fato de a data consagrada para São Sebastião ser a mesma do nascimento de Dom Sebastião, o dia 20 de janeiro. Entretanto, apesar de o texto da justificativa do enredo conferir destaque também a São Sebastião, por conta do intercruzamento com o Rei Sebastião, tal importância, da figura do Santo Sebastião, não é a mesma na elaboração dos setores do enredo, sendo pouco explorada, prevalecendo substancialmente a figura de Dom Sebastião nos setores, vide os setores 2, 3 e 4. A vida de Dom Sebastião é apresentada de forma ampla, inclusive sua misteriosa morte na batalha de Alcácer e Quibir. Justamente em razão desta desproporção de abordagem, o que logicamente prejudica a compreensão do enredo, despontou em 0,1 na concepção”.
“Bastante interessante o enredo em que as figuras de “Sebastião”, Santo e Rei se unem por uma trajetória mítica e real levando às deliciosas encantarias. A ênfase e o enfoque principal, entretanto, privilegia, sem dúvidas, a figura do monarca que reinava em Portugal quando da fundação da cidade do Rio de Janeiro, cujo padroeiro é, afinal, o Santo. A abrangência tornou-se, dessa forma, desproporcional, cabido a São Sebastião praticamente apenas o 6° setor “Glória ao Santo Padroeiro” do desfile”, explicou Pérsio Gomyde que deu 9.9 para escola.