Colorado desfile2020 141A Colorado do Brás foi a segunda agremiação a cruzar a pista do Sambódromo do Anhembi na segunda noite de apresentações do Grupo Especial. A escola se apresentou com o enredo ‘Que rei sou eu?’ buscando melhorar a 11ª colocação obtida em 2019, quando retornava para a elite do carnaval de São Paulo 17 anos depois. A escola encerrou sua apresentação com 64 minutos.

A apresentação serviu para a agremiação buscar sua consolidação na elite do carnaval paulistano. Embora a harmonia e evolução tenham deixado a desejar, o conjunto de fantasias surpreendeu por seu alto nível. As alegorias não seguiram o mesmo padrão, mas em relação a concorrentes diretas esteve superior. A Colorado muito provavelmente desfilará no Especial pela terceira vez seguida em 2021.

* Veja a galeria de fotos do desfile

Comissão de Frente

Colorado desfile2020 139A comissão no desfile da Colorado do Brás apostou em um proposta mais abstrata. Eram dois personagens principais, que brincavam com o tempo e o espaço na história ao longo da atuação dos dançarinos na avenida. O touro encantado representou a forma com que o Rei Dom Sebastião se encantou, “desaparecendo” nas areias dos lençóis maranhenses. Os demais integrantes do grupo representaram as jóias da coroa do rei.

O touro encantado vagava pela pista transitando pelas joias, que o
seguiam e o cercavam, formando um círculo que representava o formato da coroa. O touro, sempre que possível, tentava se libertar, saindo do círculo e buscando novos caminhos para trilhar. Nas sequências coreográficas, filas, círculos e “montinhos desorganizados” se repetiam. Jóias soltas em alguns momentos se desgarraram do grupo realizando a sua dança. Como se uma pedra se soltasse da coroa.

Fugindo a uma tendência da maioria das comissões o grupo se apresentou sem tripé. Com uma belíssima indumentária eles iniciaram muito bem o desfile da escola. A mistura de cores vivas deu um lindo efeito. A dança demonstrou sincronia, embora não tenha causado impacto no público.

Colorado desfile2020 028Mestre-Sala e Porta-Bandeira

O primeiro casal desfilou representando o grande evento realizado para comemorar o nascimento do herdeiro da coroa portuguesa, onde todos esperavam com todo fervor a chegada do novo rei. A porta-bandeira vestia um figurino voltado para o enredo, destacando pela modelagem de alta-costura e padrões de costura diferenciados. O mestre-sala usou roupa em corte de alfaiataria, para representar a vestimenta da época usada por grandes homens da corte portuguesa, onde a elegância e a sofisticação tomavam conta dos salões nobres de Portugal.

A dupla se apresentou com uma indumentária sem os tradicionais e caros faisões. Mas engana-se que isso deixou o figurino com menos brilho. Com um tom de cores em roxo deu um belo contraste cromático com as alas iniciais da escola. A dupla fez uma dança correta, sem erros na segunda torre de julgamento. O entrosamento entre eles também merece destaque.

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Como defende o manual do julgador, a tonalidade do canto não é um parâmetro de julgamento. Se a escola passar cantando o samba há de se aplicar a nota máxima. Algumas alas cantaram burocraticamente, outras nem isso. Por isso o desempenho na avenida foi insatisfatório. Houve um desencontro entre caixas de som da faixa inicial e final da pista aos 12 minutos de apresentação. Mas como a escola ainda iniciava seu desfile, isso não foi problema. O canto apresentou uma pequena melhora após os 38 minutos de desfile.

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Quesito onde a escola esteve longe da perfeição. Alas poderiam ter evoluído mais, com espontaneidade. Passou muito burocrática pela avenida. Com um samba que possibilitava alas mais soltas, a agremiação pecou nesse sentido.

Samba-Enredo

Colorado desfile2020 010A obra teve bom desempenho durante o desfile. Muito mérito mais uma vez para Chitão Martins. O intérprete novamente foi um dos destaques da Colorado, provando que já deixou de ser uma revelação. O refrão contagiava a escola, pois era muito forte. Serviu muito bem à apresentação da escola.

Bateria

Colorado desfile2020 019A bateria foi buscar suas notas 10 com bastante ousadia e bossas criativas. O regulamento deste ano exige que para tirar 10 uma bateria teria de obrigatoriamente executar bossas. Em alguns momentos do samba os ritmistas executaram convenções. Somados a isso um ritmo com muito swing, destacando muito as marcações com um andamento que possibilitou um grande entrosamento com o carro de som.

Enredo

Colorado desfile2020 086A Colorado iniciou o seu desfile trazendo na comissão, casal e abre-alas aspectos espirituais e abstratos que envolvem o homenageado, Dom Sebastião. O carro abre-alas fechava o setor com as encantarias e os mistérios que cercam a figura de Dom Sebastião. A partir da chegada do segundo setor a escola trouxe a famosa batalha de Alcácer-Quibir, explicitando o caráter ambicioso do homenageado. No terceiro setor a Colorado decidiu mostrar a parte religiosa, com alas representando judeus e cristão e a terceira alegoria, que apresentava um templo de fé. O quarto setor começou com um al de mosteiros e terminou com uma alegoria representando um baile de máscaras. No quinto setor do desfile, traços da cultura do norte e nordeste, como as alas que relembraram a Guerra de Canudos e o festival do Boi Bumbá. O desfile se encerra com Dom Sebastião como um Rei Encantado.

Fantasias

Colorado desfile2020 079A ala de baianas desfilou logo no primeiro setor do desfile, com o figurino chamado ‘Arautos da fé’. Segundo a defesa da roupa as baianas representaram o sentimento de devoção. A roupa mostrava a fé no seu ato mais belo, a devoção. Nas primeiras alas e setores a Colorado do Brás buscou objetivar a leitura simples de seu enredo, porém o conjunto esteve bastante simplório com o uso de materiais muito simples, o que não interferiu na beleza do conjunto. Esse é um ponto que merece destaque. A escola passou muito bem vestida. Uma das alas que pode ser citada positivamente é a 08, ‘A loucura est´nos olhos de quem vê’. Divertida e com fácil leitura, empregou um bom uso de materiais. A partir do setor que aborda a religiosidade do enredo as indumentárias ganharam materiais mais rebuscados, melhorando a qualidade dos figurinos apresentados, com plumas e penas. Os passistas vieram representando o ‘Segredo do Pavão’, suposto refúgio de Dom Sebastião, a Índia.

Alegorias

Colorado desfile2020 001O abre-alas trouxe uma grande carruagem levando o sonho e a esperança de uma nação. O desejado, o rei Dom Sebastião começava a narrar sua história num grande mar de rosas e flores, em uma atmosfera de encanto e magia. A primeira alegoria, entretanto, poderia ter um trabalho escultórico mais bem feito.

O segundo carro, se propôs a mostrar a grande fortaleza e os templos marroquinos e toda a riqueza deste país africano que revela segredos e muitos mistérios, e estes segredos levam à cobiça do rei de Portugal a querer invadir e dominar o país. A alegoria apresentou falhas de acabamento nas colunas traseiras na parte superior da alegoria.

Em seu terceiro carro, a Colorado buscou a representação do templo da fé, onde a força da igreja estava presente em todas as classes sociais e dominava a cultura. Novamente faltou um melhor apuro estético na parte superior da alegoria.

O desfile partiu para sua reta final com o quarto carro, ‘Baile de máscara e refúgio em Veneza’, representando grandes bailes onde se tinham beleza e muito mistério.

Para fechar o seu desfile a quinta alegoria representou a beleza das praias e lençóis, e um grande rei Dom Sebastião estilizado com estilo brasileiro, brincando sobre as ondas, dando assim uma atmosfera de brincadeira e liberdade poética. Nesse carro havia recursos estéticos de gosto duvidoso.

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