A noite deste sábado fechará o carnaval 2020 das escolas de samba da Série A no Sambódromo da Marquês de Sapucaí. O desfile das sete escolas terá início às 22h e contará com a presença de agremiações de peso e longa trajetória na festa. O que chama atenção é a presença neste dia de agremiações das mais variadas regiões do estado do Rio, entre Niterói, Zona Oeste, Zona Norte e Baixada Fluminense. A azul e branca niteroiense Acadêmicos do Sossego abrirá a noite, saindo de Niterói, rapidamente chegaremos até a Baixada Fluminense com a Inocentes de Belford Roxo pisando na Sapucaí. Com um duo de Zona Oeste, virão Unidos de Bangu e logo após Acadêmicos de Santa Cruz. Em seguida virá a Imperatriz Leopoldinense recém chegada no Acesso e veterana no Especial, logo depois, a Unidos de Padre Miguel, escola que vem brigando forte nos últimos anos para subir. Fechando o carnaval do Acesso em 2020, a tradicional Império da Tijuca.
O tempo de desfile para cada escola de samba da Série A da Lierj será de, no mínimo, 45 (quarenta e cinco) minutos e, no máximo, 55 (cinquenta e cinco) minutos, segundo o regulamento da entidade. As escolas que excederem o tempo máximo serão punidas com a perda de um décimo para cada minuto excedido e com dois décimos para cada minuto faltante, no caso de passar abaixo de 45 minutos. O número mínimo de componentes exigido é de 1.200, contando 35 baianas pelo menos na ala e 135 ritmistas na bateria. A escola de samba que obtiver a última colocação nos desfiles da Série A no Carnaval 2019 será rebaixada e passará a integrar a Série B da Liesb, nos desfiles do Carnaval 2021
ACADÊMICOS DO SOSSEGO: A Acadêmicos do Sossego aposta, pelo quarto ano consecutivo, em uma temática ligada à religiosidade e à cultura negra. Através do enredo “Os Tambores de Olokun” irá narrar às origens do maracatu, manifestação cultural afro-brasileira. Com a presença de diversos elementos religiosos no cortejo, a Sossego dará destaque em seu desfile aos relacionados à Olokun. O projeto, inicialmente concebido pelo carnavalesco Marco Antonio Falleros, e que vinha sendo desenvolvido por Alex de Oliveira, será levado para Avenida pela dupla Guilherme Diniz e Rodrigo Marques. Os dois artistas assumiram o comando do carnaval da Sossego há menos de 15 dias do desfile e terão a missão de correr contra o tempo para conseguir colocá-lo na rua.
INOCENTES DE BELFORD ROXO: Camisa 10 do Brasil. Seis vezes melhor do mundo. Maior número de gols em Copas do Mundo e na Seleção Brasileira. Não é a toa que Marta é a “Rainha do Futebol”. A história da menina que deixou o sertão nordestino para conquistar os gramados do mundo, superando a pobreza e o preconceito, é o enredo da Inocentes de Belford Roxo para o carnaval 2020. “Marta do Brasil – Chorar no começo para sorrir no fim” conta com a assinatura de Jorge Caribé que, após doze anos, retorna a Caçulinha da Baixada com um enredo e uma estética fora dos seus padrões, muito ligados a temática negra e ao uso de materiais alternativos.
UNIDOS DE BANGU: Guardião da memória, que traz na oralidade os saberes de um povo. Sua figura, tão ligada às tradições africanas, é testemunha de todo acontecimento. Através de histórias, transmite as vivências dos antepassados para as gerações futuras. O Griô é quem nos levará, ao longo do desfile da Unidos de Bangu em 2020, a olhar para o passado, como fonte de ensinamentos, para entender o presente e jogar luz sobre o futuro. O enredo “Memórias de um Griô: a diáspora africana numa idade nada moderna e muito menos contemporânea” irá narrar à história do continente africano, desde seu primeiro habitante até a chegada do europeu, que colonizou as terras e escravizou os nativos, criando males que perduram até os dias de hoje, como a desigualdade e o preconceito e conta a assinatura do carnavalesco Bruno Rocha.
ACADÊMICOS DE SANTA CRUZ: Consideradas como as matriarcas do samba, as baianas são figuras emblemáticas, de grande representatividade para cultura e religiosidade afro-brasileira. No carnaval de 2020, a Porto da Pedra irá narrar a história dessas mulheres negras, que desembarcaram como escravas no cais do porto de Salvador, para posteriormente ganharam as ruas da cidade soteropolitana com seus tabuleiros, repletos de quitutes, até a vinda delas para o Rio de Janeiro, já depois de livres, trazendo seus ritos e ritmos para então capital do país. O enredo “O que é que a Baiana tem? Do Bonfim à Sapucaí” foi desenvolvido pelo carnavalesco Annik Salmon.
IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE: Quase 40 anos depois, a Imperatriz levará novamente Lamartine para Sapucaí. Dessa vez, através das mãos de outro artista: o atual campeão do carnaval carioca, Leandro Vieira. Porém, quem espera uma apresentação semelhante ou na mesma linha da de 1981, certamente irá se surpreender. As mudanças já começam no título do enredo, originalmente chamado de “O Teu Cabelo Não Nega”, em referência a marchinha da década de 1930, e que foi alterado para “Só Dá Lálá”, por uma questão de adequação às questões sociais atuais. Segundo Leandro, apesar de trata-se de uma reedição, o desfile de 2020 terá identidade própria.
UNIDOS DE PADRE MIGUEL: A Unidos de Padre Miguel que tem feito grandes carnavais, promete levar mais uma vez um grande desfile para a Sapucaí. Com o enredo ‘GINGA’, que contará a história da capoeira, a escola da Vila Vintém está pronta para brigar pelo título e mostrar sua ancestralidade e gingado forte no desfile. A assinatura ficou por conta do carnavalesco Fábio Ricardo. Com uma equipe focada e uma comunidade guerreira, o Boi Vermelho não mede esforços para conseguir o título da série A do carnaval carioca e o tão sonhado acesso ao Grupo Especial.
IMPÉRIO DA TIJUCA: O pedreiro Evando dos Santos nunca frequentou uma carteira de escola. Ainda muito jovem, deixou o agreste sergipano e se mudou para o Rio de Janeiro. Autodidata, aprendeu a ler já adulto, por meio de um exemplar da Bíblia. Há mais de duas décadas, dedica sua vida a incentivar a cultura e a estimular o gosto pela leitura nas pessoas. Conhecido por muitos apenas como o “homem livro”, pelo menos uma vez por semana, veste a fantasia de papelão e plástico que lhe rendeu a alcunha, e sai pelas ruas da Vila da Penha, na Zona Norte do Rio, espalhando exemplares de obras literárias e gibis. Sua história, que já inspirou tese de doutorado e até romance, será fio condutor para o Império da Tijuca falar de educação no carnaval 2020.