Dando sequência à série de reportagens ‘De olho nos quesitos’, o site CARNAVALESCO se debruçou sobre as justificativas dos últimos cinco anos em fantasias. Para avaliar os figurinos em um desfile de escola de samba o julgador precisa observar diversos parâmetros. O quesito é subdividido em concepção (4,5 a 5,0 pontos) e realização (4,5 a 5,0).
Na concepção ele observa a proposta da mensagem intencionada pelo carnavalesco. E na realização ele precisa verificar se aquilo que está exposto no livro abre-alas bate com o que está passando na avenida, além de conferir qualidade, acabamento e beleza das alas que precisam estar adequadas ao enredo proposto.
No aspecto da concepção está um dos grandes gargalos do quesito. A leitura de uma fantasia é basicamente a sua facilidade de assimilação e entendimento pelo público. Por isso, além de estar bem acabada e possui certa beleza estética, o figurino precisa estar de fácil entendimento sobre sua representação.
Desde 2015 a falta de leitura sempre apareceu nas justificativas, nem que seja uma vez. A julgadora Regina Oliva, uma das mais experientes do quesito, vem alertando para a falta de leitura de alguns figurinos. Como, por exemplo, no desfile da Mangueira de 2015 (“fantasias dos guardiões do mestre-sala e porta-bandeira sem nome e descrição, prejudicando seu entendimento”); Beija-Flor de 2016 (“em várias fantasias faltavam elementos identificadores do enredo”). Como se vê não basta um figurino com profusão de materiais, reunião de plumas, faisões e outros insumos caros, se a mensagem tiver seu entendimento prejudicado.
Outro aspecto que se pode constatar no levantamento do julgamento de fantasias é que a concepção é pouco julgada. Em que pese que baste o jurado compreender aquilo que está diante de seus olhos, ele não questiona a intenção do carnavalesco. Por isso é comum a nota 5,0 em concepção e as punições virem em realização.
Ainda no aspecto da concepção das alas, além da falta de leitura, os julgadores exigem que aquilo que está explícito no livro abre-alas esteja fielmente representado na avenida. Em diversas oportunidades essa diferença entre o protótipo e sua realização fazem as escolas perderem ponto, como nos exemplos abaixo:
– Tuiuti 2017: “ala 03: das cinco fantasias propostas, apenas uma foi para a avenida, empobrecendo a leitura da ala” (Desirée Bastos).
– Beija-Flor 2018: “não foi identificado o elemento ‘mola de dinheiro’ que é descrito no livro abre-alas” (Paulo Paradela)
– Império Serrano 2019: “Ala 11 – em sua proposta inicial (abre-alas) consta um costeiro, o qual completaria a caixa surpresa (tampa). Além de não ter sido apresentado, alguns componentes estavam sem a segunda pele (branca) da indumentária. Houve também a ausência dos calçados adequados” (Gerson Martins).
No que tange ao sub-quesito realização, as falhas de acabamento, indumentária caindo, volumetria exagerada de figurinos, além de falta ou excesso de materiais na mesma fantasia são os aspectos mais apontados pelos jurados como passíveis da perda de décimos. É de suma importância que os figurinos passem por todos os módulos de julgamento no mais perfeito estado. No caso contrário, segundo o levantamento de nossa reportagem as agremiações serão punidas.
Aspectos mais citados pelos jurados em fantasias desde 2015:
– falta de leitura de figurinos;
– falta de elementos presentes no livro abre-alas;
– elementos danificados ou com acabamento mal feito;
– excesso de informação e materiais;
– volumetria excessiva, comprometendo visualização do conjunto;
– falta de apuro estético