Por Guilherme Ayupp e Victor Amancio. Fotos: Allan Duffes
A Unidos de Padre Miguel sediou na tarde/noite deste sábado um encontro de pavilhões entre 12 das 14 escolas da Série A (apenas Rocinha e Porto da Pedra não compareceram). O evento foi promovido pela Lierj e mostrou a resistência e resiliência das agremiações de um dos grupos que mais sofre com o rompimento das relações entre o carnaval e o poder público. * VEJA AQUI A GALERIA DE FOTOS DA FESTA
A Unidos do Porto da Pedra informou que não pode comparecer ao evento, mediante justificativa, por conta do falecimento de sua ex Porta-Bandeira, Priscila Domingues, tia da atual segunda porta-bandeira da escola, Pietra Brum, que representaria a agremiação, pois a primeira Cintya Santos não havia conseguido liberação de seu trabalho.
Sem perspectiva de receber verbas e muitas até sem um local adequado para construção de seu carnaval, as escolas se reuniram para mostrar que o sambista não vai desistir da sua arte. As palavras do presidente da Lierj, Wallace Palhares, endossam esse pensamento: “Somos madeira de dar em doido. Não desistimos fácil. Aí está prova”.
De fato foi um evento para mostrar a força de comunidades gigantes. A se lamentar apenas a ausência de Rocinha e Porto da Pedra (que justificou a ausência). Em um momento em que os sambistas estão sob ataque as escolas precisam mais do que nunca estarem unidas. O evento foi oficial da Lierj.
Confira como foram as apresentações:
Unidos de Padre Miguel: Dona da casa, com o conhecimento do terreno foi a melhor apresentação da noite. O samba teve um crescimento muito grande após a fase de disputa. Certamente será um dos sacodes do desfile da Série A, sob o comando do iluminado Diego Nicolau. O casal se apresentou muito bem encantando os convidados.
Imperatriz: Com um grande samba em mãos, Arthur Franco comandou muito bem a passagem da obra, que por ser muito conhecida saiu em vantagem. Destaque também para o belo bailado do casal Thiaguinho Mendonça e Rafaela Theodoro, certamente um dos melhores da Série A. Escola mandou seu elenco principal, com direito a passistas com fantasia.
Império Serrano: A apresentação comprovou a qualidade da obra imperiana. Leléu conduziu com emoção o samba que exalta as mulheres, uma das grandes obras musicais do ano. Sabe-se das dificuldades pelas quais a escola passa, mas a prova de que o Império é um celeiro é seu mestre-sala, Matheus Machado, que demonstra maturidade e qualidade a cada apresentação. A dupla com Verônika tem se mostrado um acerto e eles bailaram com muita categoria, tornando-se os destaques da apresentação.
Cubango: Um dos grandes sambas da Série A. Excelente condução por parte do intérprete oficial Thiago Britto. Revelação no início da década, o cantor já demonstra que virou realidade. Tem tudo para fazer longa carreira na verde e branco. A escola enviou o segundo casal.
Santa Cruz: Outra que valorizou o evento com seu elenco principal. Foram o primeiro casal Mosquito e Roberta, além do intérprete oficial Roninho. Dançando muito bem, sincronizados e bem ensaiados, o casal deu um show. O samba, entretanto, teve uma passagem irregular, com pontos de maior brilho e outros nem tanto.
Império da Tijuca: Com elenco principal, Daniel Silva foi o comandante da apresentação. O cantor está totalmente adaptado à escola e foi o destaque da apresentação da verde e branca do morro da Formiga. Outro destaque vai para Renan Oliveira, mestre-sala, que conduz muito bem sua porta-bandeira.
Renascer de Jacarepaguá: Com olhares atentos e emocionados de seu ex-intérprete e compositor Diego Nicolau, a Renascer acabou sentindo a falta de seu intérprete oficial Leonardo Bessa e se apresentou ainda sem seu novo casal.
Unidos de Bangu: Com o segundo casal, boa a apresentação do primeiro pavilhão da Zona Oeste. Mestre Léo Capoeira foi um dos poucos mestres a comparecer e a condução do samba foi muito bem comandada pelo competente Igor Vianna. Ele se apresentou sozinho no palco, sem a presença de apoios e arrepiou com sua voz.
Inocentes de Belford Roxo: Sem presença de nenhum de seus cantores oficiais, coube aos apoios a responsabilidade de defenderem a obra. O primeiro casal, Douglas Valle e Jaçanã, foi o ponto alto da apresentação da caçulinha da baixada. Ela incorporou o empoderamento cantado do samba.
Unidos da Ponte: Nem o cantor oficial Leandro Santos e nem o primeiro casal compareceram. A Ponte fez uma apresentação abaixo do nível apresentado no lançamento do CD da Série A.
Sossego: O intérprete oficial Nêgo não foi. O cantor escolhido parecia não saber a letra e melodia do samba. Com isso, o destaque ficou com o casal Marcinho e Cris Caldas, entrosados e muito bem trajados. Nível alto da dança da dupla.
Vigário Geral: A apresentação foi bem conduzida pelo intérprete oficial Tem-Tem Jr. A escola demonstrou respeito ao evento ao mandar cantor e o segundo casal, mesmo tendo um ensaio de rua quase que simultaneamente no Parque Madureira. Destaque para mestre-sala, Diego Jenkins, que demonstra ter um grande potencial.