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Júri dos sambas de São Paulo aponta empate entre Mocidade Alegre e Tatuapé no 1º lugar

Mocidade Alegre e Tatuapé empataram na primeira colocação no Júri do CARNAVALESCO formados por pessoas convidadas pelo site. Participaram Rodrigo Coutinho, a equipe da TV Mais Carnaval, Matheus Mattos e o compositor Diego Nicolau. Vale frisar que a avaliação foi feita em cima do CD oficial da Liga-SP para o Carnaval 2020.

Notas e justificativas de Rodrigo Coutinho

MANCHA VERDE – NOTA 9,8 – O samba cumpre bem o papel de contar o enredo. Está alinhado ao caráter ‘’positivista’’ que a escola pretende passar. Acredito que a melodia do primeiro verso do refrão principal poderia ser mais bem resolvida(-0,1). Acaba acelerando a pronuncia das palavras num momento que deveria ser de mais exclamação. O verso ‘’Perdoe se algo te fiz, me abrace vem ser feliz’’(-0,1) não acompanha a riqueza poética do restante da obra. Soa simplista.

DRAGÕES DA REAL – NOTA – 9,7 – Apesar da grande interpretação de Renê Sobral na faixa do CD, a melodia do samba se ressente de adequações mais inerentes a alguns versos (-0,2). Os trechos ‘’De alma lavada eu vou’’ e ‘’Ser amigo do tempo’’ acabam ‘’alongados’’ para uma melhor interpretação da obra. Os fatos causam certa monotonia ao ouví-la, não trazendo a dinâmica musical esperada para um samba que trata do tema proposto. Com relação a letra, há trechos ‘’genêricos’’ (-0,1), ex: ‘’Todos juntos desatar os nós/A festa não tem hora pra acabar’’…. ‘’Afaste a dor/ Vista a sua fantasia’’. O fato compromete e riqueza poética da letra.

ROSAS DE OURO – NOTA 9,8 – Samba de ótima letra, inteligente e adequada àquilo que a escola pretende mostrar na Avenida. Vejo, porém, dois pecados em melodia que acabam impedindo a nota máxima. A solução melódica dada ao refrão do meio poderia acompanhar o ótimo nível da primeira parte do samba, assim como as boas sacadas do refrão principal. A opção ‘’pergunta e resposta’’ já vista em outras obras tornou o conjunto melódico do samba irregular. Bem como a passagem entre os versos ‘’Chegou a hora de rasgar o manual/Quero ver minha roseira passar’’. Há um ‘’espaço musical’’ grande entre os versos neste trecho, quebrando a fluência.

UNIDOS DE VILA MARIA – NOTA 9,9 – A obra consegue retratar com riqueza poética o enredo em quase toda sua extensão, exceto pelo verso ‘’Que retrata esse país continental’’, que acaba quebrando a beleza do restante da letra e parece grande demais para o ‘’espaço musical’’ disponível na melodia (-0,1). Destaco a melodia muito bem construída no refrão do meio e a bela sacada no refrão principal. Obra feita exatamente para o estilo de canto de Wander Pires.

IMPÉRIO DE CASA VERDE – NOTA 9,9 – Mais um samba que cumpre bem a função de contar o enredo. ‘’Redondo’’! Mas, a meu ver, com um pequeno detalhe negativo em melodia (-0,1). Na passagem da primeira parte para o refrão do meio, há uma quebra na ótima sequência utilizada até então. Poderia ser mais bem trabalhada. Em termos de letra, conteúdo correto. Discurso claro, direto e de bom nível poético.

ÁGUIA DE OURO – NOTA 9,8 – Melodia fluente. Passa por toda a obra sem grandes problemas e apresenta variações inerentes ao gênero samba-enredo. A letra, no meu modo de ver, peca em alguns momentos (-0,2). Principalmente no refrão principal, onde os versos apresentam caráter genérico. Poderiam ser inseridos em muitos desfiles e falam pouco sobre o enredo. O mesmo ocorre no primeiro verso após o refrão principal.

ACADÊMICOS DO TATUAPÉ – NOTA 10

MOCIDADE ALEGRE – NOTA 10

GAVIÕES DA FIEL – NOTA 9,9 – Letra bem adequada ao propósito do enredo, traduz com beleza poética em muitos momentos a intenção da escola, mas a melodia poderia ser mais bem trabalhada nos quatro versos anteriores ao refrão do meio. A obra tem uma ‘’pegada’’ mais ‘’dolente’’, mas falta dinâmica ao trecho citado acima(-0,1) trazendo certa monotonia em conjunto ao refrão do meio.

X-9 PAULISTANA – NOTA 9,7 – A obra mostra-se irregular ao apresentar trechos de muito valor em letra e melodia, como os refrãos, mas peca em outros relativos a letra e construção dos versos. Os versos ‘’Cada passo mostra o que passou/Sou um contador e conto a dor de um peregrino’’ soam redundantes e comprometem a beleza poética do samba (-0,1). O mesmo ocorre na segunda parte da obra, com uma sequência de versos sem muita relação entre si. Colocados para preencher o conteúdo do enredo, mas comprometendo a fluência da obra (-0,2).

COLORADO DO BRÁS – NOTA 9,9 – No que diz respeito a adequação entre a letra e a entonação dos versos é um dos melhores sambas deste ano. Muito bem interpretado na gravação, inclusive. A meu ver, porém, há uma ‘’quebra melódica’’ (-0,1) que poderia ser mais bem planejada na junção dos versos ‘’ Herdeiro esperado por uma nação/De nobres e plebeus’’.

TOM MAIOR – NOTA 10

PÉROLA NEGRA – NOTA 9,9 – Melodia bem construída em grande parte da obra. Samba que flui naturalmente em uma ótima interpretação de Daniel Colete. Letra forte e bem coesa com aquilo que a escola pretende mostrar no desfile. Acredito que a conjunção dos versos ‘’Cheguei ao Brasil/Terra de encantos mil’’ poderia ser mais bem trabalhada em letra para estar à altura do restante do samba.

BARROCA ZONA SUL – NOTA 9,8 – Samba de ótima letra e muito coeso àquilo que a escola pretende mostrar na Avenida. A melodia é muito bem construída no refrão principal e em toda a primeira parte, exceção feita ao primeiro verso do refrão do meio, onde há uma aceleração do verso ‘’Em plena floresta’’, dificultando a fluência e o entendimento perfeito do trecho. A construção melódica dos versos ‘’O povo não se cala, oh Tereza de benguela/Vem plantar a paz por essa terra/A emoção que se liberta’’ tira a dinâmica vista no restante da obra, poderia ser mais bem trabalhada.

Notas e justificativas de Matheus Mattos

Mancha Verde – 9.9. O samba da Mancha Verde atende o item riqueza poética, fácil de ser cantado e ouvido, fato dado também pela boa estrutura da letra. Nota-se uma falta de ousadia na separação da melodia entre a primeira e segunda estrofe, em determinados trechos elas se igualam.

Dragões da Real – 9.8. A Dragões da Real optou por um samba mais interpretativo, ou seja, as ideias do enredo é contada de uma forma implícita nas letras, e é previsto em regulamento. A obra tem pouco melisma, é alegre, provoca descontração do desfilante. A retirada dos décimos se da pelas rimas pobres, pouco ousadas, como o trecho “vamos rir de nós” e “desatar os nós”, e “caminhar contra o vento” e “ser amigo do tempo”, que já causou alguns conflitos entre componentes da agremiação.

Rosas de Ouro – 9.9. Assim como a Dragões da Real, o samba da Rosas de Ouro também entra na definição de samba interpretativo. A obra pouco responde, e deixa dúvidas para o que parece serem respondidas durante o desfile. A melodia é uma das mais singulares da safra de 2020, mas as palavras e frases usadas não acompanham o mesmo nível.

Unidos de Vila Maria – 9.9. A Unidos de Vila Maria aposta num samba descritivo e que exalta o enredo, dessa forma a obra é pra cima e explosiva. Por essa característica, ao ouvi-lo causa a impressão de similaridade em toda a estrutura.

Império de Casa Verde – 10

Águia de Ouro – 9.9. O samba é didático, fácil de interpretar e tem uma divisão de influencia positivamente para o quesito que julga o canto do componente, porém a falta de variação do desenho melódico justifica o décimo. A obra tem poucos trechos que se distinguem.

Acadêmicos do Tatuapé – 10

Mocidade Alegre – 10

Gaviões da Fiel – 9.9. A obra dos Gaviões atende bem o que é pedido no enredo, e de uma forma bem objetiva. Porém pode-se notar rimas simples, pouca ousadia no entrosamento entre letra e melodia. O samba utiliza muito do melisma, um fator que pode refletir no quesito harmonia, tanto no lado positivo quanto no negativo.

X-9 Paulistana – 9.9. Em comparação aos demais, o samba da X-9 Paulistana é uma das que mais atende o item fidelidade dentro do regulamento, isso porque o samba é bem descritivo. Outro ponto importante é a riqueza de versos e palavras utilizadas, fugindo do padrão com criatividade. O décimo perdido é explicado pela definição de “Divisão melódica”, principalmente no trecho: “Quando um toque ritmado toca o destino”, um trecho que dificulta a compreensão imediata.

Colorado do Brás – 9.9. A obra da agremiação do Brás em bastante explosivo e trabalha o canto do forte do componente no momento do desfile. Ele é bem explicativo, detalhado, utiliza termos presentes na história de Dom Sebastião durante a primeira estrofe e questiona o destino na segunda. Um trecho em especifico explica a retirada do décimo, que é o “Abençoado, fiel desbravador”, onde contém poucas palavras pra melodia trabalhada.

Tom Maior – 10

Pérola Negra – 9,8. O samba da Pérola Negra atende exigências pontuais do regulamento do quesito. É de fácil interpretação e tem rimas que não são pobres, porém a divisão melódica não é evidente, a primeira estrofe se iguala a segunda, poucas variações encontradas na estrutura da canção.

Barroca Zona Sul – 10

Notas e justificativas da equipe da TV Mais Carnaval

Mancha Verde – Nota: 10

Dragões da Real – Nota: 10

Sociedade Rosas de Ouro: Nota: 9.8. Composição coerente com a sinopse do carnavalesco. Em uma avaliação informal e não-oficial, a letra do samba de enredo alterna as construções dos versos entre ordens diretas e indiretas. Muitas vezes com a intenção de justificar a rima.

Por exemplo: Ordem indireta: Eterna como a rosa, assim será. Ordem direta: Sou eu, coração de aço. Essa alternância diminui a fluidez da letra junto à melodia. Exige força da comunidade para que a composição chegue à explosão de canto.

Unidos de Vila Maria: Nota: 10

Império de Casa Verde: Nota: 10

Águia de Ouro: Nota: 10

Acadêmicos do Tatuapé: Nota: 10

Mocidade Alegre: Nota: 10

Gaviões da Fiel Torcida: Nota: 10

X-9 Paulistana: Nota: 10

Colorado do Brás: Nota: 9.8. Samba de enredo de 36 versos e coerente com a sinopse do carnavalesco. Por ser uma obra a cima da média em números de versos há uma grande variação melódica no decorrer da letra, o que dificulta as retomadas de canto a cada estrofe. Quase toda composição está baseada em rimas alternadas (Por onde está nossa alteza/Na Índia ou habitando o mosteiro/Preso misterioso em Veneza). Em uma avaliação informal e não-oficial, são pontos que não diminuem a qualidade da obra mas exigem maior fôlego da comunidade no desempenho de canto por conta da repetição do formato de rimas alternadas.

Tom Maior: Nota: 9.9. Um enredo com profundidade em um tema importante originou uma composição com palavras eruditas (servil; ribalta; retinta; legado). O que é bem coerente, de acordo com a sinopse e resolvido pela boa articulação do intérprete.

Nessa avaliação informal e não-oficial, apenas despontuamos por conta da forte parada melódica que há no término do refrão “Herança que a mordaça não calou”. A pronúncia da palavra “calou” é estendida ao máximo para sustentar a queda melódica. A melodia é a mais forte do grupo especial 2020 de São Paulo. Privilegia a divisão silábica de todos os versos. Porém, perde força apenas neste trecho.

Pérola Negra: Nota: 9.8. Visivelmente uma obra escrita com a preocupação em atender fielmente os detalhes sugeridos pela sinopse do carnavalesco (Andaluzia; Inquisição; Vera Cruz).  Em uma avaliação informal e não-oficial, acreditamos que a grande variação melódica dentro das estrofes promovem uma quebra no desenvolvimento do canto. Antes mesmo que as estrofes cheguem ao seu fim. Trechos como “Se a vida insiste em dor em sofrimento” e “Olhai por nós” comprometem o canto da comunidade com quebras no desenvolvimento das estrofes.

Barroca Zona Sul: Nota: 10

Notas e justificativas de Diego Nicolau

DRAGÕES DA REAL: 9,8. O samba parece seguir um caminho despretensioso para contar seu enredo, a letra busca simplicidade imensa e a melodia também se preocupa mais em dar a chance de canto à escola do que propriamente em ofertar algo original e criativo.

ROSAS DE OURO: 9,9. Destaque absoluto para a ótima melodia muito bem aproveitada pelo sensacional Royce do Cavaco. A letra talvez pelo enredo acaba caindo em lugares comuns mas nada que a desabone demais, há versos inclusive muito felizes sobretudo na segunda parte do samba. Refrãos fortes e emotivos devem ecoar na avenida.

VILA MARIA: 9,8. Um enredo pouco inspirador acabou gerando dificuldade para a poesia. O fenomenal Wander Pires canta uma melodia que alterna momentos emotivos e outros mais comuns mas talvez a letra comprometa mais o resultado final da obra que apesar disso tem potencial de avenida.

IMPÉRIO DE CASA VERDE: 10

MANCHA VERDE: 10

ÁGUIA DE OURO: 9,9. A melodia é muito forte, me parece óbvio que vai gerar um desfile aguerrido mas a letra pra um enredo tão relevante talvez precisasse de versos marcantes, de maior reflexão e embora não comprometa parece que faltou algo que tornasse o samba completo.

TATUAPÉ: 10

MOCIDADE ALEGRE: 10

X-9 PAULISTANA: 10

GAVIÕES DA FIEL: 9,9. Típico samba redondinho que não compromete mas não se destaca melodicamente. A segunda parte do samba aparece um pouco mais e culmina num refrão que aposta na segurança do último verso aberto para ecoar na avenida.

COLORADO DO BRÁS: 10

TOM MAIOR: 10

PÉROLA NEGRA: 9,8. Apesar do bom enredo já muito explorado em muitos carnavais pelo Brasil afora, o samba poderia buscar elementos mais originais para contar essa história. A letra descreve bem o enredo mas não traz versos marcantes e a melodia talvez seja o calcanhar de Aquiles do samba pois não parece ter a força suficiente para um desfile aguerrido ou emocionante. Apesar disso não vejo problemas de construção que mereçam maiores críticas.

BARROCA ZONA SUL: 10

RESULTADO FINAL

Mocidade Alegre e Tatuapé: 40 pontos
Império de Casa Verde e Tom Maior: 39,9 pontos
Barroca Zona Sul: 9,8 pontos
Mancha Verde e Gaviões da Fiel: 39,7 pontos
Águia de Ouro, X-9 Paulistana, Colorado do Brás e Vila Maria: 39,6 pontos
Dragões da Real: 39, 5 pontos
Rosas de Ouro: 39,4 pontos
Pérola Negra: 39,3 pontos

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