Julho chegou com o fim do imbróglio político e jurídico criado pelas próprias escolas ao tentarem rasgar o regulamento pelo terceiro ano seguido. Os sorteios da Série A e Especial estavam marcados. Antes disso, porém o prefeito Marcelo Crivella mostrou mais uma vez todo o seu desprezo pela manifestação cultural que é o carnaval. Ele anunciou que faria um decreto onde proibiria serviços públicos, como a coleta de lixo, em eventos com vendas de ingressos. A medida afetaria diretamente os desfiles na Marquês de Sapucaí. Preocupada, a Liesa se manifestou sobre o assunto.
A ordem de desfiles do Grupo Especial foi sorteada sem qualquer evento festivo, pois devido à perda de tempo com a disputa política na liga não havia como preparar nenhum evento. O sorteio aconteceu na própria sede da Liesa, no centro do Rio, no dia 18 de julho, apenas oito dias após a plenária que desfez a virada de mesa. Com 13 escolas no grupo, a Paraíso do Tuiuti optou por não participar do sorteio, escolhendo ser a quarta de domingo. Com Estácio abrindo o domingo e a São Clemente a segunda-feira, criaram-se cinco pares com as demais 10 escolas. A ordem sorteada foi a seguinte: desfilam no domingo de carnaval a Estácio de Sá, Viradouro, Mangueira, Tuiuti, Grande Rio, União da Ilha e Portela. Na segunda noite passam pela avenida São Clemente, Vila Isabel, Salgueiro, Tijuca, Mocidade e Beija-Flor.
Apenas cinco dias depois de definida a ordem do Grupo Especial, foi a vez da Série A conhecer a sua ordem de desfile para o Carnaval 2020. Também realizada na sede da Lierj no centro do Rio, a ordem sorteada ficou assim, após as trocas estabelecidas: Na sexta-feira de carnaval desfilam Vigário Geral, Rocinha, Ponte, Porto da Pedra, Cubango, Renascer e Império Serrano. No sábado é a vez de Sossego, Inocentes, Bangu, Santa Cruz, Imperatriz, Unidos de Padre Miguel e Império da Tijuca.
Enfraquecido politicamente após a derrota na Liesa, o presidente da Imperatriz, Luisinho Drumond, anunciou sua renúncia. O bicheiro controla a escola desde 1976, e está na presidência desde 2007. Preocupada com os rumos da escola, a comunidade da Imperatriz se mobilizou e organizou um ato em apoio ao presidente. O evento mostrou a força da família Drumond, não apenas na Imperatriz, mas no carnaval. Sensibilizado pelo apoio dos gresilenses, Luisinho desistiu da renúncia e segue na escola.
Saída do casal abre crise política na Mocidade
No final do mês de agosto, a Mocidade, que parecia navegar em céu de brigadeiro, com um grande enredo e um grande samba, passou por uma pesada turbulência no seu pré-carnaval. Após desentendimentos com a direção da agremiação, o casal Marcinho e Cris Caldas foi demitido. A notícia caiu como uma bomba na comunidade, que não aceitou a decisão e protestou nas redes sociais. Diogo Jesus e Bruna Santos formam o novo casal, o que aumentou a crise, devido às atitudes de Diogo no passado em sua primeira passagem pela escola. A dupla demitida resolveu se manifestar e o então vice-presidente, Rodrigo Pacheco, alegando divergências com a nova diretoria, anunciou sua renúncia do cargo. Foi nesse clima que a Mocidade escolheu samba-enredo em setembro.
Em agosto duas tradicionais agremiações do carnaval carioca decidiram fazer mudanças drásticas no processo de escolha do samba-enredo. A Unidos da Tijuca aderiu à encomenda da obra pela primeira vez em sua história. E a Unidos de Vila Isabel, seguindo um modelo realizado em São Paulo, optou por promover uma disputa interna e escolheu o seu samba após audições em CD.
Escolha de samba do Império Serrano termina em briga generalizada
Uma das escolas mais tradicionais do carnaval carioca viveu cenas lamentáveis na noite de escolha do samba par o Carnaval 2020. Visivelmente contrariada com a decisão de sua diretoria em escolher a obra campeã, a presidente do Império Serrano, Vera Lúcia Corrêa, renunciou ao cargo ainda no palco no momento do anúncio. O clima pesado instaurado na quadra culminou com uma briga generalizada entre apoiadores do samba vencedor e opositores. Cadeiras, mesas e baldes de cerveja voaram pela quadra. No dia seguinte, arrependida, Vera Lúcia se arrependeu e optou por permanecer no cargo. Foi o quarto dirigente a renunciar e desistir do ato em 2019 no carnaval.
No fim de setembro a Liesa anunciou importantes mudanças em seu regulamento para o desfile de 2020. Buscando enxugar ainda mais os desfiles, cortou uma parada para cabines de julgamento (agora serão três), liberando a bateria da obrigatoriedade de apresentação. Além disso o tempo de desfiles foi reduzido de 75 para 70 minutos, no máximo.