Ninguém duvida que o festival folclórico de Parintins mudou a história do carnaval. Com um know-how exclusivo para movimentar alegorias, eles trouxeram nova roupagem ao maior espetáculo da terra. Tanto que carnavalescos do Grupo Especial enalteceram a técnica e o comprometimento dos artistas amazonenses em debate promovido pelo Observatório de Carnaval da UFRJ (OBCAR). (Fotos: Amanda Alves)
O carnavalesco Jack Vasconcelos, da Mocidade, foi interpelado sobre o motivo dos profissionais de Parintins realizarem mais trabalhos em detrimento de pintores de arte e escultores do próprio Rio de Janeiro. Categórico, Jack respondeu que eles oferecem um pacote completo e um serviço de excelência.
“Essa é uma questão muito interessante. Não há menosprezo a qualquer tipo de profissional. Mas o fato é que o pessoal de Parintins possui uma organização impressionante. Quando chegam ao Rio oferecem um pacote completo aos dirigentes e o processo sai todo muito mais barato. Eles realizam todas as etapas, não são só os movimentos. No momento de crise que vivemos? Ora, que dirigente não busca economia aliado a um bom trabalho artístico?”, defendeu.
Alex de Souza, do Salgueiro, tocou em pontos sensíveis da mão-de-obra artística que os barracões necessitam na hora da construção do carnaval. O experiente artista pediu que as agremiações busquem formar profissionais e busquem receitas para deixar de depender de subvenção pública.
“A escola de samba precisa cumprir a sua função de escola. Os profissionais deveriam ser formados por elas próprias. O que as escolas produzem para fazer dinheiro e não depender de terceiros? Cursos no estilo do Senac deveriam existir dentro das agremiações. O carnavalesco é uma formiguinha nessa engrenagem. Tenho uma equipe reduzida pois se não houver recursos eu mesmo pago a eles. Não acho certo chamar pessoas para trabalharem comigo e não receberem. A formação da equipe precisa contar com pessoas que estejam de fato com você”, alertou.
Outro experiente artista da festa que participou da conversa foi Cahê Rodrigues. Atualmente na União da Ilha, foi pelas mãos de Cahê que Leandro Vieira recebeu sua primeira oportunidade no carnaval. Cahê ressalta que além da formação acadêmica, seja ela qual for, é de suma importância dar oportunidades aos novos talentos.
“Quando vejo o Leandro campeoníssimo me lembro dele batendo lá na Portela em 2005. Sempre foi um grande talento. Isso é muito bacana. Não é porque o Cahê foi um grande mestre ou professor. Eu apenas dei uma oportunidade. Como me deram há 20 anos atrás. A oportunidade é fundamental. Fazer carnaval é amar e estar preparado para tudo isso. Uma hora você está na Cidade do Samba. Outra você tá fazendo desfile em um barracão sem a mínima condição”, alertou.