A palavra de ordem da gestão de Fernando Fernandes na Vila Isabel é resgate. A palavra que soa como clichê é uma espécie de mantra no trabalho do presidente e sua equipe desde que assumiu a cerca de quatro meses. O mandatário recebeu a reportagem do CARNAVALESCO no barracão para a série Entrevistão. Fernando garante que o objetivo é voltar entre as campeãs, apresenta com dados alguns resultados de sua gestão e destaca que está ele próprio ligando para componentes que deixaram de desfilar nos últimos anos.
Qual a relação do Fernando Fernandes com a Vila Isabel?
“Eu nasci em Vila Isabel, morei no bairro durante 35 anos. Minha família também é do bairro. Muita gente não sabe disso e acha que caí de para-quedas. Conheci o Paulo Brazão. A minha empresa funciona no bairro. Eu tenho 54 anos e todos vividos em Vila Isabel”.
O que sua gestão já fez desde que assumiu?
“Assumimos tem quatro meses. Fizemos as modificações que achamos que deveriam ser feitas, com a contratação dos profissionais. Fizemos melhorias significativas no barracão. O fundamental foi uma gestão de compras, onde não compramos de qualquer fornecedor. Reduzimos 45% nos preços e temos 75% da escola pronta, ensacada. Até o final de janeiro eu vou ‘fechar’ o barracão”.
A Vila quase foi rebaixada em 2014, logo após ser campeã. Como se explicar tanta irregularidade?
“Isso é uma falta de gestão total, administrativa e financeira. Acertamos toda essa parte aqui, o material está todo pago. Aqui vence qualidade e preço. Por isso temos o carnaval completamente organizado. O segredo é ter uma gestão forte, sem amizades. Estamos fazendo compras em São Paulo, onde é muito mais barato que aqui. O preço é alma do negócio”.
Como trazer de volta componentes que deixaram de desfilar?
“Vamos entregar fantasias completas, sem faltar uma única peça. O componente aqui tem de ser respeitado. Temos figurinos glamourosos e pretendemos entregar com qualidade. Estamos ligando para os componentes, criei um canal ‘Fale com o presidente’. Anoto reclamações e às vezes resolvo lá na própria quadra. Quando as pessoas são respeitadas, elas fazem as coisas com prazer”.
Como você vê a questão do marketing nas escolas?
“Nós temos um marketing agressivo aqui. Fazemos eventos corporativos, casamentos, festas, congressos. Primeiro para você gerar receita e eventos você tem de receber bem as pessoas. Nós fazemos um trabalho de resgate. Nossos ensaios tem ficado razoavelmente cheios. Eu gosto de ficar lá embaixo na quadra, visito os banheiros. Não gosto de camarote. Isso também interfere na gestão. Até os eventos que terceirizam a quadra eu fiscalizo”.
O cargo de presidente da Vila não é muito estável, concorda?
“Estamos nos reestruturando. Vou cumprir meu mandato de três anos. Já aviso logo que não saio, pois o estigma recente de presidentes da Vila é complicado. Cada segmento precisa ser respeitado. Toda quinta fazemos uma reunião de diretoria. Tenho certeza que nós vamos fazer um grande carnaval. Não voltamos entre as campeãs desde 2013. Esse é o meu objetivo nesse ano”.
Não é fácil voltar nas campeãs. Como fazer?
“Trabalhando. Hoje nós temos aqui um diretor de barracão, o Moisés e o diretor de carnaval, Wilsinho, já foi até presidente. Não tenha dúvida que eles serão cobrados. Nós vamos treinar muito para fazer um desfile correto. O nosso casal vai ensaiar com a roupa do desfile a partir de janeiro”.
Como é a relação com a família Guimarães?
“Conheço o Capitão há cinco meses. É uma pessoa educada, gentil e respeitosa. Ajuda muito a Vila, adora a escola. Está sempre pronto a apoiar o carnaval. Ele respeita a minha posição de presidente, sempre em um tom amigo e conciliador”.
Sem os ensaios comerciais, a escola vai intensificar os ensaios na 28 de setembro?
“A escola vai ensaiar 11 vezes na rua. A prefeitura dificultou ao máximo, você tem de fazer uma planta, com banheiros químicos. Apesar disso vamos ensaiar. Eu penso também em usar a Praça Barão de Drummond, onde não tem empecilho de trânsito e fechamento de rua”.