Uniao da ilha Desfile2019 138

Após a plenária na Liesa decidir pela redução do tempo de desfile de 75 para 70 minutos, a reportagem do CARNAVALESCO conversou com diretores de harmonia e de carnaval das escolas do Grupo Especial para saber em que a medida impactaria no trabalho de preparação para o carnaval 2020. E, entre os diretores ouvidos, uma conclusão foi unânime. A redução do número de paradas para apresentações na frente dos jurados contribui em muito para evitar que as escolas possam estourar o tempo de desfile.

Fábio Pavão, vice-presidente da Portela e membro da comissão de carnaval da escola, confessou que a agremiação já esperava a medida e, portanto, já se movimentava para que a decisão não pudesse impactar no desfile.

“A Portela já esperava essa decisão. A gente já havia começado o nosso projeto considerando essa possibilidade. Isso não vai afetar diretamente o nosso trabalho de planejamento. O que a gente tem que fazer com a redução de 5 minutos? Primeiro que a gente vai ter uma cabine a menos o que significa que vamos ter uma parada a menos de comissão de frente e de casal de mestre-sala e porta-bandeira. O que por si só já apresenta uns 4 minutos. Uma outra medida por segurança vai ser reduzir a quantidade de componentes para cada ala. A Portela vem com a mesma quantidade de alas que o ano passado, porém uma quantidade ligeiramente menor de componentes, para diminuir a escola sem comprometer sua parte artística”.

Thiago Monteiro, diretor de carnaval da Grande Rio, revelou que a própria crise financeira do carnaval já havia levado a escola a uma adaptação no planejamento.

“A partir do momento que você tira uma cabine, isso (diminuição do tempo máximo de desfile) não vai influenciar em nada. Pois o tempo de parada de um casal por exemplo em uma cabine dava quase 5 minutos. Na prática não influencia muito para nós. Reduzir tamanho de escola, depende de cada agremiação. A gente já estava se adaptando a nova realidade há algum tempo, inclusive em função de dificuldades financeiras”.

Dudu Azevedo, diretor de carnaval da Beija-Flor, concordou com os dois colegas de que a redução do número de cabines ajuda a resolver o problema do tempo.

“Eu fico muito tranquilo em relação ao tempo, pois com o número de cabines menor, acaba por equilibrar está questão. A nossa estratégia segue a mesma até porque nós já tínhamos o entendimento de ter uma contingente menor, trabalhando com um tempo menor até para que os foliões aproveitem mais”.

Se os diretores concordam com a questão da redução no número de cabines ajudando a reduzir o risco de estouro, há o temor por uma desvalorização da parte tradicional e cultura da folia com as novas ações acordadas na Liga.

Thiago Monteiro, por exemplo, entende a necessidade das medidas do ponto de vista mercadológico, mas se mostra preocupado em relação a valorização cultural da folia.

“Lógico que como amante do carnaval, apreciador da tradição das escolas de samba, nunca é bom você ter aquilo que você ama, o seu espetáculo reduzido. Em contrapartida, a gente tem de entender que a Liga precisar atender as necessidades do mercado, precisa ouvir os seus parceiros comerciais. E para isso, essa decisão de ir para 70 minutos, acabou sendo inevitável”.

Fábio Pavão vai pelo mesmo caminho que Thiago Monteiro e aponta o dinamismo da festa e sua capacidade de adaptação como combustíveis para que as mudanças possam ajudar o carnaval a evoluir.

“Pessoalmente, como amante do carnaval, não me agrada ver o desfile encolhendo, mas eu entendo que é necessário torná-lo mais dinâmico. Historicamente, as escolas de samba sempre se transformaram atendendo às demandas da sociedade. Neste caso, atende as demandas do mercado. Cabe a nós, dirigentes, conciliar estas mudanças aos aspectos culturais, fazendo com que as escolas de samba também atendam aos anseios de sua comunidade”.

Já Dudu Azevedo viu as medidas com um olhar diferente, acreditando que elas possam atender aos anseios do público e dos foliões.

“Eu acho que diminuir o número de cabines, privilegia quem desfila. Dá um equilíbrio, deixa mais tempo para o folião brincar. Com tantas cabines, não dá para o folião curtir muito. E para o público, fica mais dinâmico pela redução do tempo também”.

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