Dentre as mudanças no regulamento par o Carnaval 2020 uma delas atinge diretamente um dos quesitos mais importantes de um desfile, a bateria. A partir do ano que vem os ritmistas estão desobrigados a pararem em frente aos módulos de julgamento para apresentar a bateria. Em tese nunca ouve esta obrigatoriedade no julgamento, mas alguns jurados retiravam décimos quando mestres não paravam. A novidade é que de 2020 em diante eles não poderão alegar isso nas justificativas.
A reportagem do CARNAVALESCO ouviu mestres de bateria, os maiores interessados na mudança e o jornalista e especialista no segmento, Rodrigo Coutinho. De acordo com Coutinho, as direções de harmonia precisam se conscientizar da importância de apresentar a bateria nos módulos. Segundo ele é preciso deixar claro no regulamento e no curso de jurados a não obrigatoriedade da parada.
“Importante ser frisado textualmente no regulamento e deixado claro no curso. Julgadores tem tirado ponto desse aspecto alegando falta de criatividade, mas às vezes é porque a bateria não para no módulo. Por outro lado eu acho uma pena, pois as baterias realizam um trabalho de um ano inteiro e se não contar com a boa vontade da direção de carnaval e de harmonia, não consegue mostrar o trabalho. Andando é muito pouco para se mostrar o desempenho. Tem de haver essa conscientização dos dirigentes. Vale lembrar que a parada nunca foi obrigatória. O principal neste ponto é o trabalho da Liga junto aos julgadores e a conscientização dos dirigentes. Alguma parada na altura da cabine é importante”, opina.
Mestres de bateria divergentes com relação à novidade
A não obrigatoriedade de parada nos módulos para exibição da bateria desagrada um dos principais nomes da nova geração. Para o mestre da Grande Rio, Fafá, o trabalho dos mestres pode ficar desvalorizado sem a exibição correta nos módulos de julgamento.
“Eu como mestre vejo esse lance de não parar muito ruim. Se você analisar que o casal e comissã param, os jurados vão observando com atenção. Só a bateria não parar acho complicado. Se com 75 minutos já tinha diretor de carnaval que obrigava a bateria a andar, com 70 será mais difícil ainda. Acho muito importante uma reunião com os jurados para deixar tudo muito claro. Afinal obrigado a parar nunca foi. Não vejo com muitos bons olhos não”, opinou.
O mestre Rodney, da Beija-Flor, um dos mais experientes do Grupo Especial, é favorável à medida. Ele lembra que já foi punido por não parar e não considera fundamental esse aspecto para o julgamento de bateria.
“Eu já fui penalizado. Eu acho que alguns julgadores penalizavam, agora não tem como penalizar, eu acho melhor. Está definido dessa forma. Isso na teoria é bom, vamos ver na prática. Eu sou à favor da transparência sempre. Isso deixa mais claro. Em condições normais, fazemos ensaios para fazer convenções andando. Particularmente acho melhor dessa forma. Não tendo essa obrigação é melhor. Isso atrasa o andamento do desfile”, destaca.