Ao convocar um ato em apoio a Luizinho Drumond, seu eterno presidente, a comunidade da Imperatriz Leopoldinense passou uma mensagem para todo mundo do carnaval de que não aceitaria impunemente à renúncia de seu líder. Um ato político, como tantos que nos acostumamos a ver no carnaval. Entretanto, não é possível dar ordens ao coração, pois como diz o poeta, ele tem razões que a própria razão desconhece.
Os que acreditavam ser um fiasco de público, acabaram surpreendidos. Aqueles que consideravam que seria algo estritamente político, tiveram que topar com pessoas emocionadas e que literalmente gritavam os clássicos sambas da Imperatriz, junto da bateria e de sambistas de outras escolas. Um ato de amor ao carnaval.
A partir das 15h deste domingo as pessoas foram chegando na quadra da Imperatriz para o ato. Personalidades notórias da escola iam assinando o livro de presença: Preto Joia, Chiquinho, Maria Helena, Elymar Santos. Sambistas de outras escolas marcaram presença: Regina Celi, Leonardo Bessa, Júnior Escafura, Giovanna Justo, Renatinho Gomes, Marquinho Harmonia, Fabrício Gomes, e os pavilhões de Estácio, Salgueiro, Grande Rio e Mocidade. A verde e branca da Zona Oeste enviou seu departamento social e ritmistas da bateria Não Existe Mais Quente.
O ato se transformou completamente quando Elymar Santos pegou o microfone. Com um discurso inflamado ele apelou ao coração de gresilense de Luizinho para demovê-lo dessa ideia.
“Ninguém podia esperar que o Luizinho fosse tão respeitado. Eles podem fazer o que quiserem, mas não tem essa moral junto ao seu povo. Eles são os judas do carnaval, te traíram, mas a nação leopoldinense jamais fará isso com você. Eu te homenageei no meu DVD, quando disse que sou Imperatriz antes de você. Você fez a Imperatriz ser uma das grandes escolas desse país. Não abandone o barco, como os Judas querem. Fique de pé para vencer os canalhas do samba. Você é forte e mais do que nunca você sabe que a força está com o seu povo”, disse.
Ao mesmo tempo torcedores da escola não seguraram as lágrimas nos olhos. Elymar começou a cantar sambas de terreiro da escola à capela, mostrando o quão Imperatriz ele é.
A porta-bandeira Maria Helena começou a bailar com seu filho e eterno parceiro Chiquinho. No meio da rua. Um momento histórico na lendária rua Professor Lacê. Uma ode de amor a um pavilhão. Poderia tranquilamente alterar a letra do mais famoso samba de exaltação da escola para ‘quem não sabe o que é o amor, não sabe o que é Imperatriz’.
Sambistas pedem que Luizinho repense a ideia de renunciar
Uma das idealizadoras do evento foi a jornalista Lúcia Mello, uma das vítimas do terrível acidente com o carro do Tuiuti no Carnaval 2017. Lúcia afirmou que viveu uma grande emoção.
“Eu confesso que estou muito surpresa com a adesão do movimento. É claro que eu sabia que os gresilenses de verdade viriam, mas veio muita gente de outras escolas. É bastante gratificante. Acho que é a maior emoção que já senti. Espero que nosso Luizinho fique tocado com esse gesto”, disse.
O ato foi comandado pelo compositor Jorge Arthur, autor de grandes sambas da história da Imperatriz e também dos últimos dois que foram para a avenida. Ele também fez um apelo a Luizinho.
“Fazemos um apelo ao nosso líder. Senhor Luizinho repense essa decisão de renunciar. Vamos reerguer a nossa escola juntos, como foi lá no início. Esse ato é todo pensado para o senhor”, disse Jorge Arthur, que reuniu todos os presentes para gravar um vídeo especial para o presidente.
A porta-bandeira da Imperatriz, Rafaela Theodoro, também prestigiou o evento e disse que a família Drumond, de quem é próxima, está muito emocionada com o ato.
“Não é apenas para ele voltar, é para a família toda. Como serão nossos domingos na Imperatriz sem a Simone aqui na quadra? Eu tenho certeza que estão todos muito felizes e emocionados com esse carinho demonstrado por ele”, disse a porta-bandeira.