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Banhadas na ancestralidade, baianas da Alegria da Zona Sul salvam Vovó Maria Conga em fantasia leve

Por Gabriel Leal

Segunda escola a desfilar na sexta-feira de carnaval, a Alegria da Zona Sul levou para avenida o enredo “Saravá, Umbanda”. Uma homenagem à religião brasileira fundada no século 19 que contou com três alegorias e 17 alas. Banhada na ancestralidade da temática, a escola trouxe em sua abertura uma ala das baianas comovida pelo tema e satisfeita com a representação da fantasia dentro do enredo.

Conforme a tradição do mundo do samba, a figura das baianas reverencia as mães de santo, as mães do samba, figuras femininas fundamentais no nascimento do samba carioca, elementos que personificam os ideais de sabedoria e aconchego. Para contar a história da Umbanda, a Alegria da Zona Sul optou por incorporar estes ideais juntamente com uma homenagem à linhagem dos Pretos Velhos, na figura da entidade: “Vovó Maria Conga”.

A ala das baianas geralmente conta com número expressivo de mulheres adeptas da Umbanda e do Candomblé. Em 2019, este fator foi fundamental para o brilho das mães do samba na avenida que trajaram uma armação de bambu e tecidos leves, aliados a um adereço na cabeça, sem enfeite na mão. No entanto, mais que a plástica do figurino em si, a força do significado da fantasia foi o toque especial que fez o coração do componente bater mais forte, como foi o caso da baiana Edinalva Ferreira, que descreveu o sentimento de pisar na avenida defendendo as religiões de matriz africana.

“Mexe muito comigo, tenho uma Preta Velha que caminha junto com Vovó. São amigas! Fico feliz! Maria Conga é uma negra africana que veio num navio negreiro. Vamos abraçar Maria Conga. Salve Vovó!”, comemorou a componente.

Nem a chuva que já caía fraca no momento de armação da escola, por volta das 22h45 da noite de sexta, foi capaz de apagar a garra do componente. “Eu sou sambista acima de qualquer coisa. Torço muito pela minha Mocidade. Iansã mandou essa chuva para lavar, para tirar tudo de ruim, para renovar as energias. A chuva só deu mais vontade de desfilar. Sangue nos olhos”, comentou a baiana Adriana Paixão dos Reis, de 50 anos, moradora de Bangu e também baiana da Acadêmicos do Sossego – mais uma escola a levar para avenida um enredo ligado à religiosidade.

Para além da identificação dos componentes com a temática, o enredo “Saravá, Umbanda” levantou discussões acerca do cenário de intolerância religiosa, segundo os desfilantes. Grande parte dos componentes acredita que iniciativas como esta ajudam na discussão desta problemática para os não conhecedores das religiões de matrizes africanas.

“É uma homenagem. O enredo ajuda aos preconceituosos refletirem sobre o assunto. Quem faz a religião somos nós. Quando a escola fala isso, ela está levantando a nossa bandeira, a bandeira da Umbanda e do Candomblé”, finalizou dona Edinalva, candomblecista há 41 anos.

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