A Unidos do Viradouro já vive um carnaval especial para 2026. Em um ano marcado por datas simbólicas e pela escolha de um enredo profundamente ligado à identidade da escola, o carnavalesco Tarcísio Zanon revelou ao CARNAVALESCO os bastidores emocionais e criativos da preparação do desfile, que homenageia Ciça e celebra a própria trajetória da agremiação. Segundo Zanon, o momento é de forte conexão entre equipe, história e sentimento.

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Foto: Gabriel Gomes/CARNAVALESCO

“Esse ano a gente está vivendo uma grande emoção porque parece que estamos contando a nossa própria história. É um ano muito significativo: 80 anos da escola, 70 anos do Ciça, 55 anos de avenida do. E temos um enredo vivo, muito próximo da gente”.

A presença constante de Ciça no processo criativo é apontada como um dos grandes diferenciais do trabalho. Para o carnavalesco, o homenageado extrapola o papel de mestre de bateria e se coloca como guardião da memória da escola.

“Além de ser um grande mestre, o Ciça é um griô de fato. Ele está praticamente todos os dias no barracão. Não só ligado à parte plástica, de produção, mas porque vivencia todos os momentos do carnaval”.

A parceria criativa também tem sido um ponto alto do projeto. Zanon ressaltou a troca com o enredista  João Gustavo Melo, destacando a riqueza de referências disponíveis para a construção do desfile.

“Pra mim e para o João, que é esse grande parceiro, esse grande gênio, e que dispensa comentários. Dispensa elogios pelo tamanho que ele tem no carnaval, tem sido muito prazeroso. Fomos alguns dias à casa dos filhos dele, mas nem precisou muito: já estava tudo ali, já estava presente. É muito bom poder ter nossa bibliografia toda disponível, a qualquer momento, e poder acessar. É uma delícia construir esse carnaval”.

No barracão, a proposta estética busca unir memória e inovação. O carnavalesco explicou que a narrativa visual do desfile pretende acompanhar Ciça na Avenida, em um diálogo direto entre passado e presente.

“Existe uma nostalgia, um revival moderno. A gente se preocupou o tempo todo em contar a história do Ciça enquanto o público vê o Ciça na Marquês de Sapucaí. Uma das perguntas que ouvi muito foi: ‘como transformar o ritmo em visual?’”

Para Zanon, a resposta passa pela própria personalidade do homenageado, cuja trajetória sempre esteve associada à imagem e ao movimento. “No caso do Ciça, isso se torna mais fácil. Não muito fácil, mas muito mais tranquilo, porque além de ritmo ele é visual. Você vê grandes imagens dele na Marquês, imagens que ficaram eternizadas na nossa memória”.

Essa dimensão visual também dialoga com a dança e a corporeidade que marcaram a história de Ciça. “E o Ciça não é só ritmo enquanto música. É ritmo enquanto dança também. Ele começa como passista e leva a coreografia pra bateria. As pessoas podem esperar esses grandes momentos, essas imagens icônicas e marcantes que ficaram na nossa cabeça, mas apresentadas de forma completamente moderna”.

O trabalho na Viradouro, segundo o carnavalesco, tem sido marcado por aprendizado e espírito coletivo. Zanon destacou o ambiente colaborativo da escola e o sentimento de pertencimento que permeia a construção do desfile. “É um aprendizado enorme. Eu sou meio ousado, às vezes jogo uma ideia, mas sempre me coloco no meu lugar, cumprindo minha função de carnavalesco. Aqui todo mundo conversa de igual pra igual, todo mundo escuta o outro. É realmente uma família que pensa pelo melhor”.

Esse clima, de acordo com ele, se intensificou ainda mais em 2026, justamente pela natureza do enredo. “E esse ano tem sido ainda mais família, porque estamos falando sobre nós mesmos, sobre um dos nossos. Tem sido emocionante. Uma delícia”.