Por Gustavo Lima, Naomi Prado, Lucas Sampaio, Gustavo Mattos, Eduardo Frois e Will Ferreira
As escolas de samba do Grupo de Acesso I de São Paulo participaram neste sábado dos minidesfiles realizados na Festa de Lançamento dos Sambas-Enredo do Carnaval 2026. As agremiações abrilhantaram o início da noite com as apresentações para o público, que compareceu massivamente à Fábrica do Samba, localizada na Barra Funda. Confira a seguir uma análise do que cada postulante a uma vaga na elite da folia paulistana apresentou na passarela.
CAMISA 12

Retornando ao Grupo de Acesso I após 20 anos e encarregada de abrir as apresentações, a Camisa 12 mostrou para o público que cada vez mais se identifica com enredos de cultura africana. Com uma comissão de frente caracterizada e coreografando de acordo com a proposta do enredo “Princesas Nagô, Rainhas do Brasil – A origem da fé, herança de Ketu”, assinado por Delmo de Moraes, que falará sobre as mulheres que fundaram o primeiro terreiro de candomblé no Brasil, a agremiação da torcida corintiana também teve no samba conduzido por Clóvis Pê e Tim Cardoso um fator positivo. A comunidade cantou forte ao som da obra e contribuiu para uma animada abertura das apresentações da segunda divisão da folia paulistana.
UNIDOS DE VILA MARIA

Segunda escola a desfilar, a Vila Maria aposta no enredo “Do chão que alimenta à culinária que encanta: Brasil, um banquete de sabores”, assinado por Vinícius Freitas, para retornar ao Grupo Especial após três carnavais. Os destaques da apresentação da “Mais Famosa” vão para as roupas dos casais de mestre-sala e porta-bandeira, em especial o primeiro, formado por Camila Moreira e Carlos Eduardo, que evoluíram com uma fantasia de plumas arroxeadas deslumbrante. A bateria “Cadência da Vila”, agora comandada pelo mestre Marcel Bonfim, mostrou que continua afiada e ajudou a elevar o nível do samba conduzido pelo intérprete Clayton Reis.
ACADÊMICOS DO TUCURUVI

Mordidos após o polêmico rebaixamento no Carnaval de 2025, os Acadêmicos do Tucuruvi mostraram vigor para conduzir o enredo “Anti-Herói Brasil”, assinado por Nicolas Gonçalves. Terceira escola a se apresentar, a trupe da Cantareira teve na comissão de frente um ponto forte. Caracterizados de malandros liderados por uma entidade, deram o tom da proposta do tema, que é celebrar o povo brasileiro, os anti-heróis que superam com bravura os desafios do dia a dia. A quarta ala da agremiação da Cantareira, uma das poucas com caracterização específica dentre as apresentações do Acesso I, veio justamente representando diferentes perfis de pessoas comuns, chamando a atenção do público.
A “Bateria do Zaca”, comandada pelo mestre Serginho, mostrou a já conhecida boa forma e ajudou a animar os componentes, que cantaram forte o samba comandado pelo intérprete Hudson Luiz.
MANCHA VERDE

A quarta apresentação foi de outra agremiação que teve um rebaixamento surpreendente. Após anos disputando título na elite, a Mancha Verde volta ao Acesso I e já no minidesfile demonstrou sua força. Apostando na reedição do enredo “Pelas mãos do mensageiro do Axé, a lição de Odu Obará: a humildade”, do Carnaval de 2012 e assinado desta vez por Rodrigo Meiners, a apresentação teve como principal destaque a harmonia. O samba, que assim como na primeira vez foi comandado pelo intérprete Freddy Vianna, é um dos mais cantados na quadra alviverde há anos, o que tornou muito fácil para a comunidade se empolgar ao som da obra.
Destacaram-se também a bela caracterização da comissão de frente, com uma coreografia vibrante, e o alto astral do primeiro casal, formado por Adriana Gomes e seu novo parceiro, Thiago Bispo.
NENÊ DE VILA MATILDE

Após bater na trave em 2025, a Nenê aposta no enredo “Encruzas – Nenê de Corpo e Alma no Coração de São Paulo”, assinado por Danilo Dantas, que exaltará o famoso cruzamento da Avenida Ipiranga com a Avenida São João, para retornar ao Grupo Especial. A Águia da Zona Leste foi a quinta escola a passar pela pista e, entre seus principais destaques, esteve o grande número de desfilantes. A comunidade compareceu em peso e cantou o samba defendido pelo intérprete Tiganá com vigor. A obra teve um bom desempenho no desfile, embalada pelas notas criativas da “Bateria de Bamba”, comandada pelo mestre Matheus Machado.
PÉROLA NEGRA

Retornando como campeã do Grupo de Acesso II e sexta escola a se apresentar, a Pérola Negra foi também a primeira agremiação do ano a apostar em um tripé no minidesfile, o que se tornou padrão até o final do evento. A alegoria era basicamente o símbolo da escola, porém grande e rica em detalhes. A “Joia Rara” também optou por não abrir a apresentação com uma comissão de frente coreografada, apostando no encanto da comunidade de sua escola mirim, a Perolinhas do Amanhã, para conquistar o público.
O animado samba, defendido pelo intérprete Lucas Donato e Juan Briggs, embalou a comunidade da Vila Madalena ao longo do desfile, que contou também com alguns componentes caracterizados de acordo com o enredo “Valei-me cangaceira arretada, Maria que abala a gira, valente e bonita que vence demanda”, assinado por André Machado, que celebrará a força da mulher nordestina por meio da figura da cangaceira Maria Bonita, esposa de Lampião.
DOM BOSCO DE ITAQUERA

A escola da Zona Leste foi a sétima a se apresentar e, desde o início, impressionou o público com sua comissão de frente caracterizada e evoluindo em passos bem comuns de enredos afro. O tripé que veio em seguida contou com a presença de uma destaque fantasiada em referência ao enredo “Mariama – Mãe de todas as raças, de todas as cores. Mãe de todos os cantos da Terra”, assinado por Fábio Gouveia.
O exaltado samba da Dom Bosco, defendido pelo intérprete Rodrigo Xará, mostrou força na pista por meio do forte canto da comunidade. Outro destaque vai para as várias rosas distribuídas ao público ao longo da passagem da comunidade itaquerense.
INDEPENDENTE TRICOLOR

Iniciando sua apresentação com um tripé gigantesco com o símbolo e o nome da escola, a Independente Tricolor foi a oitava e última escola do Acesso I a se apresentar. A comissão de frente passou caracterizada e evoluindo de acordo com a proposta do enredo “N’Goma – A primeira festa na manhã do mundo”, assinado por Léo Cabral e Yuri Aguiar. Chamou a atenção um componente do quesito carregando um tambor e o tocando em dados momentos da coreografia, sendo referência direta à proposta central do tema. O primeiro casal da escola, formado por Jeff Anthony e Thais Paraguassu, levantou o público com vigor e uma bela dança.









