Na noite da última sexta-feira, enquanto as escolas Acadêmicos de Niterói, Imperatriz Leopoldinense, Portela e Mangueira percorriam a Cidade do Samba na primeira noite de minidesfiles do Grupo Especial, um outro espetáculo chamava a atenção do público: a exposição criada pelo Departamento Cultural da Liesa em homenagem às carnavalescas Rosa Magalhães, Maria Augusta e Márcia Lage. Idealizada por Evelyn Bastos, rainha de bateria da Mangueira e diretora cultural da Liga, a mostra reuniu fotos, textos e memórias de desfiles emblemáticos assinados por essas três referências do carnaval.

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Evelyn Bastos, que esteve presente para desfilar e acompanhou a movimentação do público, destacou o propósito emocional e histórico da homenagem.

“Quis trazer nossas três estrelas carnavalescas, mulheres revolucionárias, que tiveram a oportunidade de estar no carnaval da forma que elas quiseram, utilizando a arte, a magia e o dom. Trouxemos Rosa Magalhães, Maria Augusta e Márcia Lage de uma forma poética, mas também mostrando curiosidades e eternizando todos os seus carnavais, a história e o legado de cada uma. Dessa forma, provamos o quanto é importante ter mulheres em todos os lugares. A história das três é eterna, e que passemos isso de geração a geração. Que as crianças saibam quem são essas grandes estrelas que deixam um marco extremamente importante e mágico para nós”.

Para o presidente da Liesa, Gabriel David, a exposição representa um novo passo no fortalecimento do departamento cultural da Liga.

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Fotos: Carolina Freitas/CARNAVALESCO

“É uma das maiores exposições do nosso Departamento Cultural. Já vínhamos fazendo isso em outros eventos, e agora entra todo o time da Evelyn trabalhando e mostrando algo muito significativo para nós. Fico muito feliz que possamos também utilizar a Cidade do Samba como um espaço para relembrar, homenagear e agradecer a essas mulheres tão importantes para a história do carnaval”.

O público que circulou pelo galpão durante o minidesfile também fez questão de prestigiar a mostra. A professora portelense Valéria de Oliveira, 51 anos, que foi ao evento pela primeira vez acompanhada da filha, se emocionou ao ver o conteúdo exposto. “Essa exposição é muito importante para as pessoas conhecerem a nossa cultura. O carnaval é uma das maiores festas do Brasil, por isso é essencial que ele seja mostrado para todos como é de verdade, exaltando a beleza e a dedicação que há por trás de quem faz essa festa acontecer.”

Dayane Lopes, 29 anos, técnica de enfermagem e torcedora da Beija-Flor, destacou o impacto da mostra para quem vem de longe. “É importante até mesmo para o público que vem de fora, seja do estado ou do país, saber mais sobre os desfiles marcantes que já tivemos no nosso carnaval”.

Já Jade Medeiros, 28 anos, salgueirense e namorada de Dayane, ressaltou o caráter educativo do projeto. “É mostrar que o carnaval é cultura o ano inteiro, não só em fevereiro. Eu acho que isso é a melhor coisa”.

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Entre os apaixonados por carnaval que passaram pela exposição estava o contador Felipe Passarelli, 28 anos, salgueirense e ritmista da Vila Isabel e do Império Serrano.

“Parei aqui para observar e o que mais gostei foi ver os carnavais mais marcantes que já passaram na Sapucaí. Acho muito bacana botar a cultura popular para cima com essas exposições, mostrando desde a era antes do Sambódromo até agora, na contemporânea. Temos que manter essa memória viva, principalmente aqui na Cidade do Samba, pois está vindo aí a nova geração do carnaval carioca, que talvez nunca tenha visto isso aqui.”

A amiga Marcelle Diniz, 21 anos, publicitária e mangueirense, que acompanhava Felipe, concordou com a importância da iniciativa.

“Ele falou bem sobre essa nova geração, porque a Cidade do Samba também contempla um público muito grande e diverso. Com essa exposição, a galera mais nova ou leiga também pode conhecer o carnaval antigo, como os feitos por essas grandes mulheres.”

Sua irmã, Ynara Diniz, 29 anos, jornalista, mangueirense e também amiga de Felipe, reforçou o papel social do evento.

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“Eu acho mega importante promover esse tipo de coisa nesse evento que já é acessível para a galera, por ser gratuito, e facilitar ainda mais o acesso à informação. Além de ver as escolas, o público ainda pode contemplar o conhecimento de tudo o que é muito importante para o carnaval. Está de parabéns, Liesa”.

Entre os visitantes mais experientes estava Renato de Almeida, 68 anos, santista, diretor de alas técnicas da Mangueira e desfilante há 52 anos no carnaval brasileiro. Para ele, a homenagem a Rosa trouxe lembranças especiais.

“A exposição é muito legal e me emocionou principalmente por Rosa. Em 1989, eu a levei à cidade de Santos para fazer uma palestra. Ela, Laíla e Fernando Pamplona. Foi um grande aprendizado. Ela foi carnavalesca da Mangueira e fez um excelente trabalho, e vê-la sendo homenageada aqui hoje, dessa forma linda, ao lado de outros grandes nomes do carnaval feminino, é sem comentários”.

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Entre memórias, aprendizado e reverência, a exposição se consolidou como um dos pontos altos da primeira noite de minidesfiles e ficará em exibição nos três dias do evento.