A Portela realizou, neste domingo, mais um ensaio de rua da temporada rumo ao Carnaval 2026, comprovando aquilo que quem acompanha carnaval já sabe: a Azul e Branca de Oswaldo Cruz e Madureira está de bem, e muito bem mesmo, com sua comunidade, com seu canto e seus quesitos. Mesmo quando surgiam pequenas demandas ao longo da Estrada do Portela, nada foi capaz de abalar o canto alto e vibrante dos componentes.
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Com o enredo “O Mistério do Príncipe do Bará – A oração do negrinho e a ressurreição de sua coroa sob o céu aberto do Rio Grande”, desenvolvido pelo carnavalesco André Rodrigues, a Portela usa e abusa de artimanhas para um melhor aproveitamento desse samba animado e cheio de nuances que possui para o próximo carnaval. Sendo assim, tudo fluiu para um ensaio de rua bem acertado e objetivo. Desde o primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, não tivemos Comissão de Frente neste ensaio, até a última ala, os componentes demonstraram clareza em seus atos durante o treino.
A noite de domingo em Oswaldo Cruz e Madureira contou com a presença do capitão do pentacampeonato do Brasil, o ex-jogador Cafu, conhecido portelense e figura cativa nos desfiles da agremiação. Ele acompanhou o ensaio do início ao fim, com direito a coreografia com a bateria no encerramento.

MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA
O “casal 40” da Portela apresentou uma sincronia e harmonia jamais vistas nesses três anos juntos na escola, tudo isso envolvido por uma animosidade em compasso com o samba da parte dos dois. O sorriso da Squel não deixa dúvidas de que o andamento do samba tem contribuído muito para o desempenho eufórico do casal, assim como o riscado e empenho de Marlon em executar, com maestria e agilidade, todos os passos da coreografia, já marcada para a cabine espelhada, bem acertada, inclusive.
Se a tendência dessa sincronia e harmonia é melhorar conforme os ensaios acontecerem, teremos, em 2026, as mesmas notas deste ano, além de prêmios.
EVOLUÇÃO

O ensaio seguiu sem intercorrências. Mesmo com alguns pingos de chuva e com a falta de iluminação pública nos postes próximos ao fim do treino, nada parou ou fez o cortejo ter problemas. A escola se manteve vibrante e dançante do início ao fim. Não houve aceleração nem estagnação durante o percurso. Os componentes dançaram o tempo todo, com o canto afiado, em alto e bom tom. Mesmo quando a escola parou em alguns momentos, os componentes continuaram evoluindo, pois seguiam se divertindo do início ao fim.
O presidente Júnior Escafura falou ao CARNAVALESCO sobre sua percepção do ensaio:
“O balanço do ensaio é o melhor possível. A cada semana o ensaio fica melhor. A escola cantando com alegria. A Portela é uma escola que canta com o coração, canta com a alma. Isso deixa a gente muito feliz quando vê o componente cantando feliz e com um sorriso no rosto”, disse o presidente.
Se a evolução foi consistente, a harmonia não ficou atrás.
HARMONIA E SAMBA
Com um canto uníssono, alto, animado e aguerrido, a comunidade deixou nítido que o samba está rendendo dentro dela e deixou a própria comunidade rendida. Nos trechos “Pra Portela incorporar” e “Não há demanda que o povo preto não possa enfrentar”, os componentes berram o samba como se estivessem incorporados de fato e como se a demanda estivesse no desfile do próximo ano. A escola está mais do que pronta para enfrentar o que vier. Na cabeça “Portela, tu és o próprio trono de Zumbi”, o carro de som evoca a comunidade, que responde ao chamado com vontade e ânimo, sinalizando que o refrão será uma onda avassaladora de canto e evolução.
As bossas da “Tabajara do Samba”, sob direção de mestre Vitinho, viabilizam com maestria a entrega de evolução e harmonia por parte dos componentes.
O intérprete Zé Paulo Sierra contou como tem sido a experiência dos ensaios de rua em sua nova escola e o quanto o samba tem rendido.

“Eu acho que, a cada ensaio que a gente faz aqui, conseguimos entender mais como é o percurso, como funciona o canto com a bateria, tudo muito novo para mim. Mas estou muito feliz com o resultado, com a entrega que a escola está tendo, que a comunidade está tendo comigo também. Me acolheram bastante em um momento tão difícil. Eles entenderam que estou aqui para ajudar, não para substituir ninguém, até porque o Gil era um cara fenomenal, dispensa comentários. A gente não tem nem dois meses de trabalho completo, mas a comunidade já comprou esse barulho. Estou muito à vontade cantando aqui. No finalzinho agora eu subi no terraço com a galera, cantei com a galera, estou no meio do povo. Acho que isso é importante pra caramba. A gente está numa crescente. Eu acredito que, até o carnaval, vamos trabalhar muito, muito, muito para chegar lá muito afiados e fazer bonito”, contou o intérprete.

OUTROS DESTAQUES
O presidente Júnior Escafura e a vice, Nilce Fran, acompanharam o ensaio com atenção minuciosa, quase como pais observando cada movimento de um filho.
Próximo à dispersão do ensaio, a escuridão da Estrada do Portela é um ponto desagradável. Ainda assim, há muito público assistindo à escola. E por mais que a centenária escola de samba tenha muito brilho, a falta de iluminação pública prejudica a experiência do público.









