A Unidos de Bangu viveu um momento marcante ao coroar Camila Prins como sua nova rainha de bateria. Mulher trans com trajetória sólida no samba, ela assume o posto em um ano especial, no qual a escola homenageia Leci Brandão, símbolo de resistência, música e luta social. A coroação emocionou o público e reforçou a força da diversidade na avenida.
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A trajetória de Camila é marcada por mais de duas décadas de persistência. Natural de São Paulo, ela começou cedo no carnaval e conquistou espaço com talento e presença. Tornou-se conhecida nacionalmente ao se firmar como uma das rainhas trans mais emblemáticas do samba, com passagens por escolas como Camisa Verde e Branco, Império Serrano, Unidos da Tijuca e Porto da Pedra. Sua carreira também inclui destaque internacional, com participações em eventos e festivais fora do Brasil, sempre levando a representatividade como bandeira.

Perguntada sobre o convite para ser rainha de bateria da Unidos de Bangu, Camila explicou que não esperava viver esse momento.
“Honestamente, eu não esperava esse convite. Eu estava bastante acomodada em São Paulo, e a proposta foi muito grandiosa, especialmente por ter vindo através da minha madrinha, Pipa Braza, uma figura importante em nossa escola, que nos guia com o samba e o enredo. Ela me apresentou à Bangu. Pipa disse: ‘Camila, você precisa ir para o Rio’, e vários outros convites e incentivadores, com raízes em sua história, diziam que eu precisava estar no Rio de Janeiro. E este ano, esse sonho está se tornando realidade”.
O enredo que homenageia Leci Brandão trouxe ainda mais identificação. Camila destacou o peso simbólico do tema em relação à sua própria vivência.

“É um enredo incrível, que se encaixa perfeitamente na minha vivência como mulher trans. E a Leci, nossa guerreira, que tanto lutou por todos nós… É uma mulher extraordinária. Quando soube que o enredo seria sobre Leci Brandão, senti que estava em casa”.
Em 26 anos de jornada artística, Camila enfrentou preconceitos e resistências, mas transformou os desafios em força. Ela relembra as barreiras que precisou superar até conquistar visibilidade e respeito.
“A minha jornada foi marcada por muita persistência para chegar onde estou hoje, Camila Prins. Enfrentei muitas negativas, muitos obstáculos. No início, eu era vista como uma desconhecida, uma modelo. Mas, desde 2018, consegui mostrar quem realmente é Camila Prins. Tive a honra de desfilar pela Camisa Verde e Branco em 2018, pela Furiosa em 2020 e, agora, em 2026, pela Unidos de Bangu”.

Sobre a fantasia que usará como rainha de bateria, Camila contou que já viu o projeto e garantiu que o resultado será impactante.
“Eu já vi a minha fantasia e será incrível. Vocês ficarão impressionados. Meu ateliê, Espaço Luz, e meu maquiador, Bruno Fatone, estão envolvidos. Em janeiro, a roupa já estará comigo”.
A coroação de Camila Prins na Unidos de Bangu representa não apenas a chegada de uma nova rainha, mas um avanço significativo para o carnaval. Sua presença reafirma que o samba é, acima de tudo, um espaço de diversidade, potência e voz. Em um enredo que celebra Leci Brandão, mulher negra que sempre abriu caminhos, a escolha de Camila fortalece a mensagem de que toda forma de existência merece lugar, respeito e destaque na avenida.









