A Mocidade Independente realizou, no último sábado, seu segundo ensaio de rua na nova pista de Bangu. A Avenida Ministro Ary Franco se mostrou um acerto da diretoria para o futuro técnico da escola. Com mais espaço e melhor iluminação, os componentes se soltaram, o primeiro casal flutuou usando toda a extensão da pista e a bateria “Não Existe Mais Quente” deu o show habitual. Com ótima evolução e alegria contagiante, o grande destaque do ensaio foi o componente independente, que fez a escola pulsar pela rua. A Mocidade será a primeira escola a desfilar na segunda-feira de carnaval, em 16 de fevereiro, com o enredo “Rita Lee – A Padroeira da Liberdade”, desenvolvido pelo carnavalesco Renato Lage.

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“A gente veio aqui para fazer uma Mocidade diferente. Uma rua que representasse a Marquês de Sapucaí. A Mocidade é isso: povo, garra, união e, acima de tudo, muito amor. Estou muito feliz. A escola está cantando, está evoluindo. E digo para vocês: nós vamos brigar pelo campeonato. Eu prometi isso e vou cumprir”. A declaração é do diretor de carnaval, Wallace Capoeira, que exibia um sorriso constante, satisfeito com o que viu da escola.

O componente independente é especial. E ninguém pode dizer que a Mocidade não está focada em convencer os jurados darem nota 40 que não veio em 2025, apesar do grande desempenho nos quesitos de chão. Mesmo após terminar na penúltima colocação no último carnaval, a comunidade virou a página e acredita em dias mais vitoriosos. Isso se reflete nos ensaios: vibrantes, disciplinados e com uma energia que impressiona da concentração ao final.

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A vibração imposta desde o esquenta e o sacode da bateria do mestre Dudu são combustíveis para as alas se manterem acesas do início ao fim. Do jovem que canta a plenos pulmões à senhora que executa cada movimento com entrega total, o ensaio de rua da Mocidade vale a pena ser visto.

“A gente dá crédito, acima de tudo, à comunidade que comprou nossa ideia e nossa causa. Nos últimos carnavais, a gente não conseguiu. Respeitamos o julgamento, mas acreditamos que é preciso avaliar a Mocidade tecnicamente. O último carnaval mostrou um trabalho muito técnico. Talvez tenha faltado a tal vibração e é isso que estamos buscando. Trouxemos a escola para uma pista que representa de forma mais próxima a Sapucaí, para buscar esses décimos em harmonia, evolução e chão. Temos um casal iluminado, uma comissão forte, uma bateria nota 10. Falta gabaritar harmonia e evolução. É o trabalho que estamos fazendo. Estou muito feliz e confiante”, concluiu Capoeira.

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Diretor de carnaval, Wallace Capoeira

COMISSÃO DE FRENTE

A coreografia criada para a temporada de ensaios de rua é baseada na música “Doce Vampiro”, de Rita Lee. O quesito, liderado pelo coreógrafo Marcelo Misailidis, apresentou boas soluções para as cabines espelhadas de jurados, dividindo o conjunto ao meio. Assim, cada lado se apresenta para uma direção em determinados momentos, com a maior parte da coreografia voltada para a frente, como na abertura da apresentação, e no trecho do samba entre “posso imaginar loucuras” e “santa Rita Leeberdade”.

É uma exibição simpática, construída com mais fluidez do que sincronia o que está longe de ser um problema e muito perto de resultar em uma dança prazerosa de assistir. O quesito explora muito bem o espaço e, agora com o peso de ter sido número de destaque em 2025, dá sinais de que pode surpreender novamente na Sapucaí.

MESTRE-SALA E PORTA-BANDEIRA

O primeiro casal, Diogo Jesus e Bruna Santos, ganhou na nova pista um ambiente muito mais parecido com o da Sapucaí, tanto em espaço quanto em iluminação. Isso permite trabalhar detalhes que antes não eram perceptíveis. O resultado é um show. Eles seguem flutuando pela pista, atravessam de um lado ao outro, cruzam caminhos e dividem a apresentação de forma impecável entre as cabines espelhadas e todos os ângulos do público. O passo executado no trecho “dedilha a guitarra” dá um belo movimento de corpo ao casal. No momento de “santa Leeberdade”, quando Diogo gira para uma cabine e Bruna para outra, levantando braços opostos em forma de “V”, o efeito é excelente.

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Bruna destaca: “Aqui, o espaço técnico é muito melhor. A rua é muito mais clara. Para mim e para o Diogo, está aprovadíssimo. A comunidade abraçou nossa escola. A rua está cheia, e isso nos deixa muito felizes”.

Diogo completa: “Aqui conseguimos desenvolver nossa coreografia como deve ser. Na Guilherme da Silveira o ensaio era bom, mas não tínhamos esse nível técnico de espaçamento. Aqui é maravilhoso. A escola acertou em cheio”.

SAMBA-ENREDO E HARMONIA

O samba favorece diretamente os quesitos harmonia e evolução. A melodia auxilia o canto. São dois refrãos que empurram o componente para cima, enquanto a primeira e a segunda partes têm nuances que mantêm a vibração. Os trechos mais cantados são justamente os refrãos e os últimos quatro versos, com destaque para “agora só falta você”, momento em que muitos apontam para pessoas aleatórias, criando interação divertida.

Igor Vianna defendeu bem o samba, mas precisa ajustar alguns cortes de palavras que soam como superficiais. Ainda assim, o intérprete mostra felicidade por estar na escola e consegue o retorno imediato do componente sempre que chama para cantar.

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Intérprete Igor Vianna

“Estou gostando demais! Não tem explicação para o que estou vivendo aqui. O carro de som está aprovado, o samba está aprovado. Nosso segundo ensaio teve um aproveitamento muito bom. A rapaziada está muito bem”, disse o cantor.

O componente está focado em mostrar que o canto merece nota máxima, enquanto o carro de som faz sua parte com consistência. A Mocidade canta no tom certo, sem exageros, com ótimo equilíbrio entre canto e evolução. Desde o primeiro ensaio técnico do último carnaval, a escola mostra que volume não é tudo: consistência é o que sustenta o quesito.

EVOLUÇÃO

É o que faz a Mocidade pulsar. O samba ajuda. Os componentes pulam, trabalham mãos e adereços, brincam e interagem sem que o ensaio caia no descontrole. No ensaio de sábado, tudo funcionou bem, especialmente para um segundo ensaio do ano. Ainda é preciso observar fluidez de andamento, mas a equipe de harmonia comemorou, com razão, o resultado.

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“Identificamos algumas questões que serão levadas ao barracão para ajustes. É o segundo ensaio, mas estou muito feliz e confiante. A presidência tem dado toda a estrutura possível, e temos certeza absoluta de que a Mocidade fará uma grande apresentação”, comentou Wallace Capoeira.

OUTROS DESTAQUES

Segundo mestre Dudu, a bateria “Não Existe Mais Quente” sacudiu o público presente com uma bossa ensaiada apenas dois dias na última semana. Eles deram o show de ritmo que já é de praxe em Padre Miguel.

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Mestre Dudu

“Na (última) quarta-feira eu botei uma bossa nova na bateria. E na quinta-feira a escola fez o ensaio lá na Brasil. Eu já inseri ela assim mesmo. A gente sabe que é difícil ter ensaio um após o outro, mas a molecada está tão focada. A gente quer de verdade gabaritar essa bateria. E essa rua aqui me atende demais. É como se fosse desfile de verdade, com o espaçamento. E trouxe a bossa para hoje. Eu não tenho medo de arriscar. Eu fiz uma sequência de bossas que já estou há 3 ou 4 semanas ensaiando, mas hoje eu larguei o aço aqui para poder mesmo testar. E fluiu. O trabalho foi bem executado”, avaliou o mestre.

Destaque também para um trio de musas. À frente dos passistas, Gaby Mentes é a queridinha do público. Antes da quarta alegoria, Mayara do Nascimento esbanja sua forma física e simpatia, e a musa mirim Sofia Paiva entrega tanto no carisma durante todo o ensaio quanto na coreografia do samba. As três são puro samba no pé e levam o público junto quando passam.

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O próximo compromisso da Mocidade é na Cidade do Samba. No sábado, 29 de novembro, a Estrela-Guia fará sua apresentação com uma promessa do mestre Dudu.

“A gente vai fazer loucura. Isso é Rita Lee! É uma escola que é muito esperada. Todo mundo sabe que a Mocidade sempre fez uma grande final de samba, e a gente quer fazer uma mini final na Cidade do Samba. Então, pode aguardar. A gente vai resgatar essa marca Mocidade, que ao longo do tempo vem se perdendo. Mas a gente quer fazer e mostrar que a Mocidade é grande e gigante, que a gente não vai perder isso nunca”.