Na noite desta sexta-feira, as luzes da quadra da Imperatriz Leopoldinense voltaram a brilhar. Dez dias depois da megaoperação policial que abalou o Complexo do Alemão, deixando rastros de dor, apreensão e 121 mortes, a “Rainha de Ramos” reabriu suas portas com o que tem de mais poderoso: o abraço da arte, cultura e do samba. Foi mais do que o reinício dos ensaios para o Carnaval 2026. Foi um recomeço simbólico, de amor e fé na força transformadora que pulsa no coração de cada componente.
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Pertencente ao Complexo do Alemão, a Imperatriz tem orgulho de ser CPX. Sob a gestão firme e sensível da presidente Cátia Drumond, a escola reafirmou sua missão de ser muito mais do que uma agremiação carnavalesca: é uma casa de acolhimento, de oportunidades e de esperança. É onde o batuque vence o silêncio da dor, e onde cada ensaio se torna um grito coletivo de que o samba é vida, e a vida, mesmo diante das adversidades, insiste em florescer.
A quadra da Imperatriz é uma das poucas opções de lazer gratuito para a população local. É refúgio e encontro. É ali que crianças sonham com um futuro possível, jovens encontram referências, e idosos revivem suas histórias. É um território de afeto! Por algumas horas, o samba faz “esquecer” a violência e a ausência do Estado.
Como a própria escola já cantou em seu samba-enredo de 2011, “A cura do corpo e da alma no samba está”, a Imperatriz cura. Já passou da hora ds sociedade entender que o papel das escolas de samba vai muito além da Avenida. Elas são, de fato, potências sociais, culturais e educativas que transformam realidades.
O Instituto Imperatriz Leopoldinense é prova. Projetos sociais acontecem ali o ano inteiro. A escola não dorme após a quarta-feira de cinzas; trabalha o ano inteiro. Por isso, é urgente que o poder público seja ainda mais parceiro. As escolas de samba não podem ser lembradas apenas em fevereiro. Cada real investido em uma escola de samba retorna em autoestima, pertencimento e oportunidade.
É hora também de o setor privado compreender esse valor. Investir nas escolas de samba é investir no Brasil que resiste, canta, educa e sonha. Cada empresa que apoia o social de uma agremiação como a Imperatriz não está apenas patrocinando um desfile: está financiando um futuro.
Na noite em que os tamborins voltaram em Ramos, o que se ouviu não foi apenas o som da preparação para o carnaval. O que se ouviu foi a voz de um povo dizendo: “estamos vivos”. E a Imperatriz, mais uma vez, cumpriu seu papel, não apenas de brilhar na Sapucaí, mas da alma de uma comunidade que se recusa a ser esquecida.
A escola de samba é, sim, um lugar de samba. Mas é também, e sobretudo, um lugar de vida. Que o exemplo da Imperatriz Leopoldinense ecoe por toda a cidade e por todo o país. Que inspire políticos, empresários e cidadãos a enxergarem, no rufar da bateria, o pulsar de um Brasil mais humano, mais sensível e mais justo.
Enquanto houver samba, haverá esperança. O Complexo do Alemão continuará de pé, com orgulho, fé e a certeza de que o verde e branco também são as cores da superação.









