A Estação Primeira de Mangueira lançou a divulgação dos protótipos das fantasias de suas alas comerciais para o próximo Carnaval. São fantasias que estarão distribuídas em sete diferentes alas. As informações sobre valores e vendas já estão disponíveis nas redes sociais da agremiação. Para o carnavalesco Sidnei França, todo o cuidado que envolveu tanto a produção dos protótipos quanto a campanha para a sua divulgação demonstram um cuidado com cada etapa de produção do carnaval. “Estamos dialogando com a nossa comunidade e também com pessoas do mundo inteiro que estão de olho em cada passo dado rumo à Avenida”, avalia.

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Um desfile voltado para a comunidade e a diretoria da Verde e Rosa também fez parte da divulgação. O encontro aconteceu na Cidade do Samba no dia 8 de outubro. Na ocasião, a presidente Guanayra Firmino reafirmou o seu compromisso de não medir esforços para que a Mangueira traga o título para sua comunidade. Ela também reafirmou o desejo de que a agremiação faça justiça ao homenageado do enredo, Mestre Sacaca. Guanayra ainda fez muitos elogios ao trabalho do carnavalesco Sidnei França que, segundo ela “foi a melhor coisa que poderia ter acontecido”.

Sidnei apresentou toda a equipe envolvida no processo de produção das fantasias e dos protótipos, desde a pesquisa até a execução no barracão. E o intérprete Dowglas Diniz acompanhou passo a passo com o samba-enredo a apresentação de cada ala, emocionando os presentes.

A Estação Primeira de Mangueira levará para a Marquês de Sapucaí no Carnaval de 2026 o enredo “Mestre Sacaca do Encanto Tucuju – O Guardião da Amazônia Negra”, que mergulha na história afro-indígena do extremo Norte do país a partir das vivências de Mestre Sacaca. O enredo dá início ao triênio do centenário da agremiação.

Ala 05 – Aldeamentos nos Afluentes do Uaçá

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O Xamã Babalaô passeia pelos rios tucujus, estradas de águas doces que cercam diversas comunidades e conectam diferentes populações tradicionais amapaenses, inclusive as indígenas. Inspirada nas malocas e nas padronagens da região do Oiapoque, a ala faz alusão aos povos originários com quem Mestre Sacaca trocou ensinamentos fundamentais durante a sua trajetória.

Ala 08 – Ritual Sagrado da Colheita

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Relembrando a relação do Xamã Babalaô com a medicina ancestral, compreendemos a floresta como provedora de elementos fundamentais para as receitas de cura, como garrafadas, chás, infusões, banhos e simpatias. Mestre Sacaca, encantado, continua estabelecendo uma relação de troca com o ambiente em que estava inserido, colhendo folhas e frutos emprestados pela natureza.

Ala 15 – Andarilho da Floresta

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Homem da natureza, o Xamã Babalaô atravessa a mata como um andarilho, detentor das sabedorias afro-indígenas da Amazônia Negra. Espalhando saberes e deixando rastros de cura por onde passa, o Doutor da Floresta respeita os ciclos e demonstra a riqueza da Amazônia: aquilo que se faz com ela para mantê-la e manter a todos de pé. Por essa razão, a fantasia se ampara nas visões sobre a floresta, trazendo objetos de trabalho de Sacaca, como a “capanga”, bolsa que sempre o acompanhava em suas atividades medicinais.

Ala 16 – Çai erê, Sairé: O Toque Indígena do Carvão

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Os tambores evocam o Xamã Babalaô para se reencontrar com a cultura e as musicalidades amazônicas, sempre defendidas por Sacaca. A ala rememora a origem dos toques do Sairé, introduzido pelo catolicismo às populações originárias. A manifestação se transformou e hoje é praticada pela comunidade do Carvão. O seu nome tem origem na expressão “Çai Erê”, uma saudação indígena.

Ala 20 – Vominê no Festejo de São Tiago

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Importante manifestação cultural tucuju, a Festa de São Tiago ocorre em julho, em Mazagão Velho, e atrai vários amapaenses para a sua comemoração. Nosso Xamã Babalaô também passeia pela cerimônia que utiliza as caixas de guerra como inspiração para o toque dos tambores, anunciando as tradições mouras e cristãs que permanecem nessa região. O figurino é inspirado nos trajes dos personagens dos festejos de São Tiago e na cavalaria que participa dessa cerimônia, ilustrando o povo que aprendeu a transformar a sua história em batuque.

Ala 23 – O Legado dos Mastros Negros

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O Xamã Babalaô se eterniza em diversos elementos que formam a Amazônia Negra, como os mastros, prática cultural presente na negritude amapaense representada por Sacaca. Levantar seus estandartes, bandeiras e pavilhões se tornou uma forma de afirmação de comunidades afro-brasileiras. Por isso, manifestações que se utilizam do mastro são representadas nesta ala, tais quais as que celebram São Benedito, festejado santo negro. O Xamã Babalaô segue como coluna de memória que resiste ao tempo e às tentativas de apagamento.

Ala 25 – O Vigor da Fibra do Cipó-Titica

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O nosso Xamã Babalaô se eterniza em elementos fundamentais da Amazônia Negra, inclusive o cipó-titica. Uma das materializações tucujus, é ele um símbolo da força que tece diferentes vivências amapaenses, sendo usado pelos povos tradicionais em variadas práticas do dia a dia familiar. Presente no cotidiano naturalista dessas populações, o cipó-titica reforça a sua identidade e o sentimento de amapalidade feito à mão.