Representantes das novas mídias de carnaval debateram, na série “Encontros CARNAVALESCO”, no Museu do Samba, na Mangueira, Zona Norte do Rio de Janeiro, e pediram mais atenção da Liesa em relação à impossibilidade de transitar e produzir material na avenida nos dias de desfiles oficiais do Grupo Especial, devido ao contrato de exclusividade de exibição com a TV Globo.
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“Perdemos 100% do nosso conteúdo durante os dias de desfile. Entendo enxugar, mas a forma como fizeram foi excessiva. Não tivemos vídeo de nada. A Presidente Vargas é um ambiente muito sensível de se retratar, pois não tem luz e o povo está se trocando, de biquíni ou de calcinha e sutiã. O nosso Carnaval, no ano de 2025, foi até o teste de luz e som”, disse Thiago Marques, do “Sambemos”.
“O nosso Instagram, que funciona o ano inteiro, no carnaval não tem nada. Fiquei tão magoado que nem fui à Sapucaí este ano. Fui para Cabo Frio, fui para a Intendente. Não consigo ver a transmissão da Globo, acho aquilo horrível. Fica meia hora mostrando o carro abre-alas, depois uma passada rápida pelo resto do desfile com drone. Também não entendo como um Instagram que vai filmar uma passista, que vê um rosto na multidão e registra, compete com a Globo, que filma conjunto, bloco, imagem aérea. Eu não vou competir com a Globo. A Globo não mostra o que eu mostro; a Globo não conhece o nome de cada passista”, expôs Marcelo Ferreira, do “Carnaviva”.
Para ele, falta comunicação da Liesa com a assessoria de cada escola na hora da distribuição do credenciamento, pois os assessores acompanham de perto o trabalho dos veículos especializados e sabem quem está no dia a dia.
“Esse foi o terceiro ano da minha página. Digo que os melhores anos foram 2023 e 2024, porque em 2025 a gente praticamente não trabalhou. É a gente que dá visibilidade para passistas que não têm Instagram, para meninas que acabaram de se tornar musas da comunidade e que não têm nem 2 mil visualizações, para o terceiro casal de mestre-sala e porta-bandeira que é pequeno nas redes sociais, mas que, a partir da nossa visibilidade, vai crescer para se tornar o primeiro ou segundo em outras escolas. São essas pessoas que sentem falta da gente no desfile. A gente recebeu muita mensagem: ‘Pô, este ano não tive vídeo no desfile. Este ano não tive uma foto no desfile’, porque é realmente o que elas precisam. Elas precisam da gente”, relatou Gil Lira, do “Você na Folia”.
“Nosso trabalho não tem entrevista. A gente é bem direto. O público nos procura para ver as imagens das escolas de samba. A proibição de gravação na avenida nos dias de desfiles oficiais do Grupo Especial nos impactou 100%. A gente filmava cabines que não são mostradas na Globo e isso se perdeu”, lamentou Helena Baltasar, da página “Cidade do Samba”.
“A palavra de ordem para todo mundo aqui é diálogo. Falta diálogo. Vamos chegar e vamos conversar. É simples. Tem gente na Liesa que é boa, que é capacitada para conversar e consegue resolver. É só sentar e conversar. A Globo renovou o contrato agora e quais foram os termos? Eu não sei. Faltou diálogo. Eu não estou falando que eles estão errados; eles têm razão em algumas coisas, mas falta sentar e conversar, ver o que cada um precisa, o nicho de cada um e o que pode ser feito”, criticou Felipe Damico, do “Apoteose”.
Damico foi alvo de uma injustiça no último carnaval, quando sua atuação na Marquês de Sapucaí, previamente autorizada em função do trabalho de registro histórico-cultural, foi limitada após denúncias de outros veículos.
“Nem é denúncia, porque foi acordado anteriormente. O Apoteose é feito para que a gente tenha registro daqui a 20, 30 anos do que está acontecendo hoje. Neguinho da Beija-Flor é o maior intérprete do planeta. Ele parou de cantar e não tem nenhum registro dele de forma oficial, a não ser no vídeo de segundos no Instagram. Se você entrar na Globoplay, não tem; na Rio Carnaval, tampouco. Vocês não vão achar, porque não foi feito. ‘Ah, mas a largada era uma confusão, todo mundo queria fazer’. Ok, deixa a Rio Carnaval fazer. Faz e coloca no YouTube. Registra! A gente não pode perder isso. O que está acontecendo é que ninguém pode fazer e ninguém vai ter também. Videozinho de 30 segundos com drone e cortes rápidos não é registro histórico”, reforçou ele.