A Fábrica do Samba foi tomada, no último domingo, pela emoção e pela alegria durante o desfile mirim das escolas de samba de São Paulo. Em meio a sorrisos, confetes e batidas, o que se viu foi muito mais do que um espetáculo infantil: foi a prova viva de que o amor pelo samba se herda, se ensina e se celebra em família. Cada fantasia, cada passo e cada toque carregavam a essência de uma tradição passada de geração em geração, de pais e parentes que cresceram no meio do samba e hoje se emocionam ao ver as crianças vivenciando essa cultura com o mesmo brilho no olhar. Ao CARNAVALESCO, alguns componentes e responsáveis contaram sobre esse amor hereditário pelo mundo do samba.
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Herança do samba de geração em geração
O jovem Guilherme Gennari, mestre-sala mirim da Estrela do Terceiro Milênio e cantor da Primeira da Cidade Líder, mostrou que o samba também é sobre amizade e novos desafios.
“Foi tudo de bom! A Líder foi uma escola maravilhosa, a bateria estava incrível. A gente tirou onda na ala musical, o abre-alas ficou muito bonito também. Eu sou mestre-sala da Milênio, mas hoje desfilei na ala musical com meus amigos, e foi legal demais”, contou.
Ao lado dele, a madrinha Kelly não escondia o orgulho. Para ela, o desfile é a semente que mantém o carnaval vivo.
“Tudo isso é fantástico. Viemos de um ciclo do carnaval em que, se não pensássemos nas crianças e não criássemos um projeto para trazê-las de volta, o carnaval maior poderia enfraquecer. Não dá para pensar em carnaval sem as nossas crianças, e ver o show que deram hoje me emociona. Muitas têm dons, alegria, e cada uma traz seu talento como sambista, porta-bandeira, baiana… O que mais me toca é saber que estamos transmitindo um amor. Na nossa família, ensinamos o samba com carinho. Tenho muito orgulho de fazer parte desse evento”, disse.
Tradição, família e futuro
Thamires Roberta, mãe do pequeno Eduardo, componente do Trevo da Barra Funda, disse que o desfile é um gesto de amor que une passado e futuro.
“É muito bom passar para as crianças nossa ancestralidade e nossa cultura, para que aprendam e curtam no dia delas. Nossa relação com o Camisa Verde e Branco é um amor que a gente planta e que floresce no sorriso deles”, relatou.
E o próprio Eduardo, com a espontaneidade que só as crianças têm, resumiu o espírito do evento: “Eu gostei mais de brincar! Gostei de dançar com os amigos. Me inspiro na bateria para quando eu crescer”, contou.
Para Alycia Amaral, madrinha mirim da bateria da Rosas de Ouro, o momento foi inesquecível.

“O desfile foi muito especial. O nervosismo era o mesmo de um desfile normal, mas foi muito mais legal, porque tudo foi feito pra gente. Tinha muitos brinquedos, estavam todos os nossos amigos das outras escolas e até os amigos que fiz em Santos. Eu nunca vou esquecer desse dia, porque fui madrinha da bateria da minha escola, que também é a escola da minha família”, celebrou.
Para sua mãe, Naty Oliveira, ver esse amor ao pavilhão ser passado para a próxima geração é algo especial.
“A história da construção da minha família se mistura muito com o samba. Conheci meu marido em um ensaio dentro da nossa escola, e cada degrau da nossa vida foi sendo construído em paralelo ao carnaval. Minhas gestações aconteceram dentro da escola e, assim que eles saíram da barriga, já estavam na quadra. São, literalmente, ‘crias’ daquele chão. Naturalmente, a escola faz parte da nossa rotina, já que estamos lá todos os dias. Ela aprendeu a sambar, mas, principalmente, a ter amor e respeito pelo pavilhão e é disso que eu mais me orgulho. Fico muito grata e feliz em saber que o amor que eu e o pai dela temos pela Rosas de Ouro foi passado para ela também”, disse.