Sonhos de adolescentes e crianças são sempre virtuosos de serem ouvidos. Meninos e meninas dentro das escolas de samba já carregam a responsabilidade de ensinar os amigos, com o objetivo de transmitir as lições às próximas gerações. O desfile mirim, realizado na Fábrica do Samba no último domingo, reuniu tudo isso: diversas agremiações e crianças puderam mostrar o resultado dos projetos desenvolvidos por suas escolas. O fato é que ontem foi a prova de que o futuro do carnaval de São Paulo vive e está em boas mãos. O CARNAVALESCO ouviu alguns mestres e casais de mestre-sala e porta-bandeira mirins, que falaram sobre o sentimento de representar suas respectivas escolas e o que almejam para o futuro.

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Frio na barriga e suas inspirações

O mestre Davi, da Unidos de Vila Maria, falou sobre a responsabilidade de liderar a “Cadência da Vila” mirim no evento. De acordo com ele, a ansiedade foi grande, mas tudo passou quando o desfile começou.

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Fotos: Gustavo Lima/CARNAVALESCO

“É muito bom! Dá muito nervoso, mas, quando chega a hora, passa o frio na barriga, com aquela sensação de que vai dar tudo certo. Eu toco repique, é bem difícil, mas é um instrumento que, para quem aprende, facilita tocar os outros”, disse.

Planejando o futuro, o pequeno almeja ser mestre oficial da escola. “Eu sonho muito em ser mestre da Vila Maria um dia, e minhas maiores inspirações são o Felipe, que nos ensina na ‘Mulekada da Vila’, e o mestre Moleza”, afirmou.

Agradecimento aos envolvidos e um sonho a ser realizado

De forma sucinta, Juan Lucas (13 anos), mestre mirim da Rosas de Ouro, agradeceu a oportunidade de representar a escola no evento.

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“Foi muito bom! Legal demais ver a vontade das crianças em aprender. Fico muito feliz pelo Ricardo Tripa ter confiado em mim. Estou na escola desde os três anos de idade”, contou.

Matheus Henrique, responsável pela “Ritmo que Incendeia”, da Dragões da Real, agradeceu a todos os envolvidos no projeto Dragões do Futuro.

“É uma sensação incrível. Foi muito legal e emocionante. Gostei demais do projeto, quero agradecer a todos os envolvidos e à diretoria. A bateria, no começo, estava um pouco para baixo, mas foi evoluindo e, graças a Deus, deu tudo certo. Vamos pra cima!”, celebrou.

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Seguindo a linha dos amigos mirins, Matheus diz que seu sonho é se tornar mestre oficial e revelou suas inspirações.

“Meu desejo, futuramente, é ser mestre dentro de uma escola de samba, e minhas grandes inspirações são o nosso Klemen e o Sombrinha”, declarou.

Recepção carinhosa e o orgulho de representar o pavilhão

O mestre-sala Guilherme Atuy, de 13 anos, exaltou a satisfação de representar a bandeira maior da Estrela do Terceiro Milênio.

“Estou muito orgulhoso em desfilar por uma escola tão especial. É o meu primeiro ano aqui e é uma honra representar o pavilhão da Estrela do Terceiro Milênio no Desfile Mirim. Não tenho palavras para descrever”, declarou.

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Com 14 anos, a porta-bandeira Júlia Carvalho está na escola desde bebê. Segundo ela, o amor pela Milênio vem de berço, e é um orgulho carregar o pavilhão da agremiação.

“Eu frequento a Milênio desde bebê e lá tem várias crianças. Meu pai é presidente da torcida e minha mãe é chefe de ala. É uma escola com muita garra, força e alegria. Foi uma trajetória de muito trabalho e vários ensaios. É uma honra trabalhar com o Guilherme e representar a minha escola”, comentou.

Guilherme chegou recentemente à escola e contou como foi abraçado pela comunidade da “Coruja”.

“Foram muitos ensaios aos domingos lá no Grajaú. Todos os sábados também a gente se encontrava. Foi muito prazeroso esse processo de entrega pela escola. Cheguei sem conhecer ninguém, depois conheci a Júlia, a Lara, a Waleska e o Arthur. Lá tem muitas crianças que sonham em ser passistas, mestres-salas, porta-bandeiras, ritmistas, rainhas de bateria… Eles recebem com o coração”, destacou.

Amor pelo pavilhão e o desejo de ser reconhecido

Enaltecendo as muitas crianças do Grajaú, Júlia diz que é necessário mostrar todo esse projeto e revelou o sonho de ser porta-bandeira oficial. “A gente precisa mostrar o espaço que a nossa escola dá às crianças. Eu quero muito, um dia, representar oficialmente, lá no futuro. Hoje foi demais representar a minha escola”, completou.

A porta-bandeira Isabela Aleixo, de 15 anos, esbanjou seu amor pelo pavilhão corintiano. “É um sentimento de muita gratidão. Eu amo os Gaviões demais. Tenho um amor imenso pela escola. Representar o pavilhão é muito gratificante. Sinceramente, não tenho palavras para descrever o que é esse sentimento”, disse.

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Seguindo sua parceira, o mestre-sala Pedro Tavares, de 14 anos, afirmou que é prazeroso representar os Gaviões da Fiel.

“É a realização de um sonho. Cresci na quadra indo aos ensaios, e representar essa torcida maravilhosa e essa escola, que sempre encanta quando passa no Anhembi, é gratificante”, ressaltou.

O casal falou sobre o sonho que compartilham e o entrosamento que conquistaram em apenas três meses. “Estamos ensaiando há três meses e foi algo de conexão. A gente nunca tinha dançado juntos, mas, na primeira vez que dançamos, já deu liga e foi incrível. O maior sonho é ser reconhecida ainda mais e mostrar para as pessoas o amor que eu sinto pelos Gaviões da Fiel”, comentou Isabela.

“Fica fácil com uma parceira que se esforça todos os dias. Ela tem a mesma vontade, e a conexão foi muito rápida. Ainda mais porque eu comecei a dançar este ano. Acho que, de escola, a gente já chegou ao nosso sonho, mas também queremos conquistar reconhecimento do público. É a paixão por essa arte maravilhosa”, concluiu o mestre-sala.