A Botafogo Samba Clube apresentou oficialmente seu samba-enredo para o Carnaval 2026, que trará o tema “O Brasil que floresce em arte”, uma homenagem ao legado do paisagista Roberto Burle Marx, desenvolvida pelos carnavalescos Alexandre Rangel e Raphael Torres. A escola da Série Ouro optou por encomendar a obra a um grande grupo de compositores, reunindo nomes como Diego Nicolau, Samir Trindade, Marcelo Adnet, Fabrício Senna, Binho Simões, Maurício da Pizzaria, Gabriel Machado, Gilsinho da Vila, Rodrigo Escócia, Cláudio Emiliano, Edu Botafogo, Liane Harmonia, Denis Moraes, Tange Botafogo, Juca, Laura Romero, Piter Fogoró, Pinóquio do Cavaco e Jefferson Oliveira.

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Fotos: Marcos Marinho/CARNAVALESCO

“O enredo é muito bom. É uma homenagem mais que importante pra esse gênio. O nome é um pouquinho complicado para colocar no samba, a escola preferiu que não colocasse, isso ajudou muito a gente. E é uma história linda. É um cara que tornou um gênio, o trabalho dele é patrimônio cultural da humanidade, a escola escolheu bem. Foi fácil para os compositores fazerem esse samba. É a terceira vez que faço samba para a Botafogo, estou muito feliz, lógico. Futebol e carnaval estão muito juntos. Todo mundo no Rio de Janeiro tem uma escola de samba e um time de futebol. Eu, no caso sou botafoguense e Mocidade independente de Padre Miguel. Acho que o Botafogo é pioneiro em muita coisa. Primeira escola de samba oriunda de uma torcida de futebol a chegar na Sapucaí e se manter. É muito orgulho.”, comentou o compositor Diego Nicolau.

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“Foi uma reunião de vários compositores que se encontraram, foram trabalhando toda a parte do enredo buscando uma harmonia do samba, uma questão tônica, musical boa pra dentro da avenida o que pede a série ouro, e dentro do enredo que é do Burle Marx, que é realmente uma coisa que traz pra gente primeiro a saudade e segundo o legado, que é um marco pro Rio de Janeiro. Acho que o refrão encaixou bem, o refrão de meio também tá muito bom. Vai levar para a avenida uma escola valente. Os versos estão bonitos. Bem, o Botafogo, na verdade, ele é uma memória viva da história do futebol. Toda a população brasileira tem que entender a força que o Botafogo tem. E o nosso grupo aqui, o grupo que está voltando para o samba, você vê que é todo empolgado com a vontade, com o anseio do próprio clube. Eu acho isso fantástico. Eu vejo um monte de gente aqui que está aqui curtindo. Que é do samba, que não é do futebol, mas tá indo pro outro lado. E todo mundo feliz, eu acho isso fantástico. Eu acho que para mim já valeu. Felicidade, realização. Estou feliz e muito satisfeito”, frisou o compositor Gilsinho da Vila.

O presidente Sandro Lima explicou ao CARNAVALESCO o motivo da decisão de não realizar uma disputa de samba neste ano e destacou o sucesso da escolha.

“Esse ano a gente optou por encomendar o samba. A gente é adepto à disputa de samba. Todos os anos nós fizemos uma disputa, acho que a gente encomendou uma vez só. Mas esse ano a gente precisava acertar em cheio no que a gente queria, no que os carnavalescos estavam planejando. E a gente optou por encomendar o samba. A escolha foi até simples. A gente reuniu amigos botafoguenses que tinham um sonho de participar da escola. Eles acertaram em cheio”.

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Sobre o desempenho da Botafogo Samba Clube em sua estreia na Série Ouro em 2025, o presidente avaliou com autocrítica e apontou os ajustes para 2026.

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“Eu achei que a gente, às vezes por inexperiência, por ser a nossa primeira vez, algumas coisas que a gente fazia muito bem no ensaio não saíram tão bem quanto o ensaio, e nos ocasionou a colocação que nós ficamos. A gente sabia onde erramos, a gente tinha certeza dos pontos que precisava mexer, mexemos e agora a gente vai tentar esse acerto tão sonhado aí para a escola”.

Com um planejamento mais estruturado, Sandro destacou a antecipação do barracão e a nova gestão de carnaval.

“Agora a gente começou o nosso barracão e ateliê bem antes. A madeira já está sendo colocada nos carros, o ferro já foi concluído, é algo que no ano passado a gente ainda não tinha visto. Nossos carnavalescos estão lá diariamente, as fantasias já estão no meio do processo. A gente acredita que, pela primeira vez na história da escola, no mínimo um mês antes estaremos com o carnaval pronto”.

A relação entre escola e clube de futebol segue crescendo, e o presidente comemora a presença de novos apoiadores.

“Pra gente foi bacana ver todo mundo ali. Tem muita gente do clube que nunca pisou aqui, mas que está me parando, dizendo que quer fazer parte. As portas estão abertas, eles só precisam entender que isso aqui não é uma torcida organizada, mas uma escola de samba. E aqueles que se enquadram na nossa filosofia de samba estão com a gente desde o início da correria”.

Um enredo de cores, cultura e arte

Os carnavalescos Raphael Torres e Alexandre Rangel contaram que a proposta nasceu do desejo de levar à avenida um tema mais cultural, explorando a pluralidade da arte brasileira.

“A gente sempre tem enredos guardados. E quisemos apresentar um enredo diferente na Botafogo Samba Clube, saindo um pouquinho daquela coisa de futebol. É mais para o lado cultural, que é o nosso estilo”, disse Raphael.

“Logo de cara a diretoria aceitou o enredo. É um enredo muito rico na cultura brasileira, que é Roberto Burle Marx. Queríamos uma pessoa que tivesse uma história rica e achamos. Esse enredo está na leva de homenagens”, comentou Alexandre.

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A parceria entre carnavalescos e compositores foi intensa e constante durante o processo criativo. “Foi perfeito. Fizemos um tirateima a cada quinze dias. Eles escreveram o samba, dividimos em etapas, foi feito em reuniões e foi um sucesso. Um samba maravilhoso”, afirmou Alexandre.

“A parceria com os compositores foi de contar para eles o estilo que a gente queria levar ao samba, uma coisa mais poética. E deu certo. É realmente um sambão e acho que tem tudo para dar certo em 2026”, garantiu Raphael.

Os carnavalescos também adiantaram detalhes sobre o desenvolvimento plástico do desfile. “Já estamos trabalhando desde março. O barracão começou em agosto, algo que nunca aconteceu com a gente. Estamos tendo muito cuidado com o acabamento de fantasia. Acho que vai ser um carnavalzão para a Botafogo Samba Clube”, citou Raphael.

“Eu estou apostando muito nesse projeto. É um enredo muito colorido. A gente começa com preto e branco, mas entra com o colorido da escola. A grande aposta é o nosso colorido”, completou Alexandre.

Casal de mestre-sala e porta-bandeira mira nota máxima

O primeiro casal, Diego e Beatriz, avaliou a estreia positiva na Série Ouro e revelou a preparação para 2026. “Foi a estreia da escola e a nossa também como primeiro casal na Marquês. Conseguimos três notas 10 e um 9,9. Foi bom, temos muito o que melhorar e estamos nos aprimorando. Esperamos agora trazer os 40 pontos. O Diego tem uma dança mais clássica, assim como eu. Gosto de coreografia, mas no mínimo possível. Essa elegância dele me encanta”, disse a porta-bandeira.

“A gente ficou feliz com o resultado. Já viemos pavimentando esse trabalho há algum tempo. Acho que o balanço foi positivo, e agora vamos fazer um trabalho ainda melhor no ano que vem. A Bia tem uma dança muito leve, muito bacana, que se encaixa perfeitamente com o meu estilo. Dá pra sentir no olhar”, completou o mestre-sala.

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O casal já iniciou o estudo do novo samba-enredo. “A gente ainda está aprendendo o samba, estudando o que pode ser colocado na coreografia. Conforme vamos entendendo melhor a letra, encaixamos os movimentos”, revelou Beatriz.

“É um samba bonito, mais cadenciado e melódico. A letra ajuda muito a gente desenvolver as partes coreográficas. Vai facilitar nosso trabalho de montagem”, declarou o mestre-sala.

Mestre Marfim e o toque da bateria

O novo comandante da bateria da Botafogo Samba Clube, mestre Marfim, celebrou a recepção e revelou as primeiras diretrizes para o trabalho no ritmo da escola.

“A Botafogo Samba Clube já tinha um trabalho bacana com o mestre Branco. Agora é colocar um pouco da minha cara. Graças a Deus, ano passado obtive nota máxima na São Clemente. É trazer o que deu certo lá para cá e, se Deus quiser, conquistar os 40 pontos”.

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Com o enredo versando sobre o Brasil, o mestre promete diversidade rítmica sem recorrer a novos instrumentos. “O enredo é muito rico. Fala do Brasil como um todo, então podemos explorar as regiões do país. Já temos uma surpresinha aí. Não vou trazer instrumento diferente, porque a bateria já é muito rica. Vamos tocar outros ritmos com os próprios instrumentos”.

Mestre Marfim destacou a alegria de trabalhar ao lado do intérprete Nêgo, voz oficial da escola. “Nêgo é um nome forte, um intérprete renomado no carnaval. É uma honra trabalhar com ele, e tenho certeza que a gente vai fazer um trabalho bacana”.

Nêgo é pé quente

Com longa trajetória no carnaval carioca e reconhecido por sua potência vocal, o intérprete Nêgo é uma das novidades da Botafogo Samba Clube para o Carnaval 2026. O cantor, que recentemente defendeu o pavilhão da Acadêmicos de Niterói, revelou que o convite para integrar a nova fase da escola surgiu de uma relação antiga de amizade e confiança com o presidente Sandro Lima.

“Tenho uma amizade muito grande com o presidente Sandro. Assim que terminou o desfile da Niterói eu já estava na Botafogo Samba Clube. E pretendo fazer um grande desfile, se possível brigar por esse título. Essa escola tem um grande carro de som e estrutura”.

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Experiente e vitorioso, Nêgo reforçou que o foco principal é realizar um desfile impecável, sem deixar de lado o desejo de ver a Botafogo Samba Clube alcançar o Grupo Especial.

“Ficar no Especial é uma coisa que convém à escola achar ou não. Eu sou um profissional, estou trabalhando para que a gente faça um grande desfile e possa ter a oportunidade de voltar ao Grupo Especial. Em quatro anos, tive a felicidade de colocar três escolas no Especial: Império, Porto da Pedra e Acadêmicos de Niterói”.

Canto forte da torcida do Fogão

O diretor de harmonia, Luiz Carlos Amâncio, ressaltou o foco do setor na compactação e no canto da escola, garantindo que o desfile de 2026 será forte e vibrante.

“Rapaz, a gente não tem muita coisa pra fazer não. A gente faz em todas as escolas: fazer uma escola compacta, dar à escola um canto bastante, evoluindo bem. Com certeza a gente vai levar o Botafogo a um grande desfile, com condições de brigar pelo título”.

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Com longa trajetória no carnaval, Amâncio celebrou o reencontro com o intérprete oficial da escola. “Trabalhei com o Nêgo em 1992, na Grande Rio. E agora estamos voltando juntos. Trabalhar com o ele é sucesso total, maior tranquilidade”.

O diretor destacou o diferencial do canto da Botafogo Samba Clube, potencializado pelas raízes torcedoras do clube. “Temos um canto na escola muito forte. A escola vem de uma torcida, então eles cantam mesmo. Estou arrepiado, estou bem satisfeito com o que estou vendo dentro da escola. Com certeza vocês vão ver uma escola cantando muito e evoluindo muito na avenida”.