A Unidos de Bangu vive um novo momento em sua trajetória. Após um 2025 de superação, a escola apresentou oficialmente o samba-enredo que vai embalar a comunidade em 2026: “As coisas que mamãe me ensinou”, uma homenagem emocionante à cantora, compositora e ícone da música popular brasileira, Leci Brandão. A obra foi encomendada a Dudu Nobre, Júnior Fionda e ao grupo Vou Pro Sereno, nomes consagrados do samba. A parceria musical promete emocionar o público com um samba “para cima”, de letra inspiradora e energia comunitária, como define o próprio Dudu Nobre.
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“Foi muito bacana poder homenagear uma das matriarcas do samba. Fizemos um samba com uma linha mais tradicional, mas com o nosso tempero, um veneno leve. Faltava uma homenagem aqui no Rio para a Leci, e foi muito feliz esse convite”, disse Dudu Nobre ao CARNAVALESCO.

Novo ciclo após a superação
O diretor de carnaval, Marcelo do Rap, destacou que o último ano foi de aprendizado e união para a escola.
“O ano de 2025 foi de superação para a Bangu. Estávamos fazendo carnaval com a intenção de disputar uma vaga no Grupo Especial, mas infelizmente aconteceu o que a gente nem gosta de lembrar (incêndio na fábrica de fantasias). Foi tirada uma lição para o povo de Bangu: que, se estivermos unidos, podemos ir mais longe”, declarou.
O dirigente também contou que a escola vem se reestruturando em todos os setores, com segurança reforçada no ateliê e novas perspectivas para os desfiles.
“Estamos com um ateliê respaldado pelos Bombeiros e contratamos bombeiros civis para dar segurança às pessoas que trabalham. Vamos dar o máximo de estrutura para que os profissionais possam fazer um grande carnaval”, garantiu.
Sobre a decisão de encomendar o samba, Marcelo do Rap explicou que foi uma estratégia pontual, mas com planos para retomar a tradicional disputa em breve.
“A Bangu, por não ter quadra, há alguns anos optou pela encomenda. Sou muito a favor das disputas, acho que são fundamentais para o carnaval. Mas escolhemos com muito cuidado esses compositores. Esse samba em homenagem a Leci será um dos grandes do carnaval”, afirmou.
Ele também adiantou novidades para os ensaios: “Vamos mudar o local dos ensaios de rua, que antes eram no Largo de Bangu. Agora, vamos trazer para o calor do povo, na Ciclovia de Padre Miguel, no Conjuntão. Os ensaios começam em novembro, todas as quartas-feiras à noite. Temos uma média de 1.800 componentes”.
Nome do enredo foi escolhido pela própria Leci
O presidente Leandro Augusto revelou detalhes emocionantes sobre o contato com Leci Brandão e a origem do título do enredo.
“Estive com a Leci há pouco tempo, e ela está se recuperando bem. Mandamos o samba para ela, e ela gostou muito. Poucos sabem, mas o nome do enredo foi ela quem escolheu. Quando mostramos a proposta, perguntamos como deveríamos chamar, e ela respondeu: ‘As coisas que mamãe me ensinou’”, contou.
Leandro também falou da emoção de ver a escola prestes a desfilar com uma obra tão representativa.
“Os compositores são todos muito renomados. Fionda já está com a gente há um tempo, e agora vieram o Dudu Nobre e o Vou Pro Sereno. Foi uma escolha perfeita”, afirmou.
Carnavalescos celebram ‘correção histórica’
Os carnavalescos Marcos Du Val, Lino Salles e Alexandre Costa destacaram que a homenagem a Leci Brandão chega como uma reparação simbólica dentro do mundo do samba.
“Queríamos fazer essa correção histórica. Leci nunca havia sido homenageada no Rio, nem na escola dela. Era uma dívida que o carnaval tinha com ela”, disse Marcos Du Val.
Lino completou: “Ela foi muito solícita e ficou feliz com o convite. Ficamos surpresos com a emoção dela ao receber a proposta”.
Segundo Du Val, o samba respeita integralmente a sinopse: “Eles foram muito fiéis. A gente enviou a sinopse, e eles fizeram perguntas, tiraram dúvidas e depois apresentaram o trabalho pronto. O resultado ficou emocionante”.
Lino Salles revelou que a produção das fantasias está em pleno andamento, com uma nova identidade visual.
“A Bangu vai vir totalmente diferente. Estamos desconstruindo e reconstruindo uma nova Bangu. A surpresa virá nas cores e na concepção das fantasias”.
O carnavalesco Alexandre Costa adiantou que os carros alegóricos também terão um impacto visual forte.
“As alegorias vão vir um pouquinho maiores. Estamos com carta branca do presidente e do diretor de carnaval para criar com liberdade. Começamos os carros e estamos muito felizes com o resultado”.
Marcos Du Val completou que o enredo será costurado pela presença de Leci do início ao fim: “A Bangu abre e fecha o desfile com a Leci. A Mangueira participa no meio. Se ela puder desfilar, virá no encerramento da escola”.
Nova identidade rítmica na bateria
Experiente e respeitado no mundo do samba, mestre Dinho, vindo da Unidos de Padre Miguel, falou ao CARNAVALESCO sobre a reconstrução da identidade rítmica da Bangu, o retorno de antigos ritmistas e a expectativa para o samba-enredo em homenagem a Leci Brandão.
“O balanço que eu faço da bateria da Bangu é o mesmo balanço que fiz em duas escolas por onde passei. Eu tive que criar uma bateria, criar uma identidade. E estou fazendo a mesma coisa aqui, criando uma bateria para a Bangu. Estamos criando uma bateria com alma banguense. A comunidade pode esperar um show dentro e fora da avenida”.
O mestre contou que o trabalho passa também por um reencontro com a própria história da comunidade.
“Estou trazendo os ritmistas antigos, os batuqueiros da Zona Oeste, que por algum motivo se decepcionaram com a escola. Estou chamando todos de volta. Se a Bangu é a escola mais antiga da Zona Oeste, por que os antigos não podem fazer parte?”
Sobre o estilo que pretende imprimir em 2026, Dinho adiantou que a bateria terá bossas criativas e cheias de identidade, mantendo a tradição, mas com um toque de ousadia.
“Vamos ter bossas diferentes. Hoje mesmo vou fazer uma que tem Mangueira na bossa. E os instrumentos serão os mesmos com que já estamos trabalhando. Nada muito diferente, mas com o nosso jeito”.
O mestre destacou ainda a expectativa de adaptar o ritmo ao novo samba-enredo, que ele ouviu com entusiasmo.
“Nunca trabalhei com samba encomendado. É a primeira vez, e estou muito ansioso para ouvir o samba na voz oficial, completo, para começar a trabalhar. Já escutei o samba e está muito lindo. Vocês vão ficar apaixonados. Trabalhar com o Freddy e o Pipa é perfeito. São dois profissionais grandiosos, pessoas maravilhosas. Trabalhar com profissional e sambista é outro papo”.
Casal em sintonia
O primeiro casal, Léo e Bárbara, também celebrou a nova fase e a força do samba para 2026.
“O ano de 2025 foi de aprendizado. Tivemos bons retornos e estamos ainda mais preparados para o próximo desfile”, disse Bárbara. “Nós somos muito musicais. O samba é lindo, e desde a primeira audição já imaginamos a coreografia. Vai ser um desfile especial”, completou Léo.
Sobre as fantasias, o casal garantiu que vem aí uma proposta marcante. “É uma fantasia ancestral, com uma cor nova e simbólica. Representa nossa história e a da escola”, revelou Bárbara.