A Estação Primeira de Mangueira realizou a semifinal da sua disputa de sambas-enredo para o Carnaval 2026. Seis obras se apresentaram na quadra da Verde e Rosa, competindo pelo direito de contar o enredo “Mestre Sacaca do Encanto Tucuju – O Guardião da Amazônia Negra” na Marquês de Sapucaí. Duas parcerias, vindas do Amapá, já estavam classificadas para a final. Outras quatro, do Rio de Janeiro, disputaram duas vagas para a última fase, que será realizada no sábado, dia 27. Os sambas eliminados foram os das parcerias de Ivo Meirelles e Beto Savanna. Abaixo, o CARNAVALESCO analisa o desempenho de cada obra classificada.

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Parceria de Francisco Lino (Amapá): O samba 105 veio diretamente da terra onde nasceu o enredo. A obra amapaense, da parceria de Francisco Lino, Hickaro Silva, Camila Lopes, Silmara Lobato e Bruno Costa, já estava classificada para a final por vencer a disputa no Amapá. Na sua primeira apresentação em solo verde e rosa, o samba foi recebido de forma tímida pela quadra, não sendo tão cantado quanto os demais. Apesar do refrão empolgante — “Mangueira chamou: ‘Sacaca!’ / Minha voz ecoou na mata! / O meio do mundo é a nossa aldeia / Incorporou! A Amazônia é negra!” —, neste momento da disputa, a obra não se mostrou capaz de avançar sem a classificação prévia. Isso, porém, não esteve ligado ao desempenho dos cantores, que foi satisfatório. Na única passada em que o samba ficou apenas com a galera, sem bateria nem intérpretes, o canto desapareceu. É preciso ajustar alguns pontos se a parceria quiser fazer bonito na final.

Parceria de Verônica dos Tambores (Amapá): Na sequência, outra obra vinda do extremo norte do país e também já finalista: o samba 103, da parceria Verônica dos Tambores, Piedade Videira, Laura do Marabaixo, Antônio Neto, Clovis Junior e Marcelo Zona Sul. Desde antes de subir ao palco, já era apontado como favorito, e a apresentação confirmou as expectativas. O público entoava o refrão antes mesmo de a parceria começar a cantar, e o samba foi muito bem recebido ao longo de toda a execução. O refrão do meio — “É de manhã, é de madrugada / É de manhã, é de madrugada / Couro de sucuriju no batuque envolvente / Quilombola da Amazônia jamais se rende!” — sacudiu a quadra e funcionou muito bem em todas as passadas. Quando ficou apenas a cargo do público, o canto não se manteve uníssono em tom alto, o que gerou uma sutil decepção em alguns fãs, mas nada que diminuísse o mérito da classificação. Foi uma apresentação consistente, que reafirmou o favoritismo da obra amapaense.

Parceria de Alexandre Naval: O terceiro classificado foi o samba 11, da parceria de Alexandre Naval, Wendel Uchoa, Ronie Machado, Giovani, Marquinho M. Moraes e Ailson Picanço, defendido por Wantuir em grande performance. Assim como o anterior, o samba começou a ser entoado pelo público antes mesmo dos intérpretes no palco. A obra foi bem recebida na quadra e mostrou força. O trecho “Canta! No terreiro oração se dança! / No toque de caixa ligeiro / A bandaia se faz entender / Samba! / No Laguinho, rei sentinela / Com os crias da favela / A floresta vai vencer!” abre caminho para o refrão principal com impacto, transmitindo a sensação de uma explosão mais adiante na obra. Quando entregue à galera, o canto se manteve coeso e forte do início ao fim. Foi mais um samba que se mostrou indispensável na final.

Parceria de Pedro Terra: Encerrando a noite, o samba 15, de Pedro Terra, Tomaz Miranda, Joãozinho Gomes, Paulo César Feital, Herval Neto e Igor Leal, interpretado por Igor Sorriso e Tinga. A obra mostrou grande aderência na quadra, sendo muito bem cantada pelo público. Apesar da letra extensa, o samba demonstrou potência para estar na final. Seu grande trunfo está no trecho final do refrão — “Chamei o povo daqui, juntei o povo de lá / Na Estação Primeira do Amapá” —, que caiu no gosto da galera e foi cantado de forma animada e coesa em todas as passadas. Após a apresentação, a torcida ainda promoveu um arrastão ao som do samba na saída da quadra, confirmando sua força.