Por Allan Duffes, Ana Júlia Agra, Carolina Freitas e Matheus Morais

A Mocidade Independente de Padre Miguel definiu na madrugada deste domingo o hino que irá embalar a Verde e Branco da Zona Oeste no Carnaval 2026. A obra vencedora, assinada pelos compositores Jefinho Rodrigues, Diego Nicolau, Xande de Pilares, Marquinho Índio, Richard Valença, Orlando Ambrosio, Renan Diniz, Lauro Silva, Cleiton Roberto e Cabeça do Ajax, foi aclamada pela comunidade no Maracanã do Samba. A escola levará para a Avenida o enredo “Rita Lee, a Padroeira da Liberdade”, desenvolvido pelo carnavalesco Renato Lage. A Mocidade será a primeira escola a desfilar na segunda-feira de carnaval, no Grupo Especial.

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Fotos: Allan Duffes/CARNAVALESCO

“Aqui é a minha escola de coração. Sempre ganhar samba aqui parece que foi a primeira vez. Tem a emoção, o nervosismo, a vontade de ganhar e a vontade de realizar um bom espetáculo para minha escola sempre. Muita felicidade. O refrão do nosso samba mostrou a força que ele tem. É um som muito popular, remetendo a uma música famosa da Rita, que é a nossa homenageada, e mesclando com o sentimento de amor do Independente pela escola. O mais forte é: ‘Mocidade, ê, ê, ê, minha mocidade, voltei por você. Desbaratina a razão, se joga, meu bem, no céu, no mar, na lua, na Vila Vintém”, disse o compositor Diego Nicolau.

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Emocionado com a vitória, o compositor Richard Valença destacou a simbologia de homenagear Rita Lee na voz da Mocidade. “Essa semana eu dei uma entrevista e afirmei que a Mocidade se fala no feminino. A Rita Lee é uma voz plural de feminilidade, de combate a qualquer preconceito que seja voltado ao público feminino. São histórias que se cruzam, são perfis que se cruzam: a Mocidade é a Rita Lee, e a Rita Lee é a Mocidade. É uma honra poder vencer essa disputa pela quinta vez com a minha parceria e ser a voz da Rita Lee na Sapucaí pela Mocidade. É algo indescritível, único. A Mocidade merece falar de Rita Lee, e a Rita Lee merece passar no carnaval carioca”, afirmou.

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Sobre a força do samba, Richard Valença ressaltou: “O refrão principal vai ser uma coqueluche, vai ser um absurdo na Sapucaí. Mas o trecho ‘sou Independente, fácil de amar, livre de qualquer censura’ tem uma identidade muito forte com a Mocidade. O público do carnaval ama a escola, mas ao mesmo tempo chega com o pé atrás por conta dos últimos resultados. Então, o Independente precisa falar isso: que é fácil de amar, que tem a ver com ele e tem a ver com a Rita Lee. Eu acho que todo samba pega, mas esses dois refrões vão levantar a Sapucaí”.

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O compositor Cabeça do Ajax falou sobre a conquista. É o meu quinto título na Mocidade, mas é como se fosse o primeiro de novo. Mocidade é onde eu nasci, onde eu me criei e onde me projetou para o samba. Eu sou cria de Padre Miguel, da Vila Vintém, para mim é muito especial ganhar na Mocidade. É sempre bom ganhar samba, mas ganhar na Mocidade tem um gosto diferente, em especial, falando da Rita Lee. Eu sou muito fã da Rita Lee, e isso aí foi passando para as minhas filhas, a identidade, a qualidade da música. E as minhas filhas gostam muito ainda do que eu gosto. E a minha filha é muito fã da Rita Lee. Ela tem 17 anos, a Nicole. Ganhar esse samba teve um sabor especial porque eu dediquei a ela. A emoção foi diferente de todos os outros anos. E a importância da gente trazer a Rita Lee para o carnaval, um ícone da nossa música. Isso aí para mim, é o carnaval, é para isso. É para falar dos grandes ídolos que nós tivemos, é para falar de política, é para falar de orixá, é para falar de tudo. E a gente tem que trazer isso para o carnaval.

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“Ser vencedor na escola da gente é sempre a melhor coisa. É o meu segundo samba campeão na escola e com um enredo feminino. O primeiro ano que eu ganhei foi Elza e agora a Rita Lee. Duas lendas! A felicidade é imensa. Minha escola de coração … Ah, nem sei o que falar. Só sei comemorar e ser feliz! Agradecer à minha parceria. A gente fez um trabalho árduo, com dias perdidos de sono e fora de casa, mas no final compensa tudo. A expectativa agora é a maior possível. Esse samba já caiu na boca do povo desde o lançamento. Na quadra da Vila Vintém já era abraçado pela comunidade. Por isso, a expectativa está lá em cima para a escola fazer um ótimo carnaval e ser feliz!”, comemorou o compositor Renan Diniz.

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Indo para sua segunda vitória na escola, Lauro Silva exaltou a emoção do momento: “É indescritível. Estamos há três anos chegando na final e graças a Deus esse ano vencemos. A felicidade é sem igual. Esse é o segundo samba que venço aqui. O primeiro foi o Don Quixote. Este agora é todo muito melódico, muito bonito. Tenho certeza que será um sambão na Avenida. A expectativa é a melhor de todas. A Sapucaí vai cantar, principalmente o refrão, a plenos pulmões”.

Igor Vianna: ‘Um momento único na minha escola do coração’

O intérprete Igor Vianna viveu uma noite especial ao defender o hino campeão. “Um momento único, estar na minha escola do coração. Eu só tenho a agradecer a Deus e aos meus Orixás. É muito diferente cantar aqui, a emoção bate diferente”, contou.

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Sobre a parceria com o mestre de bateria, foi enfático: “Podem esperar um grande trabalho na Avenida. A minha troca com o Dudu é excelente e o nosso hino vai levantar a Sapucaí”.

Renato Lage: Um enredo que é a cara da Mocidade

O carnavalesco Renato Lage explicou a origem do enredo: “Sempre tive vontade de fazer um enredo sobre Rita, ela é minha contemporânea. Coincidiu eu voltar pra Mocidade e querer fazer aqui. Gostaria de ter feito com ela em vida, mas não foi possível. A família está apoiando, adorando. O Roberto e o João, filhos dela, estão presentes”.

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Sobre o desenvolvimento do desfile, adiantou: “Os protótipos já foram apresentados internamente, a reprodução já começou, barracão em andamento. O projeto está todo pronto”.

Mestre Dudu: ‘A Rita abre caminhos para uma bateria ousada’

O comandante da “Não Existe Mais Quente”, mestre Dudu, não escondeu a empolgação com o samba escolhido e com as possibilidades musicais que o enredo proporciona.

“A Mocidade está se reinventando com uma direção que escuta a gente. E eu sempre digo: um samba bem escolhido já é metade do caminho de um grande carnaval. Falar de Rita Lee é falar de música, de criatividade. Esse enredo abre a mente para a gente pensar em novas nuances de paradinhas e ousadias. Agora é virar a página, esquecer o que passou e fazer um belo carnaval. O Independente merece e não vai ser diferente”, afirmou.

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Sobre o repertório de inovações que sua bateria prepara para 2026, deixou no ar um suspense: “Todo mundo só fala em guitarra, mas a nossa bateria é pioneira. Ainda não temos um instrumento específico definido, mas podem ter certeza que, quando virem o nosso desfile, vão pensar: ‘o Dudu só pode ser maluco’. Queremos surpreender e fazer algo totalmente diferente. É para marcar história”.

Wallace Capoeira: ‘Queremos 3 mil Ritalizados na Avenida’

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O diretor de carnaval Wallace Capoeira ressaltou a união da escola: “O saldo de 2025 foi muito positivo. Agora, após a escolha do hino, a comunidade vem junto com a nossa família. O projeto é audacioso, de muita musicalidade. O Renato é o nosso mago. Temos condições reais de fazer um grande desfile. Quanto mais componentes, melhor, quero os meus Ritalizados. Vamos desfilar com 2500 a 3000 pessoas”.

Doutora Valéria: ‘Projeto do Lage vai para a Avenida inteiro’

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Representando a escola na Liesa, a advogada Valéria foi categórica: “Muita garra, muita luta, muito samba, desfile digno da Mocidade. O projeto do Renato Lage vai para a Avenida inteiro, como foi em 2025. Não damos atenção a boatos, vamos chamar vocês para dentro do barracão para acompanhar”.

João Lee:’Minha mãe estaria vibrando de felicidade’

Filho da homenageada, João Lee se emocionou com a vitória do samba: “É emocionante. Ela era apaixonada por carnaval, incluía o espírito do carnaval em muitas músicas. Tenho certeza que, de onde estiver, vai estar vibrando de felicidade. A família está encantada com o projeto. Vamos desfilar, nossa família e amigos mais próximos estarão presentes”.

Sandro Menezes: ‘Igor será uma grande revelação na Avenida’

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O diretor de harmonia, Sandro Menezes, exaltou o trabalho do carro de som: “O Igor e a equipe têm feito um trabalho maravilhoso. Tenho certeza que ele será, mais uma vez, uma revelação na Avenida. Após a escolha do hino, começaremos os ensaios de canto na quadra. Tudo já está planejado para dar muito certo”.

Diogo e Bruna: ‘Desafio da cabine espelhada é gostoso’

O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Diogo e Bruna, comemorou o saldo positivo de 2025 e projetou o próximo carnaval: “Foi um dos nossos melhores desfiles, superamos expectativas e conseguimos as notas máximas. Agora é melhorar ainda mais”, disse Bruna.

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Sobre o enredo e o samba: “Rita sempre foi inspiração. O samba vai nos ajudar na coreografia, que será preparada para encantar o público e os jurados. A cabine espelhada é um desafio, mas gostamos de desafios. Vamos para cima”, completou Diogo.

Como passaram os sambas na final

Parceria de Jefinho Rodrigues: Primeiro samba a se apresentar na final, entrou em cena já como favorito. A exibição da parceria foi em grande estilo, liderada por Wander Pires, cantor da Viradouro, mas que na Mocidade sempre se mostra à vontade. Os compositores Jefinho Rodrigues, Diego Nicolau, Xande de Pilares, Marquinho Índio, Richard Valença, Orlando Ambrósio, Renan Diniz, Lauro Silva, Cleiton Roberto e Cabeça do Ajax viram a última estrofe, encabeçada pelo verso “vem, seja Pagu, se entrega”, ser cantada a plenos pulmões pela grandiosa torcida da parceria. O refrão, como era esperado, pegou e o povo se jogou em cada repetição. O samba se sustentou durante as sete passadas, com torcida e grupo de palco incansáveis. A obra se mostrou fortemente credenciada para ser o hino da Mocidade em 2026.

Parceria de Paulinho Mocidade: O samba da parceria formada por Paulinho Mocidade, Sandra Sá, Gabriel Teixeira, Lico Monteiro, Gabriel Simões, Rodrigo Feiju, Tamyres Ayres, Christiane e Trivella foi o segundo a se apresentar. Uma exibição vigorosa, tanto da torcida, embora em menor número que a do primeiro samba, quanto dos cantores Dowglas Diniz (Mangueira), Rafael Tinguinha (São Clemente), Sandra Sá e Paulinho Mocidade. O refrão do meio, construído sobre a melodia de “Erva Venenosa”, foi o ponto mais forte da obra. Quando jogado para a torcida, foi correspondido, mas sem animar a quadra tanto quanto o primeiro samba. Uma boa apresentação, suficiente para colocar um tempero a mais na disputa.

Parceria de PC Feital: O samba da parceria formada por Paulo César Feital, Dudu Nobre, Cláudio Russo, Alex Saraiça, Denilson do Rozário, Carlinhos da Chácara, Júlio Alves, Marcelo Casa Nossa, Anderson Lemos e Léo Peres fechou as apresentações da final da Mocidade sem empolgar. Uma integrante caracterizada como Rita Lee esteve no palco junto com o time de cantores, liderados por Tinga (Vila Isabel), que tentou cativar a torcida, mas o público não pareceu muito animado. Houve bandeiras sacudidas e pulos no refrão principal, porém sem grande brilho. A letra, sem apelos populares como os dois primeiros sambas, não se sustentou na melodia e, durante a apresentação, refletiu o ânimo da parceria. E foi assim até o final.