A Unidos do Viradouro realizou, na última sexta-feira, a semifinal da eliminatória de sambas-enredo para o Carnaval 2026. Quatro obras se apresentaram na quadra da vermelho e branco em busca de uma vaga na final. A escola de Niterói levará para a Avenida o enredo “Pra Cima, Ciça!”, homenagem ao mestre de bateria da agremiação e um dos maiores da história do Carnaval carioca. O samba de Claudio Mattos segue como favorito e conquistou diversos segmentos, mas a parceria de Lucas Macedo fez uma bela apresentação e não ficou atrás na noite. Os finalistas devem ser anunciados na segunda-feira. A seguir, o CARNAVALESCO analisa a passagem dos sambas semifinalistas.

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Parceria de Lucas Macedo: Zé Paulo e Charles Silva defenderam o samba da parceria de Lucas Macedo, Diego Nicolau, Jefferson Oliveira, Vinicius Ferreira, Richard Valença, Miguel Dibo, Orlando Ambrósio, Hélio Porto, Aldir Senna e Wilson Mineira. A obra abriu a semifinal, esquentando a quadra com uma forte apresentação. Zé Paulo e Charles tiveram um desempenho vigoroso, levantando o samba. O refrão de cabeça “Repinique de André, seu Hélio na marcação, na caixa de guerra, Louro, swinga a terceira, Jorjão, tem Marçal no tamborim, bateria que enfeitiça, quem convida é a Viradouro do mestre Ciça” cita outros grandes mestres de bateria e foi cantado com muita animação. O início da obra, com os versos “ê menino, que um dia desceu o São Carlos, foi gingando no embalo, riscado no pé, malandragem é boemia, pelo ar a poesia, quando o samba de sambar vira fé”, também se destacou. A segunda parte apresenta variações melódicas interessantes, como no trecho “êêêêêê tá de alma lavada o caveira, êêêá é macumba de Alafiá”. Foi uma passagem consistente, que se sustentou bem durante todo o tempo, apesar do canto da torcida ter diminuído após as primeiras passadas.

Parceria de Claudio Mattos: O samba de Claudio Mattos, Renan Gêmeo, Rodrigo Gêmeo, Lucas Neves, Rodrigo Rolla, Ronaldo Maiatto, Bertolo, Silvio Mesquita, Marcelo Adnet e Thiago Meiners foi defendido por Freddy Vianna e Grazi Brazil. A obra mostrou ser a mais abraçada por segmentos e componentes, que acompanharam o samba na ponta da língua. Porém, a ausência de Pitty de Menezes fez falta para uma maior explosão no palco, apesar da condução competente de Freddy, Grazi e seus auxiliares. Mesmo assim, o samba reafirmou sua qualidade, com destaque para o refrão central “quando o apito ressoa parece magia, num trem caipira, no olhar da baiana, medalha de ouro, suingue perfeito, que marca no peito da escola de samba”. Outro ponto forte está na segunda parte, nos versos “peça perfeita pra me completar, feiticeiro das evocações, atabaque mandou te chamar, pra macumba jogar poeira, firma a caixa pra resistir, o nome de Moacyr é legado do mestre Caveira”, com melodia que convida a gingar e sambar. O refrão de cabeça “se eu for morrer de amor, que seja no samba, sou Viradouro, onde a arte o consagrou, não esperamos a saudade pra cantar, do mestre dos mestres herdei o tambor” é inspirado e reforça o brilho da obra. A torcida acompanhou com força todos os versos. É o samba claro favorito da disputa, mostrando sua qualidade mesmo em uma apresentação mais equilibrada na noite.

Parceria de Mocotó: A obra da parceria de Mocotó, PC Portugal, Arlindinho Cruz, J. Lambreta, André Quintanilha, Rodrigo Deja, Ronilson Fernandes, Renato Pacote, Reinaldo Guimarães e Bira Fernandes teve Marquinho Art Samba e Wandinho Pires como intérpretes principais. O samba teve ótimo rendimento no refrão de cabeça “Viradouro é seu coração na avenida, ‘amor, amor, amor’ em sua história nossa vida, sabe Moacyr, a esperança virá, no vermelho e branco que brilha em seu olhar”. O refrão central trouxe uma quebra melódica interessante no último verso: “põe a caixa no alto, quebra a baqueta, vai botando mais tempero no feijão com arroz, batucada desvairada, toca o trem caipira, divina condução, consagrado no compasso da inovação”. A segunda parte apresentou uma bonita melodia e também contribuiu para uma boa performance, embora tenha perdido força nas últimas passadas. A torcida mostrou mais empolgação do que canto em alguns momentos da apresentação.

Parceria de Thiago Carvalhal: O samba da parceria de Thiago Carvalhal, Bebeto Maneiro, Ludson Areia, Babby do Cavaco, Carlinhos Viradouro, Vinicius Moro, Pablo Adame e Rodrigo Neves foi defendido por Nego e Tem Tem Jr., em um palco que sustentou uma obra composta por diversos trechos em tom maior. Apesar de se manter em alta, o desempenho foi irregular. O refrão de cabeça “abraço de mãe na Viradouro, a sua história não se apagará, é dia de festa, maestro do morro tem muita macumba pra comemorar” funcionou muito bem, ao contrário da primeira parte, que apresentou sinais de arrastamento. Na segunda parte, o rendimento voltou a crescer, sobretudo no bis antes do refrão de cabeça: “hoje a saudade apertou, eu voltei pra flores em vida eu te entregar, tudo que eu pedi a Deus vai se realizar (pra cima, Ciça)”. A menor torcida da noite acompanhou de forma afiada os refrãos, mas não manteve a mesma energia no restante da obra.