Seis parcerias subiram ao palco na semifinal da disputa de samba-enredo da Acadêmicos do Grande Rio, na noite da última terça-feira, na quadra da agremiação. Apesar da disputa em aberto, duas parcerias se destacaram, entre elas a de Ailson Picanço. Ao todo, cinco obras concorrentes seguirão para a grande final, que acontecerá no próximo sábado. As finalistas devem ser anunciadas nas próximas horas, por meio das redes sociais da Tricolor da Baixada. A escola de Duque de Caxias levará para a Marquês de Sapucaí em 2026 o enredo “A Nação do Mangue”, de autoria do carnavalesco Antônio Gonzaga. Veja, abaixo, as análises das apresentações desta penúltima etapa.
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Parceria de Derê: O intérprete Bruno Ribas ficou responsável por defender a parceria composta por Derê, Licinho Jr. Moratelli, Julio Alves e Fabio Gomes. Apesar de ser forte e imponente na gravação, o samba não trouxe tanta animação ao público e ficou abaixo do esperado. Já os torcedores levaram bandeirões nas cores da agremiação, mas poucos cantavam. Apesar da força, o grupo teve uma apresentação apenas regular.
Parceria de Mariano Araújo: A obra também é assinada por Moisés Santiago, Dionísio, Aldir Senna e Wolkester Rolleigh. O intérprete Tuninho Jr. ficou responsável por defender a parceria e foi um diferencial na hora de levantar o samba. A composição chama a atenção pela riqueza e por conseguir conectar o enredo às raízes da Tricolor Caxiense, como em: “Caranguejos emergem da periferia/ Num grito que une Recife e Caxias”. Já o refrão, apesar de forte, faz referência à bateria da Grande Rio em “No baque virado dos tambores da invocada” — nome descontinuado nos últimos anos. Ainda assim, o grupo fez uma ótima apresentação e contou com uma torcida numerosa e animada, que levou bandeirões da Grande Rio. Nem todos cantavam, mas ao final da apresentação os torcedores fizeram questão de entoar o samba em coro.
Parceria de Myngal: Os intérpretes Charles Silva e Tinguinha ficaram encarregados de representar a parceria composta por Myngal, Denilson Sodré, João Diniz, Miguel Dibo e Hélio Porto. Ambos foram fundamentais na ótima apresentação do grupo, que contou com o apoio de uma torcida presente em peso, embora nem todos cantassem. A obra traz críticas sociais e políticas, como em: “A pobre elite não vê, ou sempre finge/ o que me aflige, eu brado, é grave”. Ao fim, os torcedores da parceria seguiram cantando o samba.
Parceria de Marcelinho Santos: Os intérpretes Tem-Tem Jr., Ito Melodia, Vitor Cunha e Thiago Brito defenderam a obra escrita por Marcelinho Santos, Henrique Bililico, Xande de Pilares, Ricco Ayrão e Sérgio Daniel. O samba consegue ser animado e, ao mesmo tempo, um dos que mais se aproximam do manifesto do mangue. O refrão “chiclete” facilitou o canto dos torcedores sem soar simples demais: “Maré que vem, maré que vem/ Caranguejo em movimento não aceita ser refém”. A letra, o palco forte e o peso da maior torcida da noite resultaram em uma ótima apresentação.
Parceria de Ailson Picanço: Os intérpretes Dodô Ananias e Fábio Moreno ficaram responsáveis por defender a obra composta por Ailson Picanço, Marquinho Paloma, Davison Wendel, Xande Pieroni e Marcelo Moraes. Juntos, contribuíram para a excelente apresentação do grupo. A parceria aparenta ir na contramão de parte das concorrentes ao abrir mão de um hino animado para apostar em um samba-manifesto. A obra é enfática e dialoga com o Manguebeat em referências culturais, sociais e políticas. Um exemplo é o verso “Gramacho encontrou Capibaribe”, que estabelece, de forma indireta, um paralelo entre o rio Capibaribe e o lixão de Jardim Gramacho. Se este for o tom escolhido pela escola para o desfile, trata-se de uma grande obra em potencial. Apesar da riqueza poética e da ótima condução dos intérpretes, é importante destacar que a torcida deixou a desejar em determinados momentos da apresentação. Um melhor desempenho na grande final pode ser um diferencial na busca pela vitória.
Parceria de Samir Trindade: Wantuir comandou o samba escrito por Samir Trindade, Mateus Pranto, Laura Romero, Binho Teixeira e Leandro Custódio. O palco forte e a torcida animada, que esteve presente em peso, ajudaram no bom desempenho da obra. O samba é mais poético e utópico, com foco na ancestralidade e na força simbólica do mangue. O refrão, embora fácil de memorizar e bastante cantado pela torcida, causou uma quebra no tom (importante: não estamos falando de tom musical, mas de discurso na letra) ao encerrar com “Respeite o meu chão/ Grande Rio eu sou”. A torcida levou bandeiras e balões nas cores da escola, ajudando a valorizar ainda mais a apresentação.