Com sua voz grave e inigualável, Jovelina Pérola Negra (1944-1998) se tornou um ícone do samba de partido-alto e do pagode carioca. Cantora e compositora, Jovelina teve uma trajetória artística inspiradora, abrindo caminho para outras vozes femininas no gênero. Sua obra valorizou as raízes do samba, representando a força do subúrbio e da mulher negra na música brasileira. Para reverenciar a vida e a obra dessa mulher singular, o jornalista e escritor Leonardo Bruno repete a parceria com o diretor Luiz Antonio Pilar —, iniciada com o premiado “Leci Brandão – Na Palma da Mão”, vencedor do Prêmio Shell na categoria Direção — para apresentar o musical “A Pérola Negra do Samba”, que estreia em 20 de setembro no Teatro Carlos Gomes, no Centro do Rio. As apresentações acontecem quintas e sextas, às 19h, e sábados e domingos, às 17h, até 9 de novembro.

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jevelina perola
Foto: Luiz Antonio Pilar/Divulgação

Em cena, a atriz, cantora e compositora Afro Flor interpreta Jovelina. Ela divide o palco com Thalita Floriano, Fernanda Sabot e Thiago Thomé, que dão vida a pessoas marcantes da vida e carreira da artista, como sua família e personalidades como Clementina de Jesus, grande inspiração de Jovelina. Com muito bom humor, a peça é construída a partir das músicas de Jovelina e tem como narradora a Dona Cebola, personagem de “Feirinha da Pavuna”, uma das mais conhecidas da cantora. Essa canção abre o espetáculo e inspira o cenário e o figurino, que remetem ao colorido universo das feiras livres do subúrbio carioca, com seus caixotes e placas com letras em filete.

Outros sucessos como “Bagaço da Laranja”, “Sorriso Aberto” e “Luz do Repente” também estão na montagem, assim como lados B como “Amigos Chegados”, “Flor Esmaecida” e “Samba Guerreiro”. Mais de 20 músicas costuram a dramaturgia do espetáculo. Além dos quatro atores-cantores, estão no palco os seguintes músicos: Matheus Camará (violão) e Rodrigo Pirikito (cavaco), dupla que assina a direção musical de “A Pérola Negra do Samba”, Daniel Esperança (teclado), Wesley Lucas (bateria), Pedro Ivo (percussão) e Thainara Castro (percussão).

Mesmo com a imensidão de sua voz, o sucesso chegou tardiamente, aos 41 anos de idade. Foi apenas em 1985 que Jovelina estreou com a participação no disco “Raça Brasileira”, álbum clássico que também revelaria Zeca Pagodinho há exatos 40 anos. Em 1998, aos 54 anos, a artista morreria de infarto. Apesar de ser uma personagem muito conhecida dos brasileiros, Jovelina teve sua história apagada, com pouquíssimos registros. Ainda assim, ela continua sendo lembrada nos pagodes da cidade, por meio de sua obra.

“Jovelina construiu sua carreira cantando músicas que falavam do dia a dia do subúrbio: o trem lotado, a confusão na esquina, o malandro Zona Norte, a patricinha Zona Sul, a negritude orgulhosa, a fé numa força maior. Foi uma carreira curta, mas muito intensa, com diversos sucessos, marcados por sua figura emblemática”, conta o dramaturgo, roteirista e escritor Leonardo Bruno, que também é comentarista de carnaval na televisão e integrante do júri do Estandarte de Ouro.

No mundo do pagode, Jovelina era uma das poucas mulheres. Para vencer na carreira, teve que usar todo seu jogo de cintura para definitivamente ser considerada uma das grandes da geração que saiu do Cacique de Ramos e que conta com nomes como Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Jorge Aragão, Almir Guineto e tantos outros.

“Ela se diferencia dos demais nomes femininos do universo do samba por ser uma cantora de partido alto, do improviso, da malandragem, características normalmente associadas ao masculino”, explica o dramaturgo. “Ela era essa mulher bem-humorada, que consegue bater de frente com os homens, enfrentando na rima, com picardia, falando de igual para igual na roda de samba”, completa.

Para o diretor Luiz Antonio Pilar, contar a história de Jovelina Pérola Negra é falar também do povo preto e periférico do Brasil, que luta todos os dias por uma sociedade mais justa. “O espetáculo apresenta um grande panorama da vida da artista, preservando sua memória. Jovelina foi uma entre tantas brasileiras que, em meio à busca pela sobrevivência, tinha um sonho de se tornar cantora. Enfrentou o racismo, o machismo e diversas adversidades”.

FICHA TÉCNICA:
Diretor artístico e diretor de produção: Luiz Antonio Pilar
Dramaturgia: Leonardo Bruno
Diretor musical: Rodrigo Pirikito e Matheus Camará
Produção executiva: Beatriz Dubiella
Assistente de direção: Estela Silva
Assistente de produção: Sandro Carvalho e Thais Cairo
Preparador vocal: Pedro Lima
Preparador corporal: Luiza Loroza
Violão: Matheus Camará
Cavaco: Rodrigo Pirikito
Teclado: Daniel Esperança
Bateria: Wesley Lucas
Percussão: Pedro Ivo
Percussão: Thainara Castro
Elenco principal: Thalita Floriano, Fernanda Sabot, Thiago Thomé e Afro Flor
Cenógrafo: Lorena Lima
Cenotécnico: Djavan Costa
Contrarregra: Sandro Carvalho
Figurinista: Rute Alves
Assistente de figurino: Luciano Jardim
Visagista: Alex Palmeira
Camareira: Erika dos Santos
Designer de som: Vilson Almeida
Iluminador: Daniela Sanchez
Operador de luz: Guilherme Trindade
Intérprete de Libras e audiodescrição: JDL Acessibilidade
Assessoria de imprensa: Paula Catunda e Catharina Rocha
Fotografia artística: Luiz Antonio Pilar
Designer gráfico: Adriano Cipriano
Coordenador de mídias para internet: Mozart Jardim

“A Pérola Negra do Samba”
Temporada: de 20 de setembro a 9 de novembro de 2025
Apresentações: quintas e sextas, às 19h, e sábados e domingos, às 17h.
As sessões de sábado contam com intérprete de Libras e audiodescrição.
Local: Teatro Carlos Gomes – Praça Tiradentes, s/n° – Centro
Ingressos:
R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia) – Plateia
R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia) – Balcão
Bilheteria online: https://bit.ly/4nkcK2s
Classificação indicativa: 12 anos. Duração: 110 min.
Instagram do espetáculo: @perola_negra_dosamba