A Unidos de Padre Miguel segue sua tradição de valorizar personagens marcantes da história do Brasil que ainda não possuem o devido reconhecimento. Para o Carnaval 2026, a escola contará a trajetória de Clara Camarão, guerreira indígena potiguara que se destacou na luta contra os invasores holandeses no período colonial.

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Fotos: Carolina Freitas/CARNAVALESCO

“Já era um desejo, tanto meu quanto da escola, falar novamente sobre alguma mulher potente, com uma história tão potente quanto. Desde o meu início no carnaval, busco sempre falar de Brasil para o Brasil, porque acho que nós somos um país tão rico, com tantos personagens incríveis que, infelizmente, ainda não possuem a notoriedade devida”, explicou o carnavalesco Milato em entrevista ao CARNAVALESCO.

Segundo ele, a identificação com Clara foi imediata. “Quando nos deparamos com a história de Clara Camarão, foi amor à primeira vista. Falamos de uma heroína que infelizmente tem sua história documentada até o momento em que estava atrelada ao seu marido. A escolha foi feita da forma mais natural e verdadeira possível”.

A decisão também reflete o novo momento da escola, presidida por Lara, ex-diretora de carnaval. “Fazia muito sentido falar sobre a Clara Camarão, essa mulher potente que até hoje tem sua história perpetuando e incentivando outras mulheres, em uma escola de pilares femininos, principalmente nesse momento em que temos a Lara como presidente e tantas mulheres em outras áreas”, acrescentou Milato.

lucas milato

Mesmo com o rebaixamento ao Grupo de Acesso, Milato garantiu que a estética da escola seguirá impactante. “Estamos nos adequando sem perder a grandiosidade e a imponência que a Unidos de Padre Miguel sempre apresentou. Seguiremos firmes, independentes do grupo. Vai ser um desfile muito colorido, vivo, que passeia por essa riqueza cultural dos potiguaras, com mensagens importantes que ultrapassam a estética”, afirmou.

Vozes da comunidade

bruno ribas

O intérprete Bruno Ribas enalteceu o caráter pedagógico da escolha do enredo para 2026: “É muito importante esse retorno do samba como ferramenta de educação. Quero estar à frente da escola cantando um samba que, se Deus quiser, vai ultrapassar as barreiras do carnaval e cair na boca do povo como o de 2025. Nós estamos montando um espetáculo maravilhoso, porque o público merece e, principalmente, a nossa comunidade, que é a nossa joia maior”.

laion upm

O mestre de bateria Laion destacou a liderança feminina: “É um sentimento único, uma escola liderada por mulher. Com essa garra iremos buscar o nosso devido lugar, que é o Grupo Especial”.

Já o diretor de Harmonia, Marcelo Marques, ressaltou a importância da integração. “A escola funciona como uma engrenagem. Todos os elos têm que estar conectados. É todo um trabalho em conjunto, e graças a Deus aqui a gente se reúne sempre para ver o que é melhor pra escola. Podem esperar uma UPM forte, mais uma vez”.

marcelo upm

Comissão de frente e brasilidade

Responsável pela comissão de frente, o coreógrafo Paulo Pinna também destacou as possibilidades criativas do enredo: “Eu gosto de fazer coisas que falam da nossa brasilidade. É um enredo muito vasto, com ideias ricas, que me proporcionou várias possibilidades. Agora, o nosso desafio é escolher uma ideia que contemple o enredo de forma resumida, mas emocionante, com leitura fácil para o público. Estou super ansioso e esperançoso”.

Mesmo diante da nova realidade da Série Ouro, Pinna garantiu que a qualidade não será afetada: “Na Série Ouro são menos pessoas, menos carros, mas no quesito qualidade, a Unidos mantém sempre o mesmo padrão. É uma escola tradicional, de desfiles marcantes. Estou muito animado para esse desafio”.

Com Clara Camarão no centro da narrativa, a Unidos de Padre Miguel aposta em um enredo que une representatividade, força feminina e brasilidade para retomar seu espaço no Grupo Especial.