A Portela vive um momento de reestruturação sob nova gestão, e as mudanças implementadas buscam realinhar os processos internos para fortalecer a escola em busca do campeonato. Em entrevista ao CARNAVALESCO, o diretor de carnaval Junior Schall detalhou as transformações, que vão desde a escolha do samba-enredo até a gestão do projeto de carnaval, agora sob o comando criativo exclusivo do carnavalesco André Rodrigues.
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Um novo olhar para a escolha do samba
Uma das alterações mais significativas destacadas por Schall é o novo modelo de disputa do samba-enredo. A diretoria, em conversas com o presidente Junior Escafura, identificou a necessidade de um processo mais focado na qualidade musical e poética das obras.
“A importância desse novo modelo de disputa é que nós precisamos ouvir melhor, focar mais na obra e não na torcida”, explicou Schall. A intenção é promover uma competição mais “intimista”, que valorize “o valor dos palcos” e a integração do samba com a bateria de mestre Vitinho, em vez do barulho e da pressão das torcidas organizadas. Essa abordagem marca uma das primeiras grandes diferenças da gestão atual para a anterior, buscando um resultado que atenda às reais necessidades do desfile.
O novo formato prevê audições internas, sem a presença do público, para garantir uma avaliação criteriosa e isonômica por parte da direção da escola. O presidente Junior Escafura já havia decretado que “torcida não vai decidir samba na Portela”, reforçando o compromisso com a escolha técnica da obra.
Antecipação e celeridade na construção do carnaval
Outro pilar da nova gestão é a antecipação do cronograma de trabalho no barracão. Schall ressalta que o calendário do carnaval está cada vez mais ampliado e competitivo, exigindo uma gestão proativa para não comprometer a execução do projeto.
“A gente está observando essas mudanças de forma gradativa na construção do projeto de carnaval. O presidente Escafura está buscando que seja mais célere ainda a construção do projeto. Se você não tiver uma gestão, a partir do seu presidente, que entenda a celeridade desse calendário, depois o tempo vai ficar muito apertado, você não vai ter uma boa construção de um projeto de carnaval”, ponderou Schall.
André Rodrigues: Voo solo e autoridade criativa
Após dois carnavais assinados em dupla com Antônio Gonzaga, o carnavalesco André Rodrigues agora assume sozinho a criação do desfile da Portela. Junior Schall elogiou a sinergia da antiga dupla, mas destacou a força do artista que permanece na escola.
“Dois grandes artistas que tinham uma grande sinergia”, comentou. Sobre o novo momento, Schall ressalta a capacidade de André em desenvolver narrativas potentes, algo que se encaixa com a identidade da escola. “Ele é um artista não só na questão estética, na questão plástica, mas na questão da construção de narrativas fortes e poderosas que caem muito bem junto da Portela”.
Para o diretor de carnaval, a nova fase representa um fortalecimento da autonomia do carnavalesco. “Nós entendemos que agora é um momento de mais autoridade do André em relação ao seu desenho, à sua questão estética”, concluiu, indicando que o artista terá liberdade total para imprimir sua visão no desfile da Majestade do Samba.