O CARNAVALESCO conversou, na madrugada de sábado, com os presentes na Noite dos Enredos, na Cidade do Samba, para saber o que acharam das apresentações das escolas. Tradicional evento de introdução dos temas dos desfiles do próximo ano ao público em geral, o encontro contou com performances de 12 minutos de cada agremiação. Após 10 anos de interrupção, a cerimônia retornou em 2024 e, neste ano, completou seu segundo ano consecutivo, consolidando-se no calendário do samba do Rio de Janeiro.

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Foto: Divulgação/Rio Carnaval

“É minha primeira vez na Noite dos Enredos, apesar de eu amar samba, amar escola de samba e ir a ensaios na Sapucaí e em várias quadras. Foi bem surpreendente, as escolas trouxeram vários cenários, vários elementos gráficos, ficou muito legal. Eu não esperava tanto, mas penso que a cada ano tende a melhorar, assim como os minidesfiles aqui na Cidade do Samba. É uma prévia do que a gente pode esperar na Sapucaí. Não é nada perto, mas a gente já fica imaginando como serão as coisas”, declarou a supervisora de escola de dança Lizandra Duarte, de 30 anos, que torce pela Imperatriz Leopoldinense.

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Supervisora de escola de dança Lizandra Duarte, de 30 anos, que torce pela Imperatriz Leopoldinense

A bancária portelense Aline Silva, de 43 anos, também aproveitou a noite. “É ótimo para as pessoas conhecerem as histórias, para já dar o ponto inicial para o carnaval e a gente começar a torcer pela escola, pelos sambas. É uma iniciativa boa”, disse ela.

Para a técnica de enfermagem e dançarina profissional Isis Batista, de 23 anos, “foi uma noite muito organizada. Superou o ano passado. Acredito que eles devam se superar cada vez mais”. Isis é Beija-Flor e participou da apresentação do Paraíso do Tuiuti.

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Técnica de enfermagem e dançarina profissional Isis Batista

O historiador Lucas Silva, de 26 anos, também aprovou. “Deve acontecer por muitos anos”, afirmou o jovem, que trabalha no setor de acervo e documentação no Museu do Samba e torce pela Viradouro.

“No geral, foi muito legal. As apresentações que mais dialogam com o público são mais musicais do que teatrais. Se tem alguma lição aqui é que o público não está aberto à dramaturgia. Eu entendo o impulso de ser mais teatral e tentar explicar o enredo, mas quanto mais musical for, mais empolga o público. A coisa muito encenada não chega do jeito que talvez o carnavalesco pense, do jeito que a escola pense. Fica muito didático e frio, digamos”, analisou o jornalista mangueirense André Baibich, de 41 anos.

Questionado sobre a escola que mais se destacou no evento, o jornalista citou a Imperatriz e Vila Isabel, que, disse, vêm fortes para brigar pelo título.

“A Imperatriz foi muito feliz em traduzir Ney Matogrosso em samba na sua apresentação, o que a Mocidade fez muito pouco, no finalzinho da apresentação com a Rita Lee. A Imperatriz, do início ao fim, cantou Ney Matogrosso com a bateria. A Imperatriz tem um enredo feito para o Carnaval, porque é um personagem gigantesco da nossa cultura. Um personagem que tem na sua trajetória musical, mas cujo aspecto visual é protagonista. É incrível ver esse cruzamento de um artista musical, que não é do samba, com o samba”, declarou André Baibich.

Sob o aspecto da escola de Noel, ele citou o premiado trabalho dos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora, que estreiam este ano na agremiação, e o potencial visual do universo de Heitor dos Prazeres.

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Bancária portelense Aline Silva, de 43 anos, também aproveitou a noite

Aline Silva concordou que a escola com a melhor performance da noite foi a Imperatriz. “Apesar de eu estar esperando o Ney Matogrosso aparecer, foi bem bacana. O fato deles terem saído com a banda no final, no meio do povo, foi muito legal. A apresentação, o vídeo, as músicas escolhidas… tudo ficou muito lindo”, justificou ela.

Lucas também lembrou da Rainha de Ramos, além da Mocidade e Acadêmicos de Niterói: “A que mais se destacou foi a Niterói, que falou sobre o Lula, uma pessoa que transcende a política, que todo mundo conhece e boa parte adora. Mocidade e Imperatriz também foram muito boas. Rita Lee e Ney Matogrosso dispensam comentários”.

Outra escola mencionada mais de uma vez foi a Unidos da Tijuca, que ganhou o coração de Isis e Lizandra. “Gostei da coreografia, roupa, da visão, trazendo o tema de Carolina de Jesus. Eles conseguiram passar a proposta muito bem”, colocou a dançarina nilopolitana.

“O enredo da Tijuca, Carolina Maria de Jesus, me emocionou. Não conhecia a história dela, escutei aqui e achei muito emocionante”, compartilhou a leopoldinense, que se encantou também com a energia da Grande Rio.

Para André Baibich, “o Tuiuti e a Tijuca têm enredos belíssimos, mas não é o foco explicar didaticamente de um jeito muito formal, como fizeram. Ficou uma coisa muito sala de aula. Eu espero que, na avenida, essas escolas traduzam o enredo de um modo mais carnavalizado, porque tem potencial”.

Já Lucas colocou que “o Tuiuti tem um enredo bom, mas complicado. Poderia desenvolver mais. Não vai ser algo fácil de botar na avenida, mas espero que dê bom. Hoje, ficou devendo”.

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Historiador Lucas Silva, de 26 anos

Outras apresentações avaliadas como pouco empolgantes foram as da Vila Isabel e Mocidade. “A Vila Isabel não levantou tanto a galera. Quando a gente vem para o samba, apresentação de enredo, espera que seja bem alegre”, disse Lizandra.

“A gente espera muito da Mocidade de Padre Miguel, (já que) é uma escola antiga no carnaval, mas, ultimamente, não tem surpreendido. Vem trazendo sempre o mesmo. Poderia ser melhor”, afirmou Isis.

Por fim, os entrevistados falaram sobre as apresentações que mais os surpreenderam. Nesse sentido, a Acadêmicos de Niterói saiu na frente.

“A Acadêmicos de Niterói levantou muito a galera. Por ser a primeira, a gente não estava esperando, mas, para aquele início de apresentação, eles entregaram tudo. Foi energia pura”, expressou Lizandra.

Balanço da ‘Noite dos Enredos’: muita música e dança, mas faltou conteúdo sobre os temas para o Carnaval 2026

“Uma escola que veio da Série Ouro e foi a última a lançar enredo, mas chegou aqui e arrebentou. Foi contagiante”, pontuou Lucas.

Aline destacou o trabalho de Renato Lage, enquanto Isis elogiou a ideia de Haddad e Bora. “A Mocidade conseguiu mesclar em 10 minutos o repertório enorme da Rita Lee. Achei bem legal. Foi lindo”, dividiu a portelense.

“Além da Tijuca, a Vila Isabel me surpreendeu. Ela vem com um enredo bacana, com os novos carnavalescos. É uma abertura para a Vila sair no carnaval e mostrar que vem para ganhar, cada vez mais”, finalizou a nilopolitana.