A Unidos da Tijuca inicia um novo capítulo em sua história com uma série de mudanças estruturais que visam fortalecer os laços com sua comunidade e redefinir seu papel dentro e fora da Marquês de Sapucaí. A escola anunciou a abolição da taxa de inscrição para os componentes, o início de projetos sociais nas comunidades do Borel, Casa Branca, Indiana, Barreira do Vasco, Morro do Pinto e Santo Cristo, além da produção de uma série documental sobre sua trajetória. Essas medidas, lideradas pela direção institucional da agremiação, refletem o desejo de aproximar a escola de suas origens e de seu povo, sinalizando um reposicionamento estratégico que vai além do desfile.

Para o Carnaval 2026, a Unidos da Tijuca levará à Avenida o enredo em homenagem à escritora Carolina Maria de Jesus. O tema será desenvolvido pelo carnavalesco Edson Pereira, que assina seu segundo desfile consecutivo na escola. Ele ressaltou o tom político e poético da escolha.
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“Nós fizemos questão que o título desse enredo fosse o nome da Carolina Maria de Jesus, para que essa história não volte a ser apagada. Cada um de nós é ou conhece uma Carolina de Jesus. Eu queria que esse enredo ficasse marcado na história das escolas de samba como um reconhecimento do quanto as pessoas menos privilegiadas têm valor e merecem ser aplaudidas no maior espetáculo da Terra”, afirmou.
O anúncio do enredo gerou grande comoção entre os tijucanos. O mestre-sala Matheus Miranda relatou sua emoção ao conhecer o tema.
“Fiquei muito emocionado com a apresentação. Acredito que a Tijuca vai fazer um carnaval incrível falando sobre a potência da negritude que traz Carolina Maria de Jesus.”
A componente da Velha Guarda, Maria Josilene Gonçalves de Oliveira, de 57 anos, celebrou a valorização da figura feminina negra.
“Esse enredo vai mostrar que todas as mulheres pretas têm valor e a história de uma mulher preta muito inteligente”, destacou, mencionando também ser leitora da homenageada.
Já a musa Mariah Dantas, de 27 anos, viu na escolha da autora de “Quarto de Despejo” e “Casa de Alvenaria” um ato de reparação histórica e cultural.
“O brasileiro tem pouca memória. É importante a gente resgatar a memória de uma escritora popular dentro de uma festa popular, que veio da periferia, que fala com as palavras que tem que falar, do jeito que tem que falar. Ela fala com audácia e, por isso, vence. Estamos em busca dessa audácia para levar a Tijuca para um bom lugar em 2026.”
Com a homenagem a Carolina Maria de Jesus e o pacote de mudanças institucionais, a Unidos da Tijuca aponta para um carnaval mais conectado com sua essência, sua história e, principalmente, com sua gente.