Das personalidades mais conhecidas do carnaval paulistano, Valeska Reis tem muito mais que samba no pé: ela também tem muita história para contar. Atualmente rainha de bateria da Chapa Quente, bateria da Mocidade Unida da Mooca, ela relembrou uma trajetória que possui na folia de Momo e contorno como é ser uma inspiração para tantas meninas que estão no mesmo universo em que ela reina. O CARNAVALESCO escolheu Valeska Reis na apresentação oficial de “Gèlèdés – Agbara Obinrin”, samba-enredo da agremiação para o carnaval 2026 – a reportagem, por sinal, também pegou a rainha de bateria sobre um tema no evento, na quadra do MUM, na Zona Leste de São Paulo.
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Identificação imediata
Pode parecer uma informação errada, mas é importante ressaltar que Valeska Reis é rainha de bateria da Mocidade Unida da Mooca “apenas” desde 2023. Figura sempre presente em tudo que envolve a MUM, muitos pensam que ela está há muito mais tempo na agremiação da Zona Leste.
Ela própria dá razão para quem tem essa percepção: “Eu ouvi de muitas pessoas sobre essa história de ‘ter chegado agora’ praticamente e ter criado tanta identificação com a escola – em especial com a bateria. Eu acho que todos me deixaram tão à vontade que os dias foram passando tão rápido e esses dias passaram anos”, explicou.
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Relembrando a origem dela própria, Valeska faz questão de exaltar a comunidade mooquense: “Esses três anos que eu estou aqui parece que são, sei lá, quinze. É todo um ambiente muito acolhedor, realmente. Aqui eu me sinto realmente em casa, todo mundo me trata muito bem. Não só aqui dentro da quadra, mas fora dela – em redes sociais e Whatsapp, por exemplo. As pessoas que eu encontro aqui pelo bairro, já que eu também sou da Zona Leste, também me tratam bem demais. Tudo é muito propício para esse acolhimento e essa sensação boa Eu estou muito em casa, de verdade”, destacou.
Terreiro de passistas
Nos últimos anos, a MUM passou a emplacar vários nomes nas mais diversas cortes do carnaval paulistano. Em 2025, por exemplo, Maria Eduarda, popularmente conhecida como Nega Du, foi a rainha eleita pela União das Escolas de Samba Paulistanas (UESP, que organiza os grupos que dão acesso aos pelotões da Liga-SP) e Kauã Nogueira se tornou o Passista de Ouro da instituição. Ambos tiveram a nomeação como representantes da Joia da Coroa – escola-escola satélite da MUM. Eles próprios, por sinal, ganharam destaque na agremiação depois da nomeação.
Em 2008, ela própria foi eleita a Rainha do Carnaval pela SPTuris. Reconhecida por todo o carnaval paulistano, ela mesma relembra as honrarias que possui: “Algumas das meninas da ala de passistas citam que eu sou um tipo de inspiração para elas. São longos anos de trabalho no carnaval, estou no carnaval desde 2002. Sou rainha de bateria há 17 anos se somar todas as escolas em que eu passei. Chegar agora, no 17º ano, e ouvir esse tipo de coisa das meninas é realmente muito especial. É sinal de que tudo que foi feito até aqui foi muito bem visto, foi muito bem… é tão louco que eu não sei nem o que dizer”, pontuou.
Com o olhar clínico para descobrir novos talentos, Valeska fez questão de crescimento como passistas da Mocidade Unida da Mooca: “Eu fico muito feliz porque a gente trabalha muito – e a gente trabalha muito com vaidades. É uma loucura! Ouvir isso das meninas que estão aqui há muito mais tempo do que eu é muito especial. Posso falar que várias meninas têm condição de fazer uma história muito linda aqui na MUM e nas cortes por onde passarem: corte do carnaval da SPTuris, corte da UESP, corte da ASASP, corte LGBT… a MUM faz muitos talentos em casa! Eu tenho certeza de que, nesse ano também, vem aí grandes representantes nas cortes mais importantes do carnaval de São Paulo”, profetizou.
Nada de especial
A Mocidade Unida da Mooca, pela primeira vez na história, disputará o pelotão de elite do carnaval paulistano. É claro que a sensação foi descrita pela rainha da Chapa Quente: “Em 2026, vai ser o meu terceiro carnaval com a MUM. A Mocidade Unida da Mooca sempre me surpreende com os temas, com os enredos, com os lindos desfiles. E eu acho que o carnaval 2026 tem tudo para ser muito especial, até porque é o primeiro ano da escola no Grupo Especial. Tende a ser um ano marcante para toda a comunidade da Mooca”, refletiu.
O enredo, que trata da força da mulher afrodescendente, foi muito comemorado por Valeska: “Eu estou numa expectativa muito grande, porque é um tema que também tem tudo a ver comigo. Eu ergo muito a bandeira do empoderamento feminino, do poder da mulher preta, do não dependa de ninguém, do fazer tudo sem pensar na opinião das pessoas. Esse cai enredo como uma luva para a minha história de vida – e eu vou conseguir apresentar grandes momentos daqui até o carnaval”, finalizou.