O carnaval perdeu uma de suas maiores almas. Maria Augusta Rodrigues partiu, mas deixou um legado tão grandioso que continuará ecoando em cada enredo que ousa emocionar e em cada desfile que transforma a Avenida em poesia.

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Foto: Reprodução TV Globo

Falar de Maria Augusta é falar de paixão, inteligência, de beleza estética e de coragem criativa. Foi ela quem ajudou a mudar o jeito de fazer carnaval. Maria Augusta entendia que uma escola de samba podia ser palco de história, cultura e sentimento. E ela fez isso como ninguém.

No Salgueiro, foi mais que uma carnavalesca. Foi revolucionária. Pensou desfiles como quem pensa capítulos de um livro, com começo, meio, fim e alma. Deu voz às raízes negras, às lutas ancestrais, à espiritualidade, à cultura popular. Desfiles que marcaram época e seguem vivos na memória carnavalesca.

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Mas tem um lugar onde Maria Augusta virou lenda viva: a União da Ilha do Governador. Foi com ela que a Ilha encontrou sua essência: leve, bem-humorada, emocionante, encantadora. Quem já viu Domingo (1977) ou se arrepiou com O Amanhã (1978) sabe do que estamos falando. Ela deu à Ilha um jeito próprio de desfilar, sonhador, quase infantil no olhar, mas gigante no impacto. E mais que isso: ela ajudou a fazer da escola uma das mais queridas de todos.

Seus enredos tinham poesia e propósito. Misturava história e afeto, Brasil e mundo, rua e palco, com uma sensibilidade rara. Era artista, pesquisadora, pensadora. Uma mulher à frente de seu tempo e que, mesmo assim, sempre fez questão de exaltar o tempo dos outros: o tempo da cultura negra, das tradições populares, do samba.

Neste momento de despedida, fica um vazio enorme. Mas também um orgulho imenso. De termos vivido no tempo dela. De termos visto, ano após ano, sua genialidade tomar forma na avenida. De sabermos que ela moldou toda uma geração de artistas, carnavalescos, apaixonados pelo samba.

Maria Augusta agora é estrela. Daquelas que brilham forte no céu do carnaval. O carnaval que ela ajudou a construir é muito mais do que desfile. É emoção, resistência, memória e sonho. Tudo isso… ela ensinou como ninguém.