A Vila Isabel virou a página. Depois de um 2025 difícil, com um samba que não tocou o coração da Sapucaí e a ausência no sábado das campeãs, a escola do bairro de Noel decidiu encarar 2026 com alma e um projeto que já emociona antes mesmo de virar alegorias e fantasias. Com o enredo “MACUMBEMBÊ, SAMBOREMBÁ. Sonhei que um Sambista Sonhou a África”, a Azul e Branco não apenas presta homenagem a Heitor dos Prazeres, ela convoca o passado, o presente e o sagrado para sonhar o carnaval que quer viver. * LEIA AQUI A SINOPSE DO ENREDO

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Foto: Divulgação/Vila Isabel

A chegada da dupla Gabriel Haddad e Leonardo Bora à escola simboliza mais do que uma troca de carnavalesco. Representa a abertura de um novo ciclo artístico, onde a estética se mistura à ancestralidade e à urgência de contar nossas histórias com verdade e coragem. O enredo é um mergulho profundo na raiz negra do samba, nas memórias que se fizeram tambor e nas imagens que Heitor eternizou com tintas, notas e versos. É mais que uma sinopse: é um convite à gira.

E onde a Vila apresentou esse sonho ao mundo? Na Pedra do Sal. Não poderia haver lugar mais simbólico. Ali, no coração da Pequena África, o anúncio do enredo virou ritual. Foi mais que divulgação. Foi afirmação. A escola foi à sua origem, olhou nos olhos dos ancestrais e afirmou: “estamos prontos para ouvir, cantar e recontar nossa história”.

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A escolha de Heitor dos Prazeres como fio condutor é potente. Ele não aparece como figura biográfica, mas como entidade inspiradora, mestre de cerimônias de uma África sonhada e real, pintada e vivida. A escrita sensível de Vinícius Natal, enredista da escola, transforma cada parágrafo em tambor. Lê-se o texto como quem escuta um ponto, um samba de roda, um chamado à memória. É macumba, samba, Brasil.

Mas para que esse sonho se realize de verdade, a Vila sabe que precisa de um samba-enredo à altura. Em 2025, esse foi o grande calcanhar de Aquiles. Agora, o enredo oferece uma paleta riquíssima de possibilidades: o título já canta como refrão: “Macumbembê, Samborembá”. É a senha para os poetas da Vila se debruçarem com respeito e emoção sobre a missão de criar uma melodia que faça jus ao poder da história contada. O samba precisa voltar a ser o coração pulsante da escola.

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A expectativa para o desfile é alta. Haddad e Bora já provaram que sabem costurar desfiles com impacto visual e profundidade temática. Com eles, a Vila deve ganhar uma assinatura estética nova, vibrante e coerente com seu enredo. Não se trata apenas de impressionar com alegorias, mas de emocionar com discurso, verdade, identidade.

A Vila Isabel acerta ao mirar longe. Sonhar a África de Heitor dos Prazeres é, no fundo, sonhar com a própria alma do carnaval. E se o sonho é o que nos move, que a escola volte a ser aquela que tira o fôlego da Sapucaí com canto forte, beleza arrebatadora e alma vibrando em cada ala.

Porque o samba, como dizia o próprio Heitor, nasceu da macumba. E é nesse reencontro com a fé, com a arte, com o povo, que mora a grande chance da Vila renascer ainda mais forte em 2026.

“Eu sou Heitor dos Prazeres. Heitor dos Prazeres é meu nome!”. Que a Vila também diga, em alto e bom som, seu nome no próximo carnaval.