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Foto: Wagner Rodrigues/Divulgação Imperatriz

A alma da Imperatriz Leopoldinense no Carnaval 2026 estará colorida de liberdade, coberta de brilho e com o corpo em movimento. Nas mãos afiadas do carnavalesco Leandro Vieira, a escola de Ramos mergulha no universo de Ney Matogrosso, um dos maiores nomes da nossa cultura, para construir o enredo, que recebeu o título de “Camaleônico”, e envolve poesia, transformação e provocação. Na sinopse, Ney não é apenas homenageado por sua trajetória musical. Ele é apresentado como figura fluida, atemporal, mutante. Um artista que transita entre o humano e o animal, entre o marginal e o sublime, entre a festa e a denúncia. Camaleônico, mas também pavão, lobisomem, fauno, serpente e cavalo alado. Ney aparece como potência de invenção e resistência, como o corpo possível de todas as contradições.

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O enredo mergulha na obra de Ney, evocando os discos fundamentais da carreira e a estética performática que redefiniu a presença masculina nos palcos brasileiros. De “Secos & Molhados” a “Bandido”, de “Água do Céu-Pássaro” a “Feitiço”, o texto se estrutura como uma costura de sons e imagens. Gera algo sensorial. Mas a proposta vai além do tributo musical. Leandro Vieira utiliza Ney como lente para narrar os corpos que escapam ao padrão: o andrógino, o bicho marginal, a bicha, o louco, o artista nu em sua ousadia.

Há, na sinopse, uma sofisticação rara: o texto não se satisfaz em descrever — ele deseja performar. A narrativa é construída com densidade poética, desafiando o leitor a sentir a farra, a provocação, o delírio e a intensidade que o Leandro Vieira pretende traduzir. Ney é, aqui, o estandarte de uma “festa ensolarada”, onde o erotismo, o drama e a liberdade coexistem sem censura. Como quem convida o público a “botar o bloco na rua”, o enredo nos lembra que o carnaval é corpo e expressão.

Sinopse do enredo da Imperatriz Leopoldinense para o Carnaval 2026

Ao anunciar o desfile como uma celebração dos “desgarrados”, o enredo da Imperatriz reafirma o carnaval como espaço de legitimação da diferença — o lugar onde o marginal vira centro, onde o censurado vira bandeira, onde o corpo nu vira fantasia. O texto é uma celebração da metamorfose como identidade, da liberdade como regra, da arte como transgressão.

Para quem acompanha o trabalho de Leandro Vieira, o enredo reafirma sua capacidade de criar desfiles com assinatura própria: visualmente arrebatadores, poeticamente densos e socialmente pulsantes. Para a Imperatriz, é mais uma oportunidade de mostrar que a escola tem força para unir ousadia artística e competitividade, com alma, beleza e discurso.

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