Reitora da Universidade Livre do Carnaval de Maricá, Evelyn Bastos compartilha o posto com o Vovô do Ilê e Milton Cunha. A rainha de bateria da Mangueira traz sua experiência de vida e acadêmica para comandar a instituição, que ela acredita poder ajudar diversos profissionais do carnaval de todo o país em diferentes áreas do saber e da indústria da festa. O CARNAVALESCO conversou com a recém-empossada reitora para falar sobre este novo desafio, a condução da UniCarnaval e possíveis parcerias com as ligas carnavalescas pelo Brasil.
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Para Evelyn, ser reitora na Universidade do Carnaval é uma grande honra, ao lado dos outros reitores, e representa a possibilidade de ver os profissionais do carnaval reconhecidos também por seus saberes, como costureiras e aderecistas, por exemplo, como forma de diplomar esse conhecimento empírico e gerar transformações na vida dos trabalhadores do carnaval.
“Para mim, é uma grande honra mesmo, porque é uma reitoria colegiada com dois homens por quem tenho muito apreço e que são grandes professores para mim. Em muitos encontros com o Milton Cunha, que é meu amigo, pudemos bater papos formais e informais, e em todos eles eu aprendi muito. Então, além de ser um grande amigo, ele é um professor para mim. E o Vovô do Ilê, que é um ativista em quem a gente se espelha muito, porque não estamos falando só de bravura — falamos de estratégia e de força. O Vovô é uma grande inspiração. Logo, para mim, é um presente estar em uma reitoria colegiada com esses dois super-homens. Agora vou ter a oportunidade de ver a tia Regina, a tia Bete, que são costureiras e costuram desde a adolescência, porque foram mães cedo e precisaram parar de estudar para poder criar seus filhos, sustentar a casa através da costura. E, como eu disse, na escola formal elas não teriam diploma, mas na Universidade do Carnaval, agora elas terão. Porque o saber empírico está sendo tão valorizado quanto o saber acadêmico. Não tenho como não acreditar que, em um momento como este, tia Ciata, tia Fé, tia Bibiana — grandes tias baianas que afiançaram e protegeram o samba — estão fazendo festa no outro plano. É uma noite de grande celebração, com muitos significados, que com certeza é um marco na história do samba, na história do carnaval, com o grande objetivo de impacto social e de transformação na vida dessas pessoas que constroem o carnaval. Sem essa gente valiosa, não tem desfile, porque são eles que constroem o desfile. Não tem o Giro da Baiana, não tem movimento. O carnaval é arte viva, e agora, com compromisso, estamos cuidando da indústria do carnaval através dessas pessoas, com compromisso e com muita responsabilidade”.
A rainha da Verde e Rosa também comentou sobre os cursos e aulas que a UniCarnaval vai oferecer, destacando a valorização do saber empírico na produção da festa.
“A universidade já está toda estruturada. Hoje foi o lançamento do site. Convido todos vocês a darem uma olhada. Temos cursos livres, cursos técnicos e cursos superiores. Os cursos livres possibilitam que todas as pessoas, independentemente da escolaridade, façam o curso que escolherem. Já estamos falando de um curso de corte e costura, que não depende de um nível de escolaridade. E temos muitas costureiras dentro dos barracões que não têm esse nível de escolaridade e sabem muito. Então, aqui na universidade, vamos certificar essas mulheres com seus saberes. Dando uma olhada no site, vocês vão ver vários cursos, vários modelos e metodologias para que possamos abraçar todas as pessoas, sem nenhuma discriminação, com toda a inclusão que o carnaval merece na Universidade do Carnaval”.
Por fim, a diretora cultural da Liesa falou sobre possíveis parcerias não só com a Liga das Escolas de Samba, mas também com outras ligas carnavalescas do Brasil, para auxiliar os profissionais de qualquer local do país na sua profissionalização através da instituição.
“O meu grande sonho é que os profissionais dos barracões que já atuam venham para a Universidade do Carnaval beber dessa experiência e se certificar como profissionais. Vamos conseguir, honradamente, carregar debaixo do braço o certificado como profissionais. Estamos abertos na Universidade do Carnaval, nossa reitoria, para conversar com todas as ligas. Queremos — é o nosso grande objetivo — começar a alinhar com as presidências das ligas. E, claro, estando dentro da Liga, tive a oportunidade de conversar com o Gabriel David, que está superaberto, como sempre, a estar com a gente, a fazer isso aqui dar certo. E, como já disse, estamos abertos para conversar com todas as ligas, porque queremos profissionalizar o carnaval da forma que ele merece”.