A ascensão do Camisa Verde e Branco a partir de 2023 é notável. Nove vezes campeão do Grupo Especial do carnaval paulistano, a agremiação estava, no ano citado, há onze anos no Grupo de Acesso I e conseguiu o retorno como vice-campeã daquela temporada. Em 2024, veio a manutenção no pelotão de elite de São Paulo. E, em 2025, com o enredo “O Tempo Não Para! Cazuza – O Poeta Vive”, inicialmente desenvolvido pelos carnavalescos Cahê Rodrigues e Leonardo Cata Pretta e concluído por uma Comissão de Carnaval, o Trevo conquistou a quinta colocação – que deu à escola da Barra Funda o direito de voltar ao Desfile das Campeãs, algo que não acontecia com a agremiação na primeira divisão da folia desde 2002. Para falar sobre o histórico resultado, o CARNAVALESCO conversou, na Dispersão após o Desfile das Campeãs, com Erica Ferro, presidente da instituição, e com João Victor Ferro, vice-presidente e diretor de carnaval da verde e branco.
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Pasta caprichada
Um dos segredos para que o Camisa tenha cumprido os objetivos traçados nos últimos anos, certamente, é o cuidado técnico com os detalhes. Um deles é a pasta entregue aos jurados com todos os detalhes da apresentação. Mesmo admitindo que o Trevo não tem o poderio financeiro de outras coirmãs, João Victor destaca a inteligência da agremiação ao preparar tal documento: “Eu acho que ficou muito claro para quem entende de carnaval e para quem estuda o regulamento que o Camisa sempre jogou de uma forma muito técnica. O Camisa era questionado por conta de beleza e por conta do luxo, só que o regulamento nunca pediu isso. Primeiro a gente levou essa leitura para dentro de casa e entendeu o que é que o jurado queria. E é isso que a gente entrega – e isso que a gente pode entregar. Teve até um veículo de mídia que falou que o Camisa foi muito bem nos módulos que não dependiam de grana, por sinal. E foi isso mesmo. Quando a gente voltou para o Grupo Especial, foi dessa maneira. Quando a gente se manteve no Grupo Especial, foi dessa maneira. E agora, essa ascensão para o quinto lugar, foi dessa maneira. Eu estou muito feliz, porque a gente ficou empatado com a então bicampeã do carnaval, só um décimo atrás empatado com os Acadêmicos do Tatuapé que está todo ano aí no Desfile das Campeãs. É daí para melhorar ainda mais”, refletiu.
O pensamento é endossado por Erica, que destacou não apenas a pasta em si, mas uma característica da gestão comandada por ela: “Tem que ser assim, o foco tem que ser o planejamento e na estratégia sempre. O Camisa é uma escola que, hoje, ainda tem algumas dívidas, ainda não conseguiu sanar todas as dívidas anteriores. A gente vem trabalhando dessa maneira e está dando certo”, comentou, também falando sobre a realidade orçamentária da instituição.
Barra Funda em festa
Há, ainda, uma característica importante em relação à aceitação da comunidade em relação ao modelo estratégico da instituição. Com desfiles antológicos na rica história alviverde, muitos podem pensar que o novo caminho pode incomodar alguns torcedores do Trevo. De acordo com a presidente, entretanto, todos estão na mesma sintonia: “A comunidade abraçou o projeto, a comunidade se fez presente e trabalhou bastante. Eu acho que isso foi o mais importante, a união com a comunidade. Muita gente que tinha saído voltou e a diretoria se uniu junto com a comunidade. Eu acho que isso ajudou muito”, comentou.
Já para 2026…
Ao ser questionado sobre novidades para 2026, João Victor se esquivou, mas deu um spoiler sobre o futuro da instituição: “Cada carnaval é um carnaval, cada projeto é um projeto. Eu não posso te falar sobre novidades ou sobre 2026 agora porque eu não sei o que é que vai vir pela frente. O que eu posso garantir é que a escola vai continuar jogando com o regulamento embaixo do braço. Se a regra é essa, a gente vai seguir e vamos ver o que vai dar”, cravou.
Já a presidente deixou todos na curiosidade: “Já temos algumas coisas para 2026, mas não pode adiantar nada ainda”, finalizou Erica.