A Unidos de Vila Isabel, que sempre foi sinônimo de excelência e dedicação, não conseguiu alcançar a nota máxima na categoria samba-enredo no Carnaval 2025. A nota de 9.8 foi atribuída à sua apresentação no desfile oficial. Ritmo, melodia e trechos inadequados levaram os jurados a não darem a nota dez. Veja detalhadamente as justificativas que definiram essa avaliação.
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“Despontuo 0,1 décimo em melodia pela presença recorrente de clichês melódicos e de frases menos elaboradas. Ex.: ‘Ê caboclo d’água’’até ‘’alma penada sambar’, ‘nas redondezas’ até ‘..parecia’ e de ‘solta o bicho’ até ‘vai te pegar’. Despontuo 0,1 em letra pelo uso de frases menos inspiradas, sem maior riqueza poética. Ex.: ‘quanto mais samba tocava mais defunto aparecia’, ‘batucada swingada de vampiros’, ‘povo do samba virado na bruxaria’ e ‘cara feia pra mim é fome’, justificou o jurado Alfredo Del-Penho.
O jurado Igor Fagundes diz que “O primeiro décimo de ṕonto decrescido se deve à inadequação de trechos ao enredo, cujo título é ‘Quanto mais eu rezo, mais assombração aparece’ em confuso desdobramento linguístico. O dito popular sugere que rezar não adianta, porque as assombrações só aumentam. Rezar seria, então, aí, uma ilusão para os males e problemas reais. A proposta do enredo é outra: as assombrações é que são ilusórias e o ‘rezar’ passa a tornar-se real quando equivalente a ‘sambar’ como ação que atrai fantasmas (‘quanto mais samba tocava, mais defunto aparecia’). Porém, no verso imediatamente anterior ‘nas redondezas, credo em cruz, Ave Maria’ parece estar ainda em vigor a potência de rezar como ação para afastar fantasma”.
Já a jurada Ana Paula Fernandes, justifica sua nota 9.8 a respeito da melodia. “A linha rítmico-melódica apresenta estrutura bastante linear. Apesar de ser perfeitamente adequado ao enredo (lúdico e desafiador), a narrativa carece de um fio condutor melhor desenhado”.
Alessandro Ventura, também jurado do quesito samba-enredo, declara em uma parte de sua justificativa que “a sequência narrativa (a viagem), o samba acabou perdendo em densidade e ‘beleza poética’. O investimento na temática do fantástico não foi capaz de por si só dar conta das necessidades da poética na letra do samba-enredo. A literalidade, o emprego direto dos recursos da linguagem na obra, alterou a beleza poética exigida no manual. A falha de destreza em lidar com as dimensões poético-narrativas em situação de paridade justifica a extração de 0,1 décimo”.
