Um desfile exemplar da bateria “Swingueira de Noel” da Unidos de Vila Isabel, comandada por mestre Macaco Branco. Um ritmo equilibrado, bem equalizado e com ótima fluência entre os mais diversos naipes foi exibido. Paradinhas com sonoridade bastante integrada ao samba da escola deram brilho musical à bateria da Vila.
Na cozinha da “Swingueira”, uma afinação sublime de surdos ajudou na equalização da bateria da Vila, além de permitir impacto sonoro graças ao peso das marcações. Marcadores de primeira e segunda forma firmes, mas tocando com segurança, além de precisão. Belíssimo trabalho envolvendo as terceiras da Vila Isabel, principalmente nas caprichadas participações nas frases musicais nas bossas. Repiques de boa técnica tocaram juntos de uma consistente ala de caixas de guerra com seu tradicional toque reto e de um naipe potente de taróis com sua genuína batida rufada. Um trabalho muito competente dos médios, adicionando profundidade musical à bateria vilaisabelense.
Na parte da frente do ritmo da Vila, um naipe de cuícas se apreendeu com solidez, ajudando a marcar o samba, contribuindo com um feijão com arroz bem temperado. Uma ala de chocalhos de extrema categoria coletiva tocou de forma uníssona interligados a um naipe de tamborins potente e ressonante. O louvável casamento musical entre tamborins e chocalhos na Vila Isabel foi o ponto alto do belíssimo trabalho envolvendo as peças leves.
Bossas profundamente conectadas à obra da escola do bairro de Noel foram exibidas. Arranjos que se aproveitaram do impacto sonoro provocado pela pressão dos surdos tradicionalmente pesados. Simplesmente sensacional o trabalho dos surdos de terceira fazendo frases musicais dentro das bossas, seguindo com classe e qualidade técnica as variações presentes na melodia para consolidar seu toque. Um conjunto de bossas para componentes dançarem, evoluírem e se sentirem impulsionados pelo grande trabalho de criação musical. A paradinha com sonoridade imitando o som de um trem fez sucesso pela dancinha dos ritmos, sem contar sua ligação com primeiro apelido da bateria da Vila Isabel. Ainda na década de 60, após vencer um concurso de ritmos de baterias no Maracanãzinho, a bateria de mestre Ernesto passou a ser culturalmente conhecida como Locomotiva de Noel, por fazer um autêntico ritmo no miudinho. Importante lembrar que mestre Ernesto que moldou e forjou a identidade musical da bateria da Vila, herdada e preservada pelo saudoso Amadeu Amaral, o grande mestre Mug. A retomada da bossa do trecho “Silêncio” tem um impacto sonoro expressivo, sem contar que o charme do arranjo é subir bem parecido como a bateria da Vila Isabel faz nos seus esquentas do setor 1 desde os tempos de Mug. Um leque de bossas não só conectado ao samba da Vila, mas a própria história musical da bateria.
Um desfile irrepreensível da bateria “Swingueira de Noel” da Vila Isabel, dirigida por mestre Macaco Branco. Um ritmo impactante, com boa pressão sonora do peso dos surdos, mas com bastante equilíbrio foi exibido. A apresentação no último módulo de julgador foi soberba, num cortejo da bateria da Vila que tem tudo pra gabaritar e talvez disputar eventuais prêmios.